Em uma semana em que se pensa que mais nada causará espanto, chamou a atenção do mundo a atitude da líder da cerimônia religiosa que fazia parte da programação da posse do presidente dos Estados Unidos.Num primeiro momento, pode-se imaginar que alguém, entre os responsáveis pelos festejos, cometeu uma grave falha. Por outro lado, é possível pensar que ninguém poderia prever que haveria uma pessoa ousada o suficiente para confrontar Trump daquela forma — serena e lúcida — e na frente de, literalmente, todo o mundo.A bispa episcopal de Washington, Mariann Edgar Budde, liderou a cerimônia por sua posição na hierarquia da igreja. Ela atua como líder espiritual de 86 congregações episcopais e dez escolas episcopais no Distrito de Columbia e em quatro condados de Maryland, sendo a primeira mulher eleita para esse cargo. Segundo sua biografia, divulgada pela Diocese, “Ela acredita que Jesus convida todos os que o seguem a lutar por justiça e paz e a respeitar a dignidade de cada ser humano. Para esse fim, a bispa Budde é uma defensora e organizadora em apoio a causas de justiça, incluindo equidade racial, prevenção da violência armada, reforma da imigração, inclusão total de pessoas LGBTQ+ e o cuidado da criação.”Ela também é autora dos livros Como Aprendemos a Ser Corajosos: Momentos Decisivos na Vida e na Fé, Recebendo Jesus: O Caminho do Amor e Reunindo os Fragmentos: A Pregação como Prática Espiritual.O mundo inteiro viu a bispa Mariann pedir misericórdia para homossexuais e imigrantes ao homem que se considera o mais poderoso do mundo. Em voz serena e firme, ela fez o que se espera de uma discípula do palestino Jesus de Nazaré: defendeu os mais fracos diante dos poderosos, sem medir consequências e sem se intimidar. Teve a coragem de pedir.A voz de Mariann ressoa:“Peço que tenha misericórdia, senhor presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora. E que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras a encontrar compaixão e boas-vindas aqui. Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra.”(…)“Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas.”Mais um episódio que demonstra não haver fronteiras entre religião e política, pois, afinal, não há fronteiras entre política e qualquer instituição humana. A religião, na maioria das vezes, é usada para oprimir, mas há um outro estadunidense que estabelece uma diferenciação importante. George Vaillant, psiquiatra e autor de Fé: Evidências Científicas, faz uma distinção simples entre religiosidade e espiritualidade. Em seu livro, ele afirma que a religião pode trazer consolo e libertação, mas também dor e opressão, enquanto a espiritualidade traz apenas consolo e libertação.A humanidade ganha quando encontra religiosos que cultivam a espiritualidade. Mariann Edgar Budde “é dessas”, uma pessoa “fora do padrão” em um mundo influenciado por um homem branco com ideias fascistas. Ela é mulher, idosa (65 anos) e não tem medo de pedir misericórdia.É claro que já está colhendo as consequências de sua ousadia. Foi pressionada publicamente a pedir desculpas por ter clamado por misericórdia em uma cerimônia que deveria apenas abençoar um governo implacável. Assessores da autoridade que deveria ter sido abençoada já divulgaram que uma pessoa como ela deveria ser deportada do “reino maravilhoso” dos Estados Unidos.O discurso da reverenda traz esperança, lembrando-nos de que, no mesmo dia em que começa o arbítrio, sempre começa a resistência.Nem todos dizem amém.
Nós, espíritas brasileiros, signatários desse documento, pedimos perdão aos povos originários do Brasil e do mundo pelas referências depreciativas, discriminatórias e preconceituosas presentes na vasta literatura espírita, que têm influenciado a mentalidade espírita contemporânea.Essas referências são fruto do contexto colonialista e eurocêntrico no qual as obras fundadoras do espiritismo foram produzidas, razão pela qual se apresentam carregadas dos conceitos científicos equivocados da época. Tais escritos, reiteradamente promovidos pelo movimento espírita, suas instituições e lideranças, têm perpetuado a discriminação e o preconceito ao longo das gerações e aceitos, muitas vezes, como verdades incontestes.Comprometemo-nos, portanto, a:1. atuar junto ao público espírita visando a reformular a visão distorcida a respeito dos povos originários do Brasil e do mundo como princípio de ação e reflexão e promover troca de saberes com esses povos, que somos nós, respeitando e entendendo suas cosmopercepções de mundo para uma experiência espiritual mais saudável e iluminada; e2. atuar social, política e juridicamente para que as editoras espíritas incluam prefácios e notas explicativas nas suas publicações, retificando essa visão depreciativa, exaltando a importância da cultura dos povos originários e reparando a sua dignidade.Além disso, reafirmamos nosso respeito às culturas e tradições espirituais dos povos originários, reconhecendo que a violência contra seus valores espirituais impacta muitas gerações e comprometendo-nos a defender seus direitos à terra, cultura e dignidade.Em 23/09/2024
Espíritas à Esquerda
Fronteiras do Pensamento Espírita
AEPHUS – Associação Espírita de Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais.
Fraternidade Espírita – Goiânia/GO
Abrepaz – Assoc. Brasileira Espírita de Dir. Humanos e Cultura de Paz
Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA)
Ágora Espírita
Seu nome
Seu estado (UF)
Sua cidade
Alayr R. Pessôa Filha
RJ – Rio de Janeiro
Maricá (Mary’ká)
Alexandre Júnior
PE – Pernambuco
Recife
Ana Carolina da Silva
RJ – Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Ana Paula Muzitano Santos
RJ – Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA)
RJ – Rio de Janeiro
Niterói
Brena Silva Ferreira
BA – Bahia
Salvador
Carla Guerra
SP – São Paulo
Santos
Carolina Abreu
DF – Distrito Federal
Brasília
Claudete Ribeiro de Araujo
PA – Pará
Parauapebas
Clovis A. Portes
MG – Minas Gerais
Ipatinga
Delma Crotti
SP – São Paulo
Santos
Deolinda Emilia Ferreira Santana
PA – Pará
Belém
Elias Marques da Costa
MG – Minas Gerais
Juíz de Fora
Elizabeth Barros
PE – Pernambuco
Recife
Eva Gonçalves de Almeida
SP – São Paulo
Sumaré
Fábio Santos
GO – Goiás
Goiânia
Felipe de Menezes Tavares
PE – Pernambuco
Arcoverde
Felipe Pedro Leite de Aragão
PE – Pernambuco
Tuparetama
Flavio Carneiro Bello
RS – Rio Grande do Sul
Porto Alegre
Gastão Cassel
SC – Santa Catarina
Florianópolis
Genedilson Gomes de Souza
ES – Espírito Santo
Vila Velha
Gislaine Costa Pereira
SC – Santa Catarina
São José
Guilherme
RJ – Rio de Janeiro
Vassouras
Helcio dos Santos Rodrigues
RJ – Rio de Janeiro
Niterói
Herta Franco
SP – São Paulo
São Paulo
Ivã Silva Alakija
BA – Bahia
Salvador
Ivon Ferreira Martins
SP – São Paulo
Embu das Artes
Jacira do Espírito Santo silva
SP – São Paulo
Barueri
Jane Eyre Goncalves Vieira
GO – Goiás
Goiânia
Jordelene de Oliveira Nascimento
GO – Goiás
Itapirapuã
Jumara dos Santos Lourenço
RS – Rio Grande do Sul
Bage
Jussara Lourenço
RS – Rio Grande do Sul
Bagé
Leidiene
BA – Bahia
Salvador
Lucas Primani
SP – São Paulo
Araraquara
Lúcia Barbosa Ximenes
MG – Minas Gerais
Três Corações
Luciana Pires Pansani
SP – São Paulo
Campinas
Luciana Ribeiro da Silva
ES – Espírito Santo
Vila Velha
Marcelo José de Sousa
SP – São Paulo
São Paulo
Marcelo Teixeira
RJ – Rio de Janeiro
Petrópolis
Marcio Sales Saraiva
RJ – Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Maria Angela paraíso rocha
ES – Espírito Santo
Serra
Maria Cristina Camin
MG – Minas Gerais
Uberlândia-MG
Maria Cristina Vianna de Giácomo
RJ – Rio de Janeiro
Mendes
Maria Eunice Rocha Vale
DF – Distrito Federal
Brasília
Mariela Bier Teixeira
RS – Rio Grande do Sul
Canoas
Mario Fontes
BA – Bahia
Salvador
Mônica Mendes
BA – Bahia
Salvador
MOVE – Movimento Pela Ética Animal Espírita
RJ – Rio de Janeiro
Niterói, RJ
Paula de Mesquita Spinola
SP – São Paulo
São Paulo
Paula Hubner
SP – São Paulo
São Paulo
Paulo Casasanta Filho
MG – Minas Gerais
Ibirité
Rafael van Erven Ludolf
RJ – Rio de Janeiro
Niterói
Ricardo Andrade Terini
SP – São Paulo
São Paulo
Ricksom Igor Dantas da Silva Marques
RN – Rio Grande do Norte
Parnamirim
Roberto Caldas
RS – Rio Grande do Sul
Porto Alegre
Rosana Esteves
RJ – Rio de Janeiro
Rio De Janeiro
Rosângela de Souza Vilaça
MG – Minas Gerais
Belo Horizonte
Rosangela Fideles Coelho Avelino
GO – Goiás
Goiânia
Roseana Mendes Marques
RJ – Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Samuel Vieira Nunes
CE – Ceará
Orós
Sandra Cardoso
BA – Bahia
Salvador
Sergio Mauricio Pinto
BA – Bahia
Salvador
Silvia
TO – Tocantins
Palmas
Silvia Schiedeck
SC – Santa Catarina
Balneário Gaivota
Solange Marreiro de Souza
SP – São Paulo
Serra Negra
Susete Assis Campos
DF – Distrito Federal
Brasília
Suzana Leão
RS – Rio Grande do Sul
Novo Hamburgo
Tatiana Pires Maia
MG – Minas Gerais
Belo Horizonte
Telma
ES – Espírito Santo
Vitória
Thiago Lima de Moura
SP – São Paulo
São Paulo
Valdir Bibiano de Souza
SP – São Paulo
Serra Negra
Valnei Francisco de França
PR – Paraná
Curitiba
Vanessa Abreu
DF – Distrito Federal
Brasilia
Vera Lucia
MG – Minas Gerais
Juiz de Fora
Wandy Branquinho Borges Xavier
GO – Goiás
Goiânia
Willian Higa
RJ – Rio de Janeiro
Maricá
Zenaide Neves Arantes
GO – Goiás
Goiânia
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No dia 13 de julho de 2024, Brasília sediou o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, reunindo diversos palestrantes comprometidos com a integração dos princípios espíritas e a luta por justiça social. Dentre os destaques, a palestra de Atena Roveda – por meio de videoconferência – sobressaiu-se pela profundidade de suas reflexões e pelo tocante depoimento pessoal sobre sua experiência de exclusão numa casa espírita.Atena Roveda participou do III ENEE por vídeo conferência.
Inclusão e justiça social no espiritismo
Atena Roveda, professora, ativista social, escritora, pensadora espírita e suplente de vereadora em Porto Alegre pelo PSOL, abriu sua palestra destacando a importância da inclusão e da justiça social dentro das práticas espíritas. Ela citou Allan Kardec para reforçar seu ponto de vista, afirmando que “a verdadeira caridade é aquela que se estende a todos, sem distinção de raça, credo ou condição social”. Roveda enfatizou que o espiritismo, por sua natureza humanitária e progressista, deve ser um catalisador de mudanças sociais que promovam a igualdade e a justiça.Ao longo de sua fala, Atena argumentou que a caridade, embora fundamental, precisa ser complementada por ações que visem a transformar as estruturas sociais injustas. Citando Léon Denis, ela declarou: “Não basta aliviar o sofrimento; é necessário também atacar as causas que o produzem”. Para Roveda, os espíritas têm a responsabilidade moral de se engajar em lutas sociais e políticas que visem à construção duma sociedade mais justa e fraterna.
Depoimento pessoal de exclusão
Um dos momentos mais emocionantes da palestra foi o depoimento pessoal de Atena Roveda sobre sua própria experiência de exclusão numa casa espírita. Ela relatou como, devido à sua condição de mulher transexual, suas opiniões políticas e seu engajamento em causas sociais, foi afastada duma instituição espírita que frequentava. “Foi um período doloroso”, confessou Atena, “mas também foi um momento de grande aprendizado. Percebi que, infelizmente, há ainda muitos preconceitos e resistências dentro do próprio movimento espírita.”Esse relato pessoal tocou profundamente os presentes, evidenciando a necessidade urgente de maior abertura e inclusão dentro das instituições espíritas. Atena destacou que o espiritismo, sendo uma doutrina de amor e caridade, deve acolher e respeitar a diversidade de pensamentos e ações que visam ao bem comum.
Espiritualidade e ativismo
Roveda concluiu sua palestra enfatizando a conexão intrínseca entre espiritualidade e ativismo. Para ela, a prática espírita deve necessariamente envolver-se com as questões sociais e políticas de seu tempo, buscando sempre promover o bem-estar e a dignidade de todos. “O Reino de Deus, como nos ensinou Jesus, é construído aqui e agora, através de nossas ações em prol da justiça e da fraternidade”, afirmou Atena, citando o evangelho.A palestra de Atena Roveda no III Encontro Nacional da Esquerda Espírita foi um chamado poderoso para que os espíritas se engajem mais profundamente nas lutas por justiça social e inclusão. Sua combinação de argumentos teóricos e experiência pessoal trouxe à tona a necessidade de uma prática espírita mais aberta, acolhedora e comprometida com a transformação social.
Durante o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, realizado em 13 de julho de 2024, Fábio Mariano da Silva, representando o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, trouxe à tona questões centrais sobre a interseção entre espiritualidade e justiça social. Em sua palestra, Fábio Mariano destacou a importância de uma abordagem prática e ativa na luta pelos direitos humanos, alinhando os princípios do espiritismo às ações concretas de transformação social.Fábio Mariano representou o MDHC no III ENEE.
Espiritualidade e Ação Social
Fábio Mariano iniciou sua apresentação ressaltando que a espiritualidade não pode ser dissociada da luta por justiça social. Segundo ele, “os ensinamentos de Allan Kardec nos convocam a atuar em prol dos mais vulneráveis, a combater as injustiças e a promover a igualdade”. Mariano enfatizou que a verdadeira prática espírita deve ir além da caridade individual, engajando-se em ações coletivas que promovam mudanças estruturais na sociedade.
O Papel dos Espíritas na Luta por Direitos Humanos
Mariano argumentou que os espíritas têm um papel fundamental na defesa dos direitos humanos e na promoção de políticas públicas inclusivas. “Nossa espiritualidade deve nos mover a agir, a lutar pelos direitos dos mais oprimidos e a construir uma sociedade mais justa”, afirmou. Ele destacou a importância de os espíritas se envolverem em movimentos sociais, sindicatos e outras formas de organização que lutem pela justiça social.
Educação e Conscientização Política
Um ponto central da palestra foi a defesa da educação e da conscientização política como ferramentas essenciais para a transformação social. Fábio Mariano citou Paulo Freire, enfatizando que “a educação popular é um caminho para a emancipação, permitindo que as pessoas compreendam suas capacidades e direitos”. Ele incentivou os espíritas a promoverem espaços de discussão e aprendizagem que despertem a consciência crítica e política nas comunidades.
Políticas Públicas e Inclusão
Representando o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Fábio Mariano destacou as iniciativas do governo em promover políticas públicas que defendam os direitos das minorias e promovam a inclusão. “É nosso dever, enquanto espíritas e cidadãos, apoiar e colaborar com essas políticas, atuando de forma incisiva na defesa dos direitos humanos”, afirmou Mariano. Ele mencionou que a atuação conjunta entre sociedade civil e governo é crucial para alcançar mudanças significativas e duradouras.A palestra de Fábio Mariano da Silva no III Encontro Nacional da Esquerda Espírita foi um chamado à ação para que os espíritas progressistas se engajem mais profundamente nas questões sociais e políticas. Mariano concluiu sua apresentação reforçando que a prática espírita deve ser um reflexo dos princípios de igualdade e fraternidade, atuando ativamente na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. “A transformação social começa com cada um de nós, unidos em prol de um mundo melhor”, finalizou.
Asssita a íntegra da palestra de Fábio Mariano da Silva:
No dia 13 de julho, Elias Moraes, sociólogo e pesquisador espírita, participou do III Encontro Nacional da Esquerda Espírita em Brasília, apresentando uma palestra que destacou a importância da educação popular e da conscientização política no combate às injustiças sociais.
Educação Popular como Ferramenta de Transformação
Elias foi palestrante no III Encontro Nacional da Esquerda Espírita.Elias Moraes iniciou sua palestra abordando fazendo uma contextualização histórica do pensamento de Allan Kardec. A seguir abordou a pedagogia de Paulo Freire, enfatizando a educação popular como um instrumento fundamental para a emancipação social e política. Ele destacou que a educação deve ir além da mera transmissão de conhecimento, promovendo a conscientização e o empoderamento das comunidades. Para Moraes, a educação popular é essencial para que as pessoas compreendam suas capacidades de transformar a sociedade e atuar politicamente.
Conscientização Política e Participação Ativa
Moraes argumentou que os espíritas devem se engajar ativamente em movimentos sociais e políticos para combater as desigualdades. Ele enfatizou que a simples caridade não é suficiente e que é necessário um esforço coletivo para promover mudanças estruturais. A participação em conselhos comunitários, sindicatos e outras formas de organização social é vista como crucial para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Espiritismo Progressista e Justiça Social
A palestra também focou na necessidade de um espiritismo progressista, alinhado com os princípios de igualdade e fraternidade. Moraes defendeu que os espíritas devem se posicionar contra todas as formas de discriminação e opressão, incluindo racismo e sexismo. Ele mencionou as iniciativas do Coletivo Espíritas à Esquerda, como as edições antirracistas das obras de Allan Kardec, que promovem debates críticos e progressivos sobre essas questões.
Superação das Injustiças Sociais
Moraes enfatizou que a luta contra as injustiças sociais requer um esforço contínuo e coletivo. Ele argumentou que para alcançar uma sociedade mais justa, é necessário buscar uma transformação estrutural, além das reformas pontuais. Esse processo envolve a atuação direta em políticas públicas e a conscientização das pessoas sobre seus direitos e deveres como cidadãos.Elias Moraes concluiu sua palestra incentivando os espíritas a assumirem um papel mais ativo na política e na sociedade. Ele reforçou que a prática espírita deve ir além da caridade individual e incluir a luta por justiça social e pelos direitos humanos. Moraes destacou a importância da educação popular e da participação ativa como ferramentas essenciais para a transformação social, alinhadas com os princípios do espiritismo.
No dia 13 de julho, em Brasília, o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita reuniu diversos pensadores e ativistas para discutir temas relevantes à construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Entre os palestrantes, destacou-se Keka Bagno, Assistente social, mestra em políticas públicas (UnB) e umbandista.
Espiritismo e Ação Social
Keka Bagno iniciou sua apresentação discutindo como o espiritismo, enquanto doutrina de amor e caridade, deve engajar-se ativamente nas questões sociais e políticas. Ela enfatizou que os ensinamentos de Jesus, conforme interpretados pelo espiritismo, são fundamentalmente alinhados com a luta pela justiça social e pelos direitos humanos. Para Bagno, a prática espírita deve ir além das ações individuais de caridade, buscando mudanças estruturais que beneficiem toda a sociedade.
Participação Política e Educação Popular
Bagno destacou a necessidade de os espíritas se envolverem diretamente em espaços de decisão política, como movimentos sociais, sindicatos e conselhos comunitários. Ela argumentou que a participação ativa é crucial para promover políticas públicas que combatam a desigualdade e promovam a justiça social. A vereadora também ressaltou a importância da educação popular, inspirada nas ideias de Paulo Freire, como um meio de empoderar as comunidades e fomentar a conscientização política.
Feminismo e Direitos Humanos
Durante a palestra, Keka Bagno abordou temas como o feminismo e a descriminalização do aborto, afirmando que esses assuntos estão alinhados com os princípios espíritas de respeito e valorização da vida. Ela enfatizou que a luta pelos direitos das mulheres e por uma sociedade mais igualitária é uma extensão natural da prática espírita. Bagno argumentou que os espíritas devem ser defensores ativos dos direitos humanos, utilizando sua influência para promover mudanças positivas na sociedade.Keka Bagno concluiu sua palestra incentivando os espíritas a assumirem um papel mais ativo na política e na sociedade. Ela reforçou que a verdadeira prática espírita envolve não apenas a caridade, mas também a luta contínua por justiça social e pelos direitos humanos. Bagno destacou a importância de uma atuação coletiva e organizada para alcançar um mundo mais justo e fraterno.
No dia 13 de julho de 2024 aconteceu em Brasília o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, promovido pelo coletivo Espíritas à Esquerda. Na abertura o membro da coordenação nacional da organização, Sergio Mauricio Pinto, leu o manifesto que discorre sobre o tema do evento: O Reino: um outro mundo é possível – O que cabe aos espíritas?
Sergio Maricio Pinto leu o texto de referência do Encontro.
Veja abaixo a íntegra do texto referência do Encontro.
Espíritas, o que nos cabe?
Nesse sábado, dia 13 de julho, aqui na sede do Sindicato dos Bancários do DF, em Brasília, os espíritas progressistas à esquerda estão mais uma vez reunidos para refletir e dialogar sobre o que cabe aos espíritas na tarefa inadiável de construir uma sociedade mais justa, fraterna e com dignidade e abundância para todas e todos, uma nova sociedade que foi nomeada por Jesus como “O Reino”, uma sociedade que não é desse mundo de opressão, miséria e injustiças.Nesse encontro, que é o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, o Coletivo Nacional Espíritas à Esquerda apresenta a tese de que para a construção dessa nova sociedade, que é necessariamente uma construção coletiva e não de mera transformação individual, é fundamental o investimento público em educação com base na formulação freireana de conscientização social e política, formando jovens e adultos para a intensa participação política em suas comunidades locais e nas instâncias formais, como representações em conselhos, sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos e parlamentos de todas as esferas de poder.Não será possível superar os graves problemas dessa sociedade tão injusta e opressora apenas por meio de ações e reformas pontuais sempre sujeitas a serem desfeitas na primeira oportunidade em que os donos do poder formal encontram quando se sentem minimamente ameaçados em seus ganhos e privilégios, principalmente com aliados tão poderosos como o grande capital nacional e internacional e a imprensa hegemônica sempre disposta a implodir as poucas e voláteis conquistas sociais de trabalhadoras e trabalhadores.E, afinal, qual seria o papel dos espíritas nesse projeto de transformação social? Aos espíritas, propõe-se, caberia a formulação de projetos de educação popular na sua base estimada de mais de 15 milhões de frequentadores de instituições espíritas pelo país, apesar de os dados do Censo de 2010 apontarem cerca de 4 milhões de adeptos formais. E esses projetos deveriam principalmente focar na formação social e política do sujeito espírita, com o uso do extenso manancial de discussões políticas e sociais disponível nos textos neotestamentários, nas obras kardecistas e noutras de autores espíritas progressistas diversos com importantes reflexões sociais e filosóficas a partir da visão espírita da realidade.As instituições espíritas se tornariam, assim, um farol iluminando os caminhos para a consecução do projeto do “Reino” anunciado por Jesus e ecoado pelos espíritos que auxiliaram Kardec; esse mundo de paz, justiça e fraternidade seria o objetivo primacial de casas e grupos espíritas e suas ações deveriam focar-se nesse projeto que é, ao mesmo tempo, de fé na superação das mazelas humanas, libertador das opressões diversas a que os indivíduos estão submetidos e de esperança profunda no futuro da experiência humana nesse mundo. E nada seria mais espírita do que essa experiência mística e concreta, porque utópica e motivadora de ação coletiva, para a realização do anúncio do “Reino” entre nós.O espiritismo seria, então, uma das ferramentas possíveis para a formação de militantes da fraternidade, aqueles sujeitos que entenderiam seu importante papel na árdua tarefa de transformar esse mundo. Assim, mais do que discutir veleidades transcendentes e dissociadas da concretude da vida humana, alienando a consciência do sujeito imortal por meio de tolas expectativas e projetos individualistas no além-túmulo, o espírita desse novo paradigma transformador do mundo e da humanidade estaria pronto para entender vivamente sua realidade espiritual concreta, suas experiências coletivas e a firme compreensão de que sua transformação pessoal não se dará senão pela ação na transformação da realidade social, numa relação dialética imbricada entre espírito imortal e mundo real.E isso só se dará por meio da ação educativa conscientizadora promovida em toda a sociedade e, em particular, no seio do movimento espírita. É esse o espiritismo que sonham os progressistas à esquerda, um espiritismo que cumpra sua função inexorável de conscientizar e politizar seus adeptos e seguidores, sob o risco de ele sucumbir sob os ardis daqueles indiferentes ou interessados que sustentam e promovem opressão, desigualdades e desamor.Prontos para mudar esse mundo e auxiliar na construção do “Reino”?Há muito o que fazer. À luta, espíritas!
Em um movimento significativo para o espiritismo brasileiro, o Coletivo Espíritas à Esquerda (EàE) lançou, no dia 13 de julho, o livro “O que é Espiritismo – Edição Antirracista” durante o 3º Encontro Nacional da Esquerda Espírita (III ENEE). Este evento, realizado em Brasília, DF, reuniu diversos membros da comunidade espírita para debater temas progressistas sob o tema “O Reino: um outro mundo é possível – O que cabe aos espíritas?”.3º ENEE aconteceu em Brasília.Esta publicação é o terceiro volume da Coleção Antirracista das obras de Allan Kardec, iniciativa do EàE que busca promover um debate crítico e atualizado sobre o racismo dentro do movimento espírita. Anteriormente, foram lançadas as edições antirracistas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, em 2022 e 2023, respectivamente.O prefácio do novo livro destaca a importância de reconhecer e enfrentar os preconceitos históricos presentes na literatura espírita. Citando trechos da Revista Espírita de outubro de 1861, Allan Kardec afirmou que o espiritismo, ao valorizar a inteligência sobre a matéria, faz com que desapareçam as distinções baseadas em vantagens corporais e mundanas, incluindo os preconceitos de cor. Esse espírito de progresso e superação de preconceitos é o cerne do projeto do EàE.Na nova edição, o coletivo apresenta comentários explicativos e antirracistas aos dois trechos apontados pelo Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2007 entre editoras espíritas e o Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA), que identificou 106 trechos em 21 obras de Kardec com possíveis conteúdos discriminatórios. O objetivo é reparar o sofrimento de pessoas negras que enfrentam racismo em instituições espíritas e estimular um debate antirracista mais amplo no movimento espírita.O livro está disponível para download gratuito aqui no site. O EàE espera que essa iniciativa contribua para uma leitura crítica e progressiva das obras de Kardec, promovendo uma reflexão mais profunda e ações concretas contra o racismo estrutural.Clique na imagem para baixar o livro gratuitamente.
Prefácio do Livro
O prefácio de “O que é Espiritismo – Edição Antirracista” reforça a necessidade de abordar criticamente ostextos de Kardec, destacando a importância de atualizar a compreensão espírita à luz dos avanços das ciências e da filosofia dos séculos XX e XXI. Ele argumenta que as contribuições de Kardec devem ser vistas como parte de um conhecimento progressivo, aberto a novas descobertas e críticas, e não como dogmas inquestionáveis.Os comentários antirracistas apresentados no livro estão inseridos em quadros destacados, logo após os trechos originais indicados pelo TAC. Isso permite que os leitores reflitam sobre as questões propostas e promovam diálogos antirracistas em seus grupos e casas espíritas. O objetivo é avançar o pensamento espírita em relação ao racismo e à luta antirracista, em consonância com a proposta progressiva do espiritismo de Allan Kardec.A iniciativa do Coletivo Espíritas à Esquerda é um passo importante na promoção de um espiritismo mais inclusivo e justo. Ao lançar a edição antirracista de “O que é Espiritismo” durante o III ENEE, o coletivo reafirma seu compromisso com a reparação histórica e a construção de um movimento espírita mais consciente e engajado na luta contra o racismo.
No próximo dia 13 de julho, acontecerá o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, promovido pelo Coletivo Espíritas à Esquerda. O evento, que ocorrerá na sede do Sindicato dos Bancários do DF, em Brasília, é gratuito e contará com transmissão ao vivo pela internet.Este encontro tem como objetivo reunir espíritas progressistas para discutir e refletir sobre o papel dos espíritas na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, conforme os princípios ensinados por Jesus e ampliados pelos espíritos que auxiliaram Kardec. A proposta central do evento é fomentar a conscientização social e política, seguindo a abordagem freireana, para promover uma participação intensa e ativa em comunidades locais, conselhos, sindicatos, movimentos sociais e parlamentos.Acredita-se que a superação das injustiças sociais não pode ser alcançada apenas por meio de reformas pontuais, mas requer um esforço coletivo e contínuo de educação e conscientização. Nesse contexto, os espíritas progressistas podem desempenhar um papel crucial ao desenvolverem centros de educação popular, focados na formação política e social de seus frequentadores.
Programação
Manhã (9h-12h)
Tema: Reflexões sobre a ideia do Reino, uma nova sociedade justa e fraterna.
Palestrantes:
Keka Bagno (PSOL-DF) – Assistente social, mestra em políticas públicas (UnB) e umbandista.
Elias Inácio de Moraes (Aephus) – Sociólogo e pesquisador espírita.
Sergio Mauricio Pinto (EàE) – Filósofo e engenheiro eletricista.
Fábio Mariano da Silva (MDHC)
Tarde (14h-17h)
Tema: Ações práticas para a implantação do Reino.
Palestrantes:
Atena Roveda (PSOL-RS) – Vereadora de Porto Alegre e autora.
Mulheres do Espíritas à Esquerda – Discutirão feminismo, descriminalização do aborto e direitos humanos.
Coordenação nacional do Espíritas à Esquerda – Lançamento do terceiro livro da Coleção Antirracista de Kardec.
Inscrições
Data: 13 de julho de 2024
Local: Sindicato dos Bancários do DF, Brasília
Inscrições: Gratuitas e disponíveis através do linkSympla
O evento convida todos os espíritas e interessados a participarem desta reflexão e ação coletiva em prol de um mundo mais justo e fraterno. Não perca a oportunidade de contribuir para a construção do “Reino” anunciado por Jesus.
Momentos de aflição como o que vivemos por conta das enchentes do Rio Grande do Sul povoam a imaginação dos espíritas com explicações fenomênicas. Tenta-se explicar “espiritualmente” os acontecimentos, buscando um sentido ou uma interpretação para o que acontece. Em geral, aponta-se o dedo para cima e denomina-se “flagelo de Deus” o que ocorre aqui na Terra.Não são raros os discursos fantasiosos, especialmente em desencarnes coletivos, que atribuem a dor ou a morte a uma espécie de punição ou ajuste de contas por atos de vidas anteriores. De passagem, lembro do absurdo propagado quando do incêndio da Boate Kiss, também no estado do sul: houve quem dissesse que os jovens vitimados teriam sido soldados nazistas no passado. Haja imaginação e falta de compaixão!Há dois problemas nas visões fenomênicas: primeiro, a atribuição a Deus de um caráter justiceiro e vingativo; segundo, a abstração das consequências das ações humanas sobre o planeta.Afirmar que tragédias e sofrimentos são expressões da vontade de Deus é incompatível com a concepção de sua bondade. A verdadeira natureza benevolente de Deus não se alinha com o desejo de causar dor ou aflição a seus filhos. Ao contrário, Ele é frequentemente visto como o consolador nos momentos de tragédia, oferecendo conforto e esperança aos que sofrem. Atribuir eventos trágicos à vontade de Deus é uma interpretação simplista que não considera a complexidade da existência humana e o livre-arbítrio que Ele concedeu a todos os humanos.Muitas vezes, as tragédias, especialmente aquelas de natureza ambiental, são o resultado direto da ação imprudente do homem. A exploração irresponsável dos recursos naturais, a poluição desenfreada e as mudanças climáticas causadas pela emissão excessiva de gases de efeito estufa são apenas alguns exemplos de como as atividades humanas podem desencadear catástrofes devastadoras. Essas ações muitas vezes refletem uma desconexão com a natureza e uma falta de consideração pelas futuras gerações. Portanto, ao invés de atribuir tais eventos à vontade de Deus, é crucial reconhecer o papel significativo que as escolhas humanas desempenham na criação ou prevenção de tragédias. É um chamado à responsabilidade coletiva e à adoção de práticas sustentáveis para preservar nosso planeta e proteger nossas comunidades da destruição desnecessária.Se buscarmos escritos de Kardec encontraremos em “O livro dos espíritos”, questão 740, que “Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.” Prestemos atenção que o fundador do espiritismo não fala que as tragédias em si são algum tipo de reação, somente que elas surgem como oportunidade e desafio, jamais como castigo ou coisa do gênero.A emergência climática é um fato presente que desafia a humanidade a alterar o rumo da sua relação com o planeta. Há milhares de estudos e dados científicos que demonstram a deterioração da Terra, com milhares de espécies animais e vegetais próximas da extinção, e a própria atmosfera em colapso pela emissão incessante de gases nocivos a ela. O desequilíbrio ambiental chega a nós como notícia de inúmeras tragédias: enchentes, estiagens, ondas de calor ou de frio, incêndios florestais, tempestades etc.É muito comum que se atribua à vontade de Deus este sofrimento. Mas quem recorre à divindade para justificar os fenômenos destruidores fecha os olhos para o que os humanos têm feito com o meio ambiente, num modo de relacionamento com a natureza de mão única, em que só se tira dela, sem nenhum respeito à sua integridade.Ainda em “O livro dos espíritos”, Allan Kardec traz uma resposta dos espíritos quando ele questiona se a Terra produz bastante para fornecer aos homens o necessário: “A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no necessário”.É evidente, se considerarmos Kardec, que as sociedades humanas extraem da natureza muito mais do que precisam. Esta mistura de ganância, concentração de bens e rendas e injustiça social nos legou este mundo de desconforto e sofrimento que, do ponto de vista ambiental e social vive a plena insustentabilidade.Por isso, os momentos de comoção como as enchentes do Rio Grande do Sul devem ser vistos objetivamente como tragédias anunciadas e que os desafios de caridade, perseverança, resiliência e superação –sejam de atingidos ou de voluntários e doadores– sejam sempre revestidos pela reflexão e o sentimento coletivo de que precisamos rever nossa relação com a natureza.– Texto publicado originalmente no Informativo Nosso Lar de Junho de 2024.