Adoramos brincar de Polliana e desejar feliz Ano Novo sem pensar no quanto é inócuo tal desejo.
Na boa, não há nenhum dado objetivo que indique o tal “feliz 2020”.
Questão de Fé? Pode ser.
Mas a minha fé é RACIOCINADA.
A fé cega nos trouxe ao CAOS EM 2019.
Aliás, a fé cega tem permitido o afloramento do pior do espírito humano.
E tem justificado, ao longo de toda a história, uma infinidade de barbaridades, cometidas em nome de Deus ou do capital ou da ideologia dominante, dependendo de qual fé cega se professe.
Viramos o ano com um caos ambiental sem precedentes, sem solução à vista e sem tempo hábil para reverter seus efeitos;
Crises humanitárias (fome crônica e guerras) e geopolíticas (golpes e intervenções nas soberanias nacionais) espalhadas por todo o globo ou todo o plano, para os terraplanistas;
Uma nova guerra fria, agora TRI-polar, com três potências imperialistas (EUA, China e Rússia) com o dedo no gatilho;
No meio do fogo cruzado, países pobres, pilhados pelos impérios em suas riquezas efetivas e potenciais e manobrados ao sabor dos humores do Deus Mercado e dos Senhores da guerra;
A ascenção do neonazismo em diversos países, inclusive o nosso, promovida, estimulada ou, no mínimo, tolerada pelos próprios agentes que o combateram na segunda guerra mundial, dependendo dos interesses em jogo, caso a caso.
Como falar em Feliz Ano Novo para uma humanidade envelhecida em seus valores e embrutecida nos seus métodos?
Como acreditar num mundo de Malalas e Gretas, com figuras como Trumps e Bannons ocupando postos-chave nos centros de decisão do planeta?
Como acreditar que sairemos bem dessa encruzilhada da história, quando vidas não importam mais que dinheiro e poder? Quando somos todos cobaias num laboratório onde se testa o limite da sobrevivência da própria espécie no planeta?
O pior é ver que isso tudo não é ficção nem teoria da conspiração.
O Brasil, de povo dócil e manipulável, ignorante e inerte, com oposição perdida como um cego em tiroteio, é um laboratório onde foi testado e aprovado o método. É a prova cabal da toxicidade dessa fórmula.
Temos extrema-direita, fundamentalistas cristãos, milicianos, sistema judiciário e narcotraficantes “juntos e ao vivo”, comemorando, no poder, o Réveillon do Armageddon.
E desejamos Feliz Ano Novo?
Ano Novo, por si só, é uma construção do imaginário. Uma formalidade para marcar o tempo.
Deveríamos nos preocupar em marcar épocas. E épocas novas não se definem pela marcha do tempo, mas por mudanças significativas no conjunto de conhecimentos acumulados, que têm implicações no desenvolvimento da tecnologia, tanto quanto na compreensão da natureza e na própria consciência da condição moral, ética e social humana, que se reflete nas atitudes, valores e relações entre os indivíduos, as culturas, os povos e as nações.
Vivemos tempos difíceis, com tendências claras a piorar.
Desejar Feliz Ano Novo não é suficiente.
Ter “Fé em Deus” e achar que tudo vai se resolver num passe de mágica ou uma “intervenção divina” é uma auto-ilusão perigosa e preguiçosa.
Fazer do mundo um lugar melhor é tarefa nossa!
Esta FÉ CEGA é faca amolada e vai nos conduzir ao CAOS e à extinção, seja por omissão covarde ou por ações efetivas de autodestruição.
Uma FÉ RACIOCINADA nos levaria a resultados melhores.
É o tipo de fé que o próprio princípio inteligente perfeito, criador e organizador do universo, que podemos chamar de Deus, Tupã, Alá, Natureza ou o que for (fica ao gosto do freguês, isso também não é importante), depositou na espécie humana, quando a colocou como inquilina neste planeta.
É isso mesmo que estou dizendo: O CRIADOR TEVE FÉ NA ESPÉCIE HUMANA!
E a dotou de três ferramentas-chave: CONSCIÊNCIA DE SI MESMA, INTELIGÊNCIA E LIVRE ARBÍTRIO.
A FÉ RACIOCINADA nos leva a deduzir, com o uso da lógica, que temos um problema comum a resolver: CONSTRUIR AS CONDIÇÕES MATERIAIS DE SUSTENTAÇÃO PERMANENTE E HARMONIOSA NO PLANETA, tanto entre os indivíduos da espécie quanto entre estes e as demais espécies e o próprio planeta.
Em termos científicos, garantir a sustentabilidade; para os mais “fervorosos”, fazer da Terra uma das “muitas moradas da casa do Pai”.
Mas esta construção tem um longo caminho e muitos requisitos a cumprir, que vão do respeito e observância às regras de “manutenção da casa” e convivência pacífica, harmoniosa e produtiva com os demais “inquilinos” do planeta, até a superação das mazelas morais e éticas, individuais ou coletivas, da própria espécie humana, superando os “defeitos básicos” do egoísmo, usura, avareza, inveja (veja a lista completa na Bíblia, no Alcorão, no Talmude, nos Vedas, no Bhagavad Gita e similares) e seus efeitos diretos: a exploração humana, a escravidão, a miséria, as doenças, a ignorância, a fome, os preconceitos de toda ordem, a concentração de riquezas etc.
Nada disso se resolve rezando. A oração é apenas uma ferramenta para aproximar a pessoa do seu criador e recarregar as baterias para a AÇÃO A DESENVOLVER.
AÇÃO é a palavra-chave.
Não se constrói com inércia uma humanidade justa e unida na consciência de si mesma, o que também pode ser chamada de COMUNISMO OU REINO DE DEUS, ao gosto do freguês.
No fim, Construir uma Sociedade sem Classes ou uma Sociedade baseada no amor ao próximo, superar o capitalismo ou evoluir espiritualmente pela supressão do egoísmo, são formas diferentes de dizer a mesma coisa, com jargões de grupos que ainda não entenderam que lutam lado a lado.
É preciso lutar e trabalhar interna e externamente para construir uma consciência de que individualidades não sobrevivem permanentemente em detrimento das coletividades.
Não se acaba com a miséria explorando o homem; não se superam a fome e as doenças investindo em armamentos e destruindo o planeta; não se vence as violências sem educação e cultura.
São as ATITUDES que tomamos diante das mazelas, a indignação ativa diante do sistema vigente, que nos definem como indivíduos e como coletividades.
Em última análise, definem se sobreviveremos como espécie ou se seremos uma APOSTA PERDIDA.
Voltando ao Assunto, melhor será desejar FELIZ ATITUDE NOVA PARA TODOS.