Espíritas, o que nos cabe?

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3º ENEE aconteceu em Brasília.

No dia 13 de julho de 2024 aconteceu em Brasília o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, promovido pelo coletivo Espíritas à Esquerda. Na abertura o membro da coordenação nacional da organização, Sergio Mauricio Pinto, leu o manifesto que discorre sobre o tema do evento: O Reino: um outro mundo é possível – O que cabe aos espíritas?

Sergio Maricio Pinto leu o texto de referência do Encontro.

Veja abaixo a íntegra do texto referência do Encontro.

Espíritas, o que nos cabe?

Nesse sábado, dia 13 de julho, aqui na sede do Sindicato dos Bancários do DF, em Brasília, os espíritas progressistas à esquerda estão mais uma vez reunidos para refletir e dialogar sobre o que cabe aos espíritas na tarefa inadiável de construir uma sociedade mais justa, fraterna e com dignidade e abundância para todas e todos, uma nova sociedade que foi nomeada por Jesus como “O Reino”, uma sociedade que não é desse mundo de opressão, miséria e injustiças.

Nesse encontro, que é o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, o Coletivo Nacional Espíritas à Esquerda apresenta a tese de que para a construção dessa nova sociedade, que é necessariamente uma construção coletiva e não de mera transformação individual, é fundamental o investimento público em educação com base na formulação freireana de conscientização social e política, formando jovens e adultos para a intensa participação política em suas comunidades locais e nas instâncias formais, como representações em conselhos, sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos e parlamentos de todas as esferas de poder.

Não será possível superar os graves problemas dessa sociedade tão injusta e opressora apenas por meio de ações e reformas pontuais sempre sujeitas a serem desfeitas na primeira oportunidade em que os donos do poder formal encontram quando se sentem minimamente ameaçados em seus ganhos e privilégios, principalmente com aliados tão poderosos como o grande capital nacional e internacional e a imprensa hegemônica sempre disposta a implodir as poucas e voláteis conquistas sociais de trabalhadoras e trabalhadores.

E, afinal, qual seria o papel dos espíritas nesse projeto de transformação social? Aos espíritas, propõe-se, caberia a formulação de projetos de educação popular na sua base estimada de mais de 15 milhões de frequentadores de instituições espíritas pelo país, apesar de os dados do Censo de 2010 apontarem cerca de 4 milhões de adeptos formais. E esses projetos deveriam principalmente focar na formação social e política do sujeito espírita, com o uso do extenso manancial de discussões políticas e sociais disponível nos textos neotestamentários, nas obras kardecistas e noutras de autores espíritas progressistas diversos com importantes reflexões sociais e filosóficas a partir da visão espírita da realidade.

As instituições espíritas se tornariam, assim, um farol iluminando os caminhos para a consecução do projeto do “Reino” anunciado por Jesus e ecoado pelos espíritos que auxiliaram Kardec; esse mundo de paz, justiça e fraternidade seria o objetivo primacial de casas e grupos espíritas e suas ações deveriam focar-se nesse projeto que é, ao mesmo tempo, de fé na superação das mazelas humanas, libertador das opressões diversas a que os indivíduos estão submetidos e de esperança profunda no futuro da experiência humana nesse mundo. E nada seria mais espírita do que essa experiência mística e concreta, porque utópica e motivadora de ação coletiva, para a realização do anúncio do “Reino” entre nós.

O espiritismo seria, então, uma das ferramentas possíveis para a formação de militantes da fraternidade, aqueles sujeitos que entenderiam seu importante papel na árdua tarefa de transformar esse mundo. Assim, mais do que discutir veleidades transcendentes e dissociadas da concretude da vida humana, alienando a consciência do sujeito imortal por meio de tolas expectativas e projetos individualistas no além-túmulo, o espírita desse novo paradigma transformador do mundo e da humanidade estaria pronto para entender vivamente sua realidade espiritual concreta, suas experiências coletivas e a firme compreensão de que sua transformação pessoal não se dará senão pela ação na transformação da realidade social, numa relação dialética imbricada entre espírito imortal e mundo real.

E isso só se dará por meio da ação educativa conscientizadora promovida em toda a sociedade e, em particular, no seio do movimento espírita. É esse o espiritismo que sonham os progressistas à esquerda, um espiritismo que cumpra sua função inexorável de conscientizar e politizar seus adeptos e seguidores, sob o risco de ele sucumbir sob os ardis daqueles indiferentes ou interessados que sustentam e promovem opressão, desigualdades e desamor.

Prontos para mudar esse mundo e auxiliar na construção do “Reino”?

Há muito o que fazer. À luta, espíritas!

VEJA A LEITURA DO TEXTO DE REFERÊNCIA:

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