Do primarismo à esperança

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A esperança do Brasil. Foto de Ricardo Stuckert.

O presente momento nos conclama a afiar os olhares, porque é hora de colocar em prática as teorias assimiladas no Evangelho, e ter olhos de ver.

A esperança do Brasil. Foto de Ricardo Stuckert.

O globo oscila entre erros e acertos, deixando legados de ensinamentos a partir dos resultados palpáveis das escolhas humanas, entre o bem e o mal existem inúmeras variáveis; chamemos consequências, descobertas, aprendizados, e percebamos a evolução buscando a humanidade nestes ciclos históricos, ou seja, a divindade está aqui, mas nem sempre temos visto dessa forma.

Vendo este Brasil que se desnuda primário, recuperemos a trajetória interrompida para valorizarmos ainda mais os acertos, em benefício irrestrito à vida.

Não é possível falar em caminhada evolutiva no mundo material sem levar em conta os aspectos políticos dessa movimentação sociológica, antropológica, econômica, científica, espiritual.

De território colonizado a país civilizado, sofre o Brasil grandes assédios morais oriundos das marcas de predação profundamente retalhadas na representação psicossocial de sua construção formal. Mas a vontade do seu povo é elemento decisivo no avanço ou no retrocesso das mentalidades.

Quando Luís Inácio da Silva vestiu a pobreza de esperança, houve rugir de dentes nas profundezas dos oligopólios e as potestades se aproximaram para interferir, usando para isso forças armazenadas nas estruturas. Um único homem não poderia governar um país e modificá-lo na raiz secular, mas teve determinação suficiente para possibilitar a um povo, ascensão intelectual, que por mínima que possa ter sido, moveu placas internas nas bases do inconsciente coletivo.

Houve um tempo, e eu vivi para escrever sobre ele como testemunha, no qual o povo brasileiro não resumia sua vida e sua energia apenas à manutenção das necessidades primárias.

Este passo é demasiado significativo no resumo cultural e vibracional de um povo. Esta brecha de iluminação político-cultural permitiu que olhássemos com atenção especial para as mazelas históricas, e cuidássemos não apenas de aplacar as feridas abertas, mas evitar abrir feridas novas.

Os direitos humanos se tornaram respeitados. Chegando, inclusive, muito perto de possuir peso legítimo nos processos sociais complexos, merecendo investimentos públicos e incentivos. Neste desenrolar, minorias cresceram a representatividade e as energias contrárias a este perfil evolutivo articularam o retorno ao cenário condutor, utilizando os instrumentos que há cinco séculos aprenderam a manejar, coagindo e usurpando.

Eis que a base esteve mal alimentada, e o maná do conhecimento não saciou a contento as fomes ontológicas. As referências mais fortes ainda são as mais violentas. Os condutores do atraso sabem reabrir feridas identitárias e plantar medo, porque dominam as técnicas do obscurantismo, fanatismo e servilismo.

Queda política. Voltamos a acender o fogo a lenha e lamentar. Mas já não somos o mesmo povo de antes. Aquelas placas remexidas não voltarão ao lugar superado e a sede de futuro impulsionará uma movimentação mais firme, e o que não é possível prever com segurança ainda é a capacidade de retrocesso dos que estão no poder formal, pois são afeitos ao uso de recursos sanguinários e talvez, por isso, seja tempo de olharmos com mais intensidade para os caminhos passados, identificando os acertos entre os muitos erros.

A esperança ainda mora no Brasil.

Coluna Sociologia espírita por Ana Claudia Laurindo

Leia a coluna anterior clicando aqui.

Publicado no Facebook em 23 de junho de 2019.

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