Espíritas à Esquerda vira tema de monografia na UFRGS

Estudo acadêmico analisa o coletivo e sua contribuição para um espiritismo engajado e antirracista

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O coletivo Espíritas à Esquerda acaba de ganhar um espaço importante no meio acadêmico: foi tema de uma monografia de graduação apresentada no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), uma das mais prestigiadas do país. A pesquisa, assinada por Luana Matos dos Reis, investigou como o coletivo tem promovido uma leitura progressista do espiritismo, articulando fé, justiça social e política.

Intitulada “Manifestações públicas do coletivo Espíritas à Esquerda”, a monografia foi defendida no Departamento de Antropologia e lança luz sobre o papel do EàE como um agente de ruptura dentro do movimento espírita brasileiro, historicamente marcado por tendências conservadoras e apolíticas.

Um espiritismo que sai do gabinete e entra na luta

O estudo parte de uma constatação provocadora: embora a doutrina codificada por Allan Kardec contenha fortes elementos de ética social e compromisso com o progresso da humanidade, o espiritismo brasileiro se consolidou, em grande parte, como uma prática assistencialista e distante do debate político. O coletivo Espíritas à Esquerda surge como uma exceção a essa regra – e é exatamente isso que chama a atenção da pesquisadora.

Luana analisa a atuação pública do coletivo nas redes sociais, com destaque para o Instagram, onde o EàE compartilha reflexões doutrinárias à luz de pautas como o antirracismo, os direitos humanos, a equidade de gênero e o combate à desigualdade. A pesquisa também considera as edições antirracistas das obras de Allan Kardec, projeto pioneiro do coletivo, como expressões concretas de uma militância doutrinária com os pés fincados na realidade social do Brasil.

Espiritismo com consciência social

Um dos pontos mais relevantes apontados pela monografia é o fato de o EàE não abandonar a base kardecista, mas reinterpretá-la a partir de um olhar comprometido com os grupos historicamente oprimidos. Ao invés de relativizar ou contornar trechos polêmicos, o coletivo escolhe confrontar e contextualizar, com intervenções críticas que abrem espaço para a reparação histórica e o diálogo.

Para Luana, o coletivo representa “uma experiência inovadora de articulação entre religião e política no campo espírita”, que desafia a hegemonia conservadora e propõe uma nova forma de viver a espiritualidade: mais ativa, mais coletiva e mais justa.

Repercussão e caminhos

A presença do Espíritas à Esquerda como objeto de pesquisa em uma universidade pública é sinal claro de que a atuação do coletivo está ultrapassando os muros virtuais e ganhando relevância social. Mais do que isso, indica que há um campo fértil para o diálogo entre espiritualidade e ciência, fé e justiça, mediunidade e movimento.

Ao final do trabalho, a autora conclui que o coletivo contribui para “ampliar os debates no campo religioso”, e aponta caminhos para um espiritismo comprometido com as demandas do presente e com a construção de um futuro mais igualitário.

VEJA AQUI A MONOGRAFIA COMPLETA

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