Pesquisa Datafolha sobre religião

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pesquisa Milton Medran Moreira – Jornal Opinião Pesquisa Datafolha publicada nos primeiros dias de 2020 confirmou tendência que se acentua desde as últimas décadas do século XX: a passos largos, as religiões evangélicas no Brasil ameaçam a supremacia do catolicismo. Hoje, 31% dos brasileiros se declaram evangélicos. Os católicos, que já representaram 99% da população, são apenas 50%, enquanto que os “sem religião”, categoria praticamente inexistente nas pesquisas mais antigas, já somam 10% de nossa população. A “religião espírita” continua aparecendo em terceiro lugar no ranking das “crenças” dos brasileiros, com 3%, índice no qual estaciona há décadas.

A vez dos progressistas

A conjugação desses três fatores –crescimento dos evangélicos, diminuição dos católicos e aumento dos sem religião– permite vislumbrar um quadro animador para quem, como nós, sustenta uma filosofia livre pensadora, não religiosa, mas espiritualista. O catolicismo formatou a civilização ocidental e, ao curso destes dois milênios, apesar de resistências internas, mostrou-se hábil para acompanhar suas mudanças culturais. Especialmente a partir das últimas décadas do século XX, a Cúria Romana tem demonstrado capacidade de modernização, com a ação de líderes progressistas, como o é o atual pontífice. Palavras atribuídas a Francisco, em cena do filme “Os dois papas”, num diálogo com o conservador Bento XVI, traduzem essa preocupação: “Parece que já não pertencemos a este mundo. Uma igreja que não casa com sua era se tornará viúva na próxima era”. Ou seja: o atual chefe do catolicismo, por seu pensamento e ações, lidera um processo de secularização da Igreja, aproximando-a da sociedade laica, não religiosa.

Católicos, mas nem tanto

Dentre os 10% que se dizem sem religião, muitos são espiritualistas laicos, que sustentam um pensamento progressista, apto a identificar na proposta espírita sua visão de mundo. Bastará, para tanto, que o espiritismo renuncie a seu perfil religioso e se torne capaz de “casar-se” com as tendências da nova era. Mesmo no seio do catolicismo, milhares de pessoas admitem os princípios espíritas. Uma pesquisa de 2007 da própria Datafolha registrava que 44% dos católicos brasileiros acreditavam na reencarnação. Costumo dizer que, hoje, se alguém se postar em frente a uma Igreja e perguntar, na saída da missa, se os fiéis creem na reencarnação obterá mais de 50% de respostas afirmativas. O próprio papa tem externado conceitos que se chocam com a tradicional doutrina cristã e coincidem com a teoria espírita. Recente artigo do teólogo Leonardo Boff reproduz esta frase atribuída a Francisco: “Deus não conhece uma condenação eterna, pois perderia para o mal. E Deus não pode perder”.

Terreno neutro

Na mesma medida em que o catolicismo se seculariza e mantém em seus quadros almas abertas ao progresso, o fundamentalismo cristão migra para as religiões pentecostais e neopentecostais. Nessa polarização, deixa de existir espaço, no Brasil, para a “religião espirita”, surgida no meio católico e que herdou muito do conservadorismo do qual este busca se libertar. Conclusão: ou o espiritismo reassume o perfil que lhe foi delineado por Kardec, de “terreno neutro” entre as religiões, deixando de se apresentar como uma delas, ou continuará figurando com escassa pontuação estatística, mesmo nos países onde tem maior representatividade, como no Brasil. Seu potencial de crescimento está nos segmentos dos “sem religião” e dos católicos progressistas. (Texto publicado na coluna Opinião em Tópicos dos jornais OPINIÃO, do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, e ABERTURA, do Instituto Cultural Kardecista de Santos, edições de janeiro e fevereiro/2020)

A cafajestagem bolsominion

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Parece que a grande imprensa, aquela já bem conhecida como PIG (Partido da Imprensa Golpista), como dizia PHA no seu “Conversa Afiada”, está indignada com a situação política e econômica em que se encontra o país. Seus editoriais, comentários e opiniões convergem a um único ponto: a repulsa sistemática a tudo o que se relaciona ao abjeto bolsonarismo. Esse movimento certamente não se dá por conta de pruridos morais ou preocupações sociais, mas tão-somente por causa de interesses econômicos da elite contrariados. O “Posto Ipiranga” não consegue entregar o combinado, enquanto seu chefe, o líder da quadrilha de milicianos, parece entreter-se em minar seu próprio (des)governo. Nesse caos social, econômico e político, o país parece prestes a derrapar no abismo da insurreição e do enfrentamento de poderes. Com receio das consequências, a elite, sem solução imediata a suas demandas, e por meio do seu porta-voz, o PIG, prefere retirar do jogo político sua aposta anterior e arriscada, o fascismo, e lutar por mudanças. Só não contava com a resistência dos fascistas. Como diria Marx, também citado no texto abaixo, “a história se repete como farsa”, mas os que cabularam as aulas de história não perceberam isso… Paulo Brondi – Blog do Juca Kfouri

A cafajestagem bolsominion

Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe ajuste melhor. Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia. Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os únicos cafajestes, o problema seria menor. Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro sua imagem e semelhança? Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha… Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade. Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes. Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem, pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo. Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda. Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros a colocaram na banqueta do poder. Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: ‘não basta dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la’. Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor. Bolsonaro não é ‘avis rara’ da canalhice. Como ele, há toneladas Brasil afora. A claque bolsonarista, à semelhança dos ‘dezembristas’ de Luís Bonaparte, é aquela trupe de ‘lazzaroni’, muitos socialmente desajustados, aquela ‘coterie’ que aplaude os vitupérios, as estultices do seu ‘mito’. Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado. Autodenominam-se ‘politicamente incorretos’. Nada. É só engenharia gramatical para ‘gourmetizar’ o cretino. Jair Messias é um ‘macho’ de meia tigela. É frágil, quebradiço, fugidio. Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si próprio. E, como ele, há também outras toneladas por aí. O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados, de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuleia cuja existência carecia até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito. O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde. Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista. Jair Messias Bolsonaro é a parte podre de um país adoecido. Publicado no Facebook em 21/2/2020.

Bolsonaro está fazendo as jornalistas de direita descobrirem que machismo não é mimimi

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Todos ficamos horrorizados com as declarações e insinuações dos elementos da familícia em relação à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo.

Muitas de suas colegas da grande imprensa, corretamente, manifestaram-se indignadas contra tal postura do clã miliciano.

Entretanto, esse posicionamento, por tão novo e específico, soa mais à hipocrisia corporativista do que exatamente à luta feminista.

Cynara Menezes, do blogue Socialista Morena, traz-nos algumas reflexões sobre essa “novidade feminista” entre as jornalistas da grande imprensa que, não podemos jamais esquecer, protagonizou os ataques misóginos à presidenta Dilma Rousseff e participou ativamente do golpe perpetrado contra seu governo.

Ou, como disse a própria Cynara em seu texto, o mundo dá voltas, mesmo que existam os que propaguem o terraplanismo…

Vale a leitura.

ele nao

Bolsonaro está fazendo as jornalistas de direita descobrirem que machismo não é mimimi.

Cynara Menezes – Socialista Morena (Veja publicação original e completa aqui) O mundo dá voltas, e não é porque agora existe gente que acredita ser a Terra plana que ele irá parar de girar. Há um aspecto convenientemente pouco comentado no golpe jurídico-midiático que derrubou Dilma Rousseff em 2016: a misoginia. Dilma se tornara, em 2010, a primeira mulher presidenta do Brasil, após uma campanha suja em que chegou a ser chamada de ‘assassina de criancinhas’ pela mulher do rival, José Serra. Digo presidenta? Pois: o primeiro ato de machismo contra Dilma na imprensa comercial foi se recusarem a reconhecer o termo, perfeitamente dicionarizado tanto em língua portuguesa quanto em língua espanhola. […] Na posse de Dilma para o segundo mandato, Miriam Leitão e Cora Rónai, do jornal O Globo, se divertiram zombando do vestido e até do ‘andar’ da presidenta. […] Parece incrível, mas são as mesmas jornalistas que agora mostram indignação e surpresa com esta triste figura ocupando o lugar que já foi de Dilma. ‘Onde está a reação das instituições?’, bradava a colunista Vera Magalhães, do Estadão, sobre as insinuações de Bolsonaro em relação à repórter Patricia Campos Mello, da Folha, atacada pelo mitômano Hans River na CPMI das Fake News. Nem parecia a mesma Vera que chamava de ‘mimimi’ as queixas de mulheres da esquerda sobre machismo e que participou ativamente do golpe que fragilizou as instituições democráticas do país –e agora cobra ‘reação delas’. Que instituições, querida? Thais Herédia, da CNN Brasil, se espantava: ‘Como chegamos até aqui?’ É sério que jornalistas com anos de profissão nas costas foram tão ingênuas para não prever como seria um governo Bolsonaro, que já dava mil pistas de quem era durante os 28 anos em que foi parlamentar? Até a Madonna sabia e vocês não? […] O presidente de extrema direita conseguiu curar do antifeminismo furioso até Rachel Sheherazade. Quem te viu… […] O mais absurdo dessa história é que, alvo do preconceito de gênero, as jornalistas de direita continuam a se insurgir contra… as feministas. ‘Cadê as feministas?’, provocam, cada vez que sua indignação seletiva é ativada por algum sinal de machismo, mas apenas no campo adversário, a esquerda. Como se o machismo, exatamente como defende a esquerda, não fosse estrutural da sociedade. Parem de cobrar das feministas ação contra o machismo que vocês mesmas ajudaram a levar ao poder. Nós sempre estaremos lá, do lado das vítimas, nunca dos algozes. Não é porque mulheres se alinharam a machistas para golpear outra mulher que iremos abandoná-las quando se tornarem vítimas deles. Mas não deixa de ser uma lição e tanto. Publicado no Facebook em 21/02/2020.

Demofobia

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paulo guedes Demofobia é o ódio ao povo, ao pobre. Demofobia é o que o sinistro da economia, o investigado pelo TCU. Paulo Guedes por graves suspeitas de golpe no sistema financeiro, demonstra a cada dia em suas declarações estapafúrdias e inconsequentes. Num país minimamente decente, esse asqueroso e incompetente senhor estaria demitido e indiciado por vários crimes. Mas, no novo país governado por fascistas e milicianos, esse asqueroso e incompetente senhor representa o elã dessa gentalha. Triste é ver pelas redes sociais alguns espíritas afamados defendendo esses escroques, que hoje falam abertamente em seu projeto de aumento da desigualdade social e levantam a bandeira da demofobia sem quaisquer escrúpulos ou constrangimentos. Manter a empregada doméstica dependente das doações de cesta básica do centro espírita faz parte desse projeto demofóbico e arrogante. Para o movimento espírita progressista, a ideia central é levar a empregada doméstica e todos os demais desvalidos da nossa sociedade a serem completamente livres dessa barganha imoral, que busca manter o status quo social duma elite rapace, chamada “caridade”. Olha no que deu o espiritismo… Publicado no Facebook em 13/2/2020

A necropolítica em estado puro

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necropolítica O (des)governo de milicianos e corruptos, que tem na morte seu foco primacial de política pública, a necropolítica bolsonarista, renuncia a impostos, na ordem de R$ 10 bilhões por ano, de empresas que produzem e vendem agrotóxicos. Isso mesmo que você leu: empresas que envenenam os alimentos que chegam à mesa do brasileiro e destroem sua saúde ganham isenções de impostos do governo federal. Um prêmio pela morte e pela doença do brasileiro. Para comparação, o orçamento do seu maior programa habitacional, o “Minha Casa, Minha Vida”, terá disponível para investimentos em 2020 o pífio valor de R$ 2,7 bilhões, o menor de sua história. O orçamento total previsto para o Ministério do Meio Ambiente tocar suas ações contra os ataques ao meio ambiente nacional também será de R$ 2,7 bilhões. Isso inclui as ações contra as queimadas na Amazônia, a destruição do Pantanal e da Mata Atlântica, dentre outras importantes ações desse órgão federal. O programa de construção de cisternas do governo federal, que leva água à população sertaneja, hoje sob responsabilidade do Ministério da Cidadania, prevê executar em 2020 o valor de R$ 129,3 milhões, sendo que, em 2019, esse valor foi de apenas R$ 67 milhões. Ainda para comparação, o valor que o SUS (Sistema Único de Saúde) gastou com tratamento de pacientes com câncer em 2017 foi de R$ 4,7 bilhões. Não é mais possível que a sociedade brasileira continue a suportar tamanha delinquência e necrofilia. E é inadmissível que espíritas apoiem essa catástrofe política nacional. #ForaBolsonaro

As notícias:

Renúncia de impostos de venenos e o orçamento previsto para o meio ambiente. Orçamento do “Minha Casa, Minha Vida”. Programa Cisternas Publicado no Facebook em 12/2/2020

Apenas uma carta

O camarada Elton Rodrigues escreveu na página do Coletivo Espírita Anísio Spínola Teixeira uma carta com reflexões acerca dos caminhos da esquerda e que é reproduzida a seguir. Vale a leitura. carta

Apenas uma carta

Elton Rodrigues – Coletivo Espírita Anísio Spínola Teixeira Camaradas, irmãs e irmãos, escrevo essa carta aos que almejam uma real transformação do movimento espírita. Hoje, talvez mais agudo do que qualquer outro momento da história pós-ditadura do espiritismo brasileiro, há uma divisão entre os que defendem o status quo e os que querem mudanças significativas na sociedade. Realizando um recorte e visualizando de mais perto o grupo dos insatisfeitos veremos, nitidamente, estratificações multivariadas. Reflexões sobre como alcançar tão sonhada união entre essas estratificações é antiga, e pouco conseguimos avançar nessa área. Muitas teorias, muitos textos e poucas ações reais. Não quero ser mais um falando sobre a importância da união dos progressistas, para o freio das ideias e práticas conservadoras, sem sugerir formas para que esse objetivo seja alcançado. Gostaria de indicar sugestões para que os espíritas progressistas, dos que se localizam ao centro até aos mais radicais – na melhor interpretação da palavra, possam trabalhar juntos. 1) É necessário que haja amadurecimento intelectual de todos sobre o termo radical. Ser radical, por exemplo, não significa que este grupo deseja a luta armada. Análises superficiais, sobre a história das lutas da esquerda mundial, não ajudam em uma possível aproximação. 2) Defender a importância das eleições não significa que há passividade ou ingenuidade. Como proposta de reflexão, imaginemos o Congresso Nacional atual sem as bancadas dos partidos mais à esquerda. O estrago seria bem maior. 3) O estudo é importante, mas não podemos ficar apenas nas reflexões históricas buscando contextualizações com o tempo presente. O mundo não mudará apenas com análises. É necessária e fundamental a aproximação com o povo, com os trabalhadores urbanos e rurais! E como fazer essa aproximação?
  1. a) Só conseguiremos abrindo espaços. O movimento deve ser nosso. Não adianta achar que depois de várias horas de trabalho, de engarrafamento, de alimentação fugaz, o povo, em grande número, terá forças para novos deslocamentos, buscando estudos aprofundados sobre a luta contra o capitalismo.
  2. b) Nós é que devemos buscar o povo! Favelas, mangues, ruas, onde o povo estiver, temos que estar. Apoiando, ouvindo, auxiliando no que for possível. E sem catequizar!
  3. c) A aproximação sempre será profícua se estiver atrelada ao afeto. Afeto verdadeiro. Acredito que esse seja o ponto mais importante.
4) É necessária a criação de grupos de estudos que estejam atrelados à prática no mundo. Não adianta ficarmos apenas mergulhados nos textos, é necessário praticar – testando – aquilo que parece lógico. Será que funciona na vida real? Se não funciona, tem como melhorar a tática? Como? Enfim, será na prática que veremos que os desejos, os acertos e os erros dos progressistas, em seus diversos estratos, estão mais próximos do que imaginamos. Nosso inimigo maior é o mesmo, mas não venceremos essa guerra colocando todas as nossas forças para enfrentá-lo diretamente sem o apoio popular. Nosso objetivo deve ser o povo! Sem o povo não conseguiremos modificar nada. E quais são os anseios do povo, vocês sabem? Temos que ouvir mais e falar menos. Temos que trabalhar mais e divagar menos. E quando o debate surgir, não há espaço para melindres infantis. A luta é coletiva e, nesse caso, o esforço por alcançarmos a tão sonhada equiparidade social deve ter maior destaque do que as birras e outras atitudes infantis. Vamos lutando, companheiros e companheiras, na construção das raízes que possibilitarão a real transformação do movimento espírita, e da própria sociedade, pelas gerações futuras. Publicado no Facebook em 11/2/2020.

Os vendilhões do templo

vendilhoes templa O movimento espírita conservador e interessado, bem representado por federações e grandes casas espíritas, tem-se especializado na promoção de eventos sempre pagos pelo público, desvirtuando sua finalidade primacial que é o atendimento aos que mais necessitam. E o pior, além de preços por vezes inalcançáveis para o público em geral nesses eventos de e para a elite espírita, muitos dos afamados médiuns, palestrantes e dirigentes têm-se tornado verdadeiros mercadores da fé, usando o espaço da casa espírita para arrebanhar clientes para o seu lucrativo negócio de atendimento psicológico, terapêutico e de outras bizarras formas de atendimento, além do absurdo nicho de mercado da orientação de autoajuda –o “coach” espiritual–, fazendo da casa espírita seu local privilegiado de propaganda. É preciso colocar o dedo nessa ferida, pois a casa espírita e suas estranhas federações são hoje local de comércio e de astúcia profissional. O coletivo “Espíritas à esquerda” coloca como uma de suas premissas para quaisquer dos seus eventos a inscrição gratuita. E recomenda a todos que o procuram a se afastarem dessa estranha gente que ganha dinheiro em cima da miséria alheia e falando em nome do espiritismo. Em crítico texto sobre isso, o camarada Franklin Félix faz uma reflexão sobre essa mancha que se espraia feito um carcinoma moral no âmago do movimento espírita. Não se conseguiu identificar a autoria da imagem que acompanha essa postagem. Quem souber, favor informar para que se possa dar o crédito merecido. A íntegra do texto de Felix está aqui. Publicado no Facebook em 5/2/2020.

O que os espíritas sabem sobre ditadura militar e sofrimento?

Nesse texto sensível da Ana Cláudia para o Repórter Nordeste, ela nos fala sobre a necessidade de se conhecer o tenebroso momento histórico vivido pelo país durante a ditadura militar e a incoerência dos bolsoespíritas em relação a esse período.
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O que os espíritas sabem sobre ditadura militar e sofrimento?

Ana Claudia Laurindo Publicado originalmente em Repórter Nordeste Já falei sobre isso e volto a falar: entre todas as experiências que tive em reuniões mediúnicas, uma das mais marcantes vem de uma sequência semanal de comunicações de espíritos vitimados pelas práticas de tortura levadas adiante pelo governo do Brasil, no período reconhecido como ditadura militar. Eles eram trazidos para conversar comigo, pois naquela mesa o próprio dirigente recusava empatia a tais espíritos, costumando despejar seus próprios juízos de valor sobre a responsabilidade deles mesmos na sorte que os acolhera. Mas eu os ouvi com sensibilidade, sim. Conhecia a história, acreditava nela e acima de tudo, me solidarizava com os relatos de quem conheceu na carne que um dia vestiu, a tirania máxima da força. Muitos deles ainda não estavam em paz, apresentavam revolta e descrença, outros em estado de semi-demência se acreditavam ainda presos. A ética e a humanidade doída me impedem de relatar detalhes das torturas que lhes foram impostas, por seres que pareciam humanos, mas eram apenas soldados em uma guerra contra irmãos. Houve tortura promovida pelo estado brasileiro, que perseguiu e matou muitas pessoas por causa de escolhas políticas de caráter societário e humanitário, sim! Sou testemunha das comunicações mediúnicas de algumas destas vítimas, sim! E como cidadã brasileira e espírita, não pude jamais coadunar com as políticas de um presidente que louva o maior torturador reconhecido pela história oficial, o coronel Brilhante Ustra. […] Sigo agora, em questionamento aos nossos irmãos do meio espírita que apoiam Bolsonaro: o que vocês conhecem sobre a ditadura militar no Brasil? Aquilo que seus pais burgueses disseram, sobre um tempo de paz? O que vocês leram sobre o efeito letal dos atos institucionais emitidos pelo país no período dos governos militares? Como vocês conseguem continuar apoiando a morte de maneira tão escancarada? Já está na hora de vocês deixarem de repetir frases de efeito e mergulharem na leitura séria, para conhecerem mais sobre a verdadeira história da participação dos militares na sociedade brasileira. Espírita que não conhece contexto histórico e político do próprio país não está cumprindo a parte do ‘instruí-vos’, e talvez esta seja a razão do não alcance do ‘amai-vos’ com abrangência humanitária e universal.” Publicado no Facebook em 28/01/2020.

Espiritismo não combina com armas, pena de morte, violência e discurso de ódio

Mais um texto maravilhoso do nosso camarada Franklin Félix, no blogue “Diálogos da fé” na Carta Capital, que enfrenta os problemas que hoje grassam num movimento espírita que majoritariamente defende o ódio, a violência e a injustiça como prática política. Publicado no Facebook em 27/1/2020. espiritismo violencia armas

Espiritismo não combina com armas, pena de morte, violência e discurso de ódio

Franklin Felix – Carta Capital

A doutrina espírita, essencialmente educativa, tem como objetivo libertar e proclamar o reino de Deus – de justiça, amor e paz – para todos.

‘Jesus respondeu: amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.’ Mateus 22:34-40

É raro o dia em que não recebo – de amigos/as ou anônimos, no privado ou público – mensagens de desencanto com o movimento espírita, com dirigentes, médiuns famosos ou palestrantes popstars. São sempre depoimentos muito doloridos, relatando perseguições, censuras e até expulsões.

Uma companheira partilhou que durante o passe – prática amplamente difundida entre os espíritas e que consiste na imposição de mãos, visando promover a doação de bioenergias de um indivíduo ao outro – o passista (que é a pessoa que aplica o passe) pediu a espiritualidade que ‘livrasse a irmãzinha das influências do comunismo’. Outra companheira desabafou que foi retirada de todos os trabalhos espirituais do centro espírita (que ela ajudou fundar) por conta de suas ideias sociais e progressistas. Um casal de amigos abandonou o centro espírita depois que foram impedidos pelos dirigentes de continuarem atuando na evangelização infantil (uma espécie de catecismo) para não influenciarem as crianças ‘com essas ideias esquerdistas antidoutrinárias’. Nós mesmos fomos expulsos da rádio espírita que fazíamos programa a mais de 13 anos por dizermos que o presidente – na época candidato – era machista, racista, LGBTfóbico e violento (continuamos afirmando e agora com mais motivos).

A sensação que tenho é que todos os violentos, hipócritas, cruéis, incluindo aí os religiosos, resolveram sair, de uma só vez, dos seus armários e tumbas. Estão se sentindo empoderados.

[…]

Uma das possibilidades que a doutrina espírita apresenta para o enfrentamento da violência é a educação em suas múltiplas interfaces. O espiritismo, essencialmente educativo, tem como objetivo libertar e proclamar o reino de Deus – de justiça, amor e paz – para todos/as, mas a sua missão não poderá ser realizada em um ambiente de acomodação e ‘paz’ que só atendem a alguns poucos.

[…]

As forças progressistas dentro da doutrina espírita serão o futuro de uma doutrina livre e que cada vez mais estará integrada com o povo e suas conquistas sociais.”

Íntegra da publicação original.

Comunismo e nazismo são opostos. Os comunistas guardam sonhos!

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Nesses estranhos e sombrios tempos, em que algozes pouco elaborados da própria esquerda tentam manchar a trajetória de Lênin, o artigo da deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) vem trazer um pouco de luz e seriedade ao debate. Publicado no Facebook em 25/1/2020.
lenin espiritas
Lenin, líder da Revolução Russa de 1917.

Comunismo e nazismo são opostos. Os comunistas guardam sonhos!

Talíria Petrone – Deputada federal do PSOL-RJ

Muita confusão e mentira no debate sobre Lênin e a Revolução Russa. Resolvemos elevar o nível da discussão. Hitler era de direita, anticomunista. As direitas, para fugir dessa ligação, tentam igualar comunismo e nazismo, quando são justamente opostos.

A Revolução Russa não é obra de um só homem. Foi um acontecimento histórico que marcou o século XX. A Rússia concentrava enormes contradições. Mantinha um regime absolutista com um czar, se industrializava e criava uma classe operária e uma enorme massa de camponeses famintos.

Em fevereiro de 1905, após a reação ao massacre de manifestação pacífica (domingo sangrento), o czar faz concessões. Instala um parlamento (Duma), permite partidos e põe fim à guerra com o Japão. Surgem os sovietes (conselhos populares). Estava plantada a semente da revolução.

Em 1914 a Rússia entra na I Guerra Mundial, perde metade das tropas e a fome se alastra. Declarada a guerra, a maioria do movimento socialista internacional adere ao nacionalismo e à guerra. Rosa Luxemburgo, Lênin, Alexandra Kollontai, Trótski e outros se mantêm contra a guerra.

Em fevereiro de 1917 eclode a Revolução na Rússia. A greve das mulheres tecelãs foi o estopim para o que foi chamada de Revolução de Fevereiro. Os soldados se recusam a reprimir as manifestações e no final de fevereiro um mar de trabalhadores e soldados ocupam a Duma.

Sem apoio, o czar é substituído por um governo provisório, liberal-burguês, que mantém o país na guerra. Do outro lado, os sovietes passam a se considerar o poder legítimo que emana do povo, forma uma Guarda Vermelha e emite ordens para as tropas. Vigora uma dualidade de poderes.

Lênin volta à Rússia do exílio com as ‘Teses de abril’, defendendo todo poder para os sovietes e como lema: ‘PAZ, PÃO E TERRA’. Em outubro, as teses de Lênin se tornam majoritárias e no dia 25 um grande movimento cerca a capital e o governo provisório cai, com pouquíssimas baixas.

As primeiras medidas foram o controle das fábricas pelos operários em regime de autogestão, a divulgação de todos os tratados secretos, a distribuição de terras aos camponeses, o pedido imediato de paz e o armistício, a declaração dos direitos nacionais dos povos minoritários.

As mulheres da Revolução foram responsáveis por inúmeros avanços na igualdade de gênero do país. Em 17, foi decretada a igualdade entre todos os cidadãos, o divórcio foi legalizado e mulheres tiveram o direito à terra. A Rússia foi o primeiro país do mundo a legalizar o aborto.

A Revolução era emancipatória, aprofundava liberdades existentes e criava outras. O congresso dos sovietes, após a Revolução, talvez seja o parlamento mais democrático da história. No livro ‘O estado e a revolução’, escrito em 1917, Lênin mira o fim do estado e a democracia plena.

A Revolução foi cercada pela aliança das potências capitalistas, os czaristas e latifundiários: o Exército Branco. Começa a guerra civil, milhares de pessoas morrem de ambos os lados. O Exército Vermelho, liderado por Trótski, vence e abre caminho para a República dos Sovietes.

Há erros na trajetória de Lênin e Trótski? Claro. Houve episódios de violência excessiva, Trótski iria reconhecer que sim, mais tarde. Mas é mentira o massacre de milhões, os confrontos principais eram episódios de guerra, que lamentavelmente a resistência czarista impôs ao país.

Muita gente fez confusão de Lênin com Stálin. Lênin morreu em 1924, não existiam gulags, por exemplo. A partir de 1926 cria-se uma Oposição Unificada no Partido Comunista da URSS, em que participava Krupskaia, companheira de Lênin, contestando a direção de Stálin.

Eu sou da IV Internacional, fundada em 1938. Stálin fecharia a III Internacional, de Rosa e Lênin, em 1942 para entrar na II Guerra. Em 1956, revelaram-se os expurgos e execuções ocorridos nos anos 30. A revolução foi traída e todo o comitê central bolchevique assassinado.

Pra quem quiser conhecer um pouco mais, sugiro a leitura de ‘Os dez dias que abalaram o mundo’ do jornalista estadunidense John Reed. Há também o filme ‘Reds’, que concorreu a três Oscar, incluindo o de melhor filme, que conta um pouco da vivência desse jornalista na Revolução.

Absurdo comparar Lênin a Hitler. Lênin está na história por declarar a paz, Hitler pela guerra. Lênin pelas obras de política e filosofia, Hitler pelo panfleto antissemita. Não faz sentido comparar a URSS com a Alemanha Nazista, pois foram os soviéticos que derrotaram o nazismo.

Homenagear Lênin não é culto à personalidade, ele repudiava isso. Seguimos o pedido de Krupskaia, sua companheira, em seu velório: ‘não deixem que o luto por Ilítch se transforme em veneração exterior à sua pessoa. Ele dava muito pouca importância pra tudo isso em vida’.

Sou militante ecossocialista. Lênin e a Revolução Russa ocupam lugar especial na tradição dos que lutam pela revolução da liberdade, igualdade, justiça e paz. Não aceitaremos a narrativa que criminaliza o comunismo. ‘Os comunistas guardam sonhos’. Os comunistas enxotam fascistas.”

A PUBLICAÇÃO ORIGINAL ESTÁ AQUI.