Precisamos falar do sistema patriarcal que predomina nas instituições espíritas

0
Ótimo artigo feito por quatro mulheres do coletivo “Espíritas pela transformação social”, publicado na coluna “Diálogos da fé”, na Carta Capital, acerca da palestra promovida pela FEESP para homenagear a mulher pela passagem do dia 8 de março, com o tema “A participação da mulher no espiritismo”, feita por um… homem, sem participação da mulher.
Foto Bixabay

Precisamos falar do sistema patriarcal que predomina nas instituições espíritas

Aline Bueno de Godoy, Ana Paula Coelho, Andrea Ronqui e Marcela Lino – CartaCapital Publicação original e completa aqui. É uma questão urgente que as mulheres tenham mais visibilidade e credibilidade no meio espírita. A Federação Espírita do Estado de São Paulo anunciou em suas redes sociais uma palestra que será realizada no dia 8 de março, em homenagem ao dia das mulheres, com o título ‘A participação da mulher no espiritismo’. Um título bastante interessante, não fosse o fato de o palestrante ser um homem. Ao ser questionado no Instagram, o palestrante respondeu que se a intenção é de homenagem não há necessidade de representatividade. Pois bem. Nós, mulheres espíritas, progressistas, viemos para dizer que não nos sentimos homenageadas, mas sim, desrespeitadas. […] Assim, se nas casas temos um grande número de mulheres, por que quando se fala de levar o espiritismo à luz de todos/as não conseguimos listar mulheres? Será que as mulheres são limitadas? Será que Deus deu a missão mediúnica de levar a palavra apenas a homens? Temos certeza de que se você estuda bem o espiritismo, sabe que isso não condiz com os princípios da doutrina. Portanto, precisamos falar do sistema patriarcal que predomina nas instituições espíritas. Esse sistema ainda molda as instituições espíritas de forma estruturante. Para ficar com o exemplo da Feesp, além da palestra que citamos, temos também o exemplo do congresso que será realizado este ano: a imensa maioria de palestrantes é homem, isso sem mencionar que também são brancos, héteros, cis, tudo bem de acordo com a sociedade patriarcal. […] Enquanto as pautas identitárias se destacam mais na sociedade, e são cada dia mais necessárias, espaços influenciadores e formadores como a Feesp continuam recusando-se a rever e desconstruir paradigmas institucionais. Não acreditamos que a equipe Feesp tenha feito isso por má intenção ou por recusa, mas sim por desatenção, por estarem alheios às pautas sociais e não terem compreendido a importância dessa nova postura. Mas é essa desatenção que ainda fortalece problemas sérios como as violências contra a mulher, o feminicídio etc. Em 2018, 40,5% das mortes de mulheres foram por questões de gênero. Em 2019, esse percentual subiu para 52% e não houve nenhum mês em que uma mulher não fosse morta por causas relacionadas a gênero (segundo o portal G1). Essas diferenças aparecem também quando o assunto é emprego: em 2019, segundo dados do IBGE, as mulheres eram maioria entre os desempregados. Entre os homens, a taxa de desemprego ficou em 10,9% no 1º trimestre, ao passo que entre as mulheres foi de 14,9%. […] Se o Espiritismo se pretende como um dos impulsionadores do progresso do mundo, faz-se urgente que as federações se atentem para a representatividade nas casas espíritas. As mulheres contribuem nas casas espíritas de forma total, desde o cafezinho até a tesouraria, e muitas vezes são elas que fazem a instituição funcionar, provando todos os dias sua capacidade. Não é raro encontrar uma casa em que toda a assistência, administração e gestão sejam feitas por mulheres, mas o presidente e sua chapa sejam maioria masculina. Este dado seria um ótimo início para uma palestra que fala da participação das mulheres no Espiritismo: dizendo que, sem elas, o espiritismo não existiria. Kardec precisou de médiuns mulheres para conseguir decodificar o Espiritismo e sua esposa, Amélie, foi essencial no processo. Podemos mencionar, ainda, as irmãs Fox, a quem coube a missão de trazer as manifestações mediúnicas à tona para que pudessem ser estudadas. Vale lembrar da emblemática e importante figura de Maria de Magdala, a quem Jesus se apresentou quando ressuscitou e qual foi a reação dos apóstolos senão de duvidar de seu testemunho? E a igreja apagar por completo sua visão amorosa e caridosa de apostolado e entregar a história fantasiosa de uma prostituta quando na verdade Maria de Magdala foi uma mulher dona de si e subversiva aos moldes da época? […] Querem nos homenagear? Unam-se, então, em vossos centros, casas, na mesa de bar, onde puderem e discutam o patriarcado, o machismo, a masculinidade tóxica que também oprimem vocês. Desconstruam e desçam do patamar de detentores da voz e da verdade, escutem, ouçam de verdade as mulheres à sua volta. Se temos um dia no calendário específico é para que todos nos lembremos do quanto ainda é preciso dizer o óbvio. Se você não encarnou como mulher, por favor, deixe que falemos por nós mesmas, não precisamos de porta-vozes. Puiblicado no Facebook em 2/3/2020.

O espiritismo será o que os homens fizerem dele

0
Charge de Toni D’Agostinho
Pelas redes sociais, muitos bolsoespíritas afamados, que há muito vêm defendendo o energúmeno presidente, agora passaram a apoiar e divulgar o chamamento à manifestação criminosa que tem como objetivo o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Essa estranha gente, que durante o processo eleitoral que elegeu a farsa e o ódio como bandeiras morais mostrou suas severas dificuldades no respeito ao outro, agora passa a fazer parte da articulação que pretende destruir a República e implantar um regime de exceção, e isso sem nenhum pudor e fantasiados de verde e amarelo. Mas a fantasia nacionalista, farsante e impregnada de ódio, começa a ser retirada e o que aparece não é nada elevado. Ao contrário, o que se vê sob a fantasia em verde e amarelo dessa estranha gente bolsoespírita é aterrorizante e faz lembrar as piores cenas do inferno dantesco. O movimento espírita vem sendo solapado por dentro, vem sendo destruído pela mentira e pelo ódio, e tudo muito bem travestido de “defesa da família” e com voz mansa em palestras e congressos promovidos por grandes casas espíritas e federações. “O espiritismo será o que os homens o fizerem”, já ensinava Léon Denis. É preciso reagir e formar um grande movimento contra essa podridão moral que se apossou do já alquebrado movimento espírita. Publicado no Facebbok em 27/2/2020.

Desigualdade e luta de classes no Brasil

Favela do Metrô-Mangueira, no Rio de Janeiro – Foto de Tânia Rêgo/Agência Brasil
Bruna Machado dos Reis –  Esquerda Marxista Publicação completa e original aqui. O Relatório de Desenvolvimento Humano divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 9 de dezembro de 2019 mostra que o Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo. A desigualdade, principal foco do relatório intitulado ‘Além da renda, além das médias, além do hoje: desigualdades no desenvolvimento humano no século 21’, é o resultado de uma tendência natural do capitalismo. Quando a condição da maioria, dos trabalhadores, é extremamente precarizada, o lucro da parcela mais rica da burguesia só cresce. Obviamente, como órgão da burguesia que é, a ONU alimenta um falso discurso de que a desigualdade pode ser superada. Logo no início do relatório, ao explicar a metodologia, escrevem que as estatísticas ajudam a embasar ações acadêmicas e governamentais para diminuir a desigualdade. Mentira. Desde a Revolução Francesa, ‘Igualité’ é a promessa falsa da burguesia para esse modelo de sociedade, que só pode ser atingida com sua própria extinção enquanto classe. A pesquisa, além de apresentar dados isolados dos países, analisa-os em três blocos: países africanos; Brasil, Rússia, Índia e China (o BRIC, ou países ‘em desenvolvimento’, como o imperialismo gosta de alimentar a ilusão) e EUA e Europa (países ‘desenvolvidos’). Como mostra o gráfico abaixo, o aumento da desigualdade é a tendência em todos os grupos: […] Embora a vida dos trabalhadores durante a crise do capitalismo já esteja insuportável em todos os cantos do mundo, nos países explorados a desigualdade se aprofunda mais. O aumento da desigualdade na Europa, por exemplo, foi mais moderado do que em outras regiões. Já o nível de desigualdade na África Subsaariana, no Brasil e no Oriente Médio ficou extremamente alto, com a participação dos 10% mais ricos em torno de 55 a 60% da renda total do país. A Rússia, que na década de 1990 ainda trazia resquícios da igualdade atingida pela planificação da economia após a Revolução de 1917, teve uma ascensão extrema da concentração de renda com o restabelecimento do capitalismo. […] O Brasil também caiu uma posição no Índice de Desenvolvimento Humano em relação à última pesquisa de 2017 (de 78 para 79). E, embora o tempo esperado de escolaridade seja de 15,4 anos, a média real é de apenas 7,8 anos (a metade!). […] Apesar do discurso bonito, sabemos que a dinâmica da sociedade capitalista, em sua fase imperialista, após atingir o ápice do desenvolvimento das forças produtivas, só pode oferecer retrocesso para o conjunto da humanidade. Mesmo quando os índices apresentam algum tipo de melhora em saúde, expectativa de vida, cuidados desde antes do nascimento, isso está restrito a uma parcela cada vez menor da população, que exclui os 40% mais pobres em detrimento de rendas cada vez maiores para os 1%. […] As ações de Bolsonaro, seguindo a cartilha do imperialismo, só irão piorar as condições de vidas dos jovens e trabalhadores que sofrem com os já ruins serviços públicos, repressão e assassinatos pela polícia nas favelas e bairros operários, aumento do custo de vida (carne, combustíveis, preço do transporte) e a ameaça constante do desemprego ou de trabalho precarizado. Ou seja, a revolta dos trabalhadores está sendo gestada pelas ações desse governo, combinadas à crise do sistema. Mas as direções do movimento ainda estão à direita de suas bases e funcionam como um arrefecedor do ânimo para o combate. Nesse 20 de fevereiro, por exemplo, a Federação Única dos Petroleiros traiu vinte mil trabalhadores ao pôr fim à greve nacional da categoria e negociar a demissão dos trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN-PR). […] Não vai demorar muito para os trabalhadores brasileiros, assim como os chilenos, argentinos e libaneses, para ficar em somente três exemplos dos vários que estão em movimento no mundo hoje, não aguentem mais a exploração e saiam às ruas para lutar contra o governo e o sistema, passando por cima das direções conciliadoras. É por isso que surgem nesse momento acenos do retorno do AI-5 e leis ‘anticrime’. A única alternativa para os governos burgueses é aumentar a repressão. Mas mesmo essa alternativa possui seus limites: vimos em vários países, e mesmo no Brasil em 2013, a repressão servindo para aumentar ainda mais a fúria das massas. […] Publicado no Facebook em 25/2/2020.

Pesquisa Datafolha sobre religião

0
pesquisa Milton Medran Moreira – Jornal Opinião Pesquisa Datafolha publicada nos primeiros dias de 2020 confirmou tendência que se acentua desde as últimas décadas do século XX: a passos largos, as religiões evangélicas no Brasil ameaçam a supremacia do catolicismo. Hoje, 31% dos brasileiros se declaram evangélicos. Os católicos, que já representaram 99% da população, são apenas 50%, enquanto que os “sem religião”, categoria praticamente inexistente nas pesquisas mais antigas, já somam 10% de nossa população. A “religião espírita” continua aparecendo em terceiro lugar no ranking das “crenças” dos brasileiros, com 3%, índice no qual estaciona há décadas.

A vez dos progressistas

A conjugação desses três fatores –crescimento dos evangélicos, diminuição dos católicos e aumento dos sem religião– permite vislumbrar um quadro animador para quem, como nós, sustenta uma filosofia livre pensadora, não religiosa, mas espiritualista. O catolicismo formatou a civilização ocidental e, ao curso destes dois milênios, apesar de resistências internas, mostrou-se hábil para acompanhar suas mudanças culturais. Especialmente a partir das últimas décadas do século XX, a Cúria Romana tem demonstrado capacidade de modernização, com a ação de líderes progressistas, como o é o atual pontífice. Palavras atribuídas a Francisco, em cena do filme “Os dois papas”, num diálogo com o conservador Bento XVI, traduzem essa preocupação: “Parece que já não pertencemos a este mundo. Uma igreja que não casa com sua era se tornará viúva na próxima era”. Ou seja: o atual chefe do catolicismo, por seu pensamento e ações, lidera um processo de secularização da Igreja, aproximando-a da sociedade laica, não religiosa.

Católicos, mas nem tanto

Dentre os 10% que se dizem sem religião, muitos são espiritualistas laicos, que sustentam um pensamento progressista, apto a identificar na proposta espírita sua visão de mundo. Bastará, para tanto, que o espiritismo renuncie a seu perfil religioso e se torne capaz de “casar-se” com as tendências da nova era. Mesmo no seio do catolicismo, milhares de pessoas admitem os princípios espíritas. Uma pesquisa de 2007 da própria Datafolha registrava que 44% dos católicos brasileiros acreditavam na reencarnação. Costumo dizer que, hoje, se alguém se postar em frente a uma Igreja e perguntar, na saída da missa, se os fiéis creem na reencarnação obterá mais de 50% de respostas afirmativas. O próprio papa tem externado conceitos que se chocam com a tradicional doutrina cristã e coincidem com a teoria espírita. Recente artigo do teólogo Leonardo Boff reproduz esta frase atribuída a Francisco: “Deus não conhece uma condenação eterna, pois perderia para o mal. E Deus não pode perder”.

Terreno neutro

Na mesma medida em que o catolicismo se seculariza e mantém em seus quadros almas abertas ao progresso, o fundamentalismo cristão migra para as religiões pentecostais e neopentecostais. Nessa polarização, deixa de existir espaço, no Brasil, para a “religião espirita”, surgida no meio católico e que herdou muito do conservadorismo do qual este busca se libertar. Conclusão: ou o espiritismo reassume o perfil que lhe foi delineado por Kardec, de “terreno neutro” entre as religiões, deixando de se apresentar como uma delas, ou continuará figurando com escassa pontuação estatística, mesmo nos países onde tem maior representatividade, como no Brasil. Seu potencial de crescimento está nos segmentos dos “sem religião” e dos católicos progressistas. (Texto publicado na coluna Opinião em Tópicos dos jornais OPINIÃO, do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, e ABERTURA, do Instituto Cultural Kardecista de Santos, edições de janeiro e fevereiro/2020)

A cafajestagem bolsominion

0
Parece que a grande imprensa, aquela já bem conhecida como PIG (Partido da Imprensa Golpista), como dizia PHA no seu “Conversa Afiada”, está indignada com a situação política e econômica em que se encontra o país. Seus editoriais, comentários e opiniões convergem a um único ponto: a repulsa sistemática a tudo o que se relaciona ao abjeto bolsonarismo. Esse movimento certamente não se dá por conta de pruridos morais ou preocupações sociais, mas tão-somente por causa de interesses econômicos da elite contrariados. O “Posto Ipiranga” não consegue entregar o combinado, enquanto seu chefe, o líder da quadrilha de milicianos, parece entreter-se em minar seu próprio (des)governo. Nesse caos social, econômico e político, o país parece prestes a derrapar no abismo da insurreição e do enfrentamento de poderes. Com receio das consequências, a elite, sem solução imediata a suas demandas, e por meio do seu porta-voz, o PIG, prefere retirar do jogo político sua aposta anterior e arriscada, o fascismo, e lutar por mudanças. Só não contava com a resistência dos fascistas. Como diria Marx, também citado no texto abaixo, “a história se repete como farsa”, mas os que cabularam as aulas de história não perceberam isso… Paulo Brondi – Blog do Juca Kfouri

A cafajestagem bolsominion

Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe ajuste melhor. Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia. Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os únicos cafajestes, o problema seria menor. Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro sua imagem e semelhança? Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha… Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade. Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes. Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem, pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo. Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda. Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros a colocaram na banqueta do poder. Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: ‘não basta dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la’. Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor. Bolsonaro não é ‘avis rara’ da canalhice. Como ele, há toneladas Brasil afora. A claque bolsonarista, à semelhança dos ‘dezembristas’ de Luís Bonaparte, é aquela trupe de ‘lazzaroni’, muitos socialmente desajustados, aquela ‘coterie’ que aplaude os vitupérios, as estultices do seu ‘mito’. Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado. Autodenominam-se ‘politicamente incorretos’. Nada. É só engenharia gramatical para ‘gourmetizar’ o cretino. Jair Messias é um ‘macho’ de meia tigela. É frágil, quebradiço, fugidio. Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si próprio. E, como ele, há também outras toneladas por aí. O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados, de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuleia cuja existência carecia até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito. O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde. Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista. Jair Messias Bolsonaro é a parte podre de um país adoecido. Publicado no Facebook em 21/2/2020.

Bolsonaro está fazendo as jornalistas de direita descobrirem que machismo não é mimimi

1

Todos ficamos horrorizados com as declarações e insinuações dos elementos da familícia em relação à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo.

Muitas de suas colegas da grande imprensa, corretamente, manifestaram-se indignadas contra tal postura do clã miliciano.

Entretanto, esse posicionamento, por tão novo e específico, soa mais à hipocrisia corporativista do que exatamente à luta feminista.

Cynara Menezes, do blogue Socialista Morena, traz-nos algumas reflexões sobre essa “novidade feminista” entre as jornalistas da grande imprensa que, não podemos jamais esquecer, protagonizou os ataques misóginos à presidenta Dilma Rousseff e participou ativamente do golpe perpetrado contra seu governo.

Ou, como disse a própria Cynara em seu texto, o mundo dá voltas, mesmo que existam os que propaguem o terraplanismo…

Vale a leitura.

ele nao

Bolsonaro está fazendo as jornalistas de direita descobrirem que machismo não é mimimi.

Cynara Menezes – Socialista Morena (Veja publicação original e completa aqui) O mundo dá voltas, e não é porque agora existe gente que acredita ser a Terra plana que ele irá parar de girar. Há um aspecto convenientemente pouco comentado no golpe jurídico-midiático que derrubou Dilma Rousseff em 2016: a misoginia. Dilma se tornara, em 2010, a primeira mulher presidenta do Brasil, após uma campanha suja em que chegou a ser chamada de ‘assassina de criancinhas’ pela mulher do rival, José Serra. Digo presidenta? Pois: o primeiro ato de machismo contra Dilma na imprensa comercial foi se recusarem a reconhecer o termo, perfeitamente dicionarizado tanto em língua portuguesa quanto em língua espanhola. […] Na posse de Dilma para o segundo mandato, Miriam Leitão e Cora Rónai, do jornal O Globo, se divertiram zombando do vestido e até do ‘andar’ da presidenta. […] Parece incrível, mas são as mesmas jornalistas que agora mostram indignação e surpresa com esta triste figura ocupando o lugar que já foi de Dilma. ‘Onde está a reação das instituições?’, bradava a colunista Vera Magalhães, do Estadão, sobre as insinuações de Bolsonaro em relação à repórter Patricia Campos Mello, da Folha, atacada pelo mitômano Hans River na CPMI das Fake News. Nem parecia a mesma Vera que chamava de ‘mimimi’ as queixas de mulheres da esquerda sobre machismo e que participou ativamente do golpe que fragilizou as instituições democráticas do país –e agora cobra ‘reação delas’. Que instituições, querida? Thais Herédia, da CNN Brasil, se espantava: ‘Como chegamos até aqui?’ É sério que jornalistas com anos de profissão nas costas foram tão ingênuas para não prever como seria um governo Bolsonaro, que já dava mil pistas de quem era durante os 28 anos em que foi parlamentar? Até a Madonna sabia e vocês não? […] O presidente de extrema direita conseguiu curar do antifeminismo furioso até Rachel Sheherazade. Quem te viu… […] O mais absurdo dessa história é que, alvo do preconceito de gênero, as jornalistas de direita continuam a se insurgir contra… as feministas. ‘Cadê as feministas?’, provocam, cada vez que sua indignação seletiva é ativada por algum sinal de machismo, mas apenas no campo adversário, a esquerda. Como se o machismo, exatamente como defende a esquerda, não fosse estrutural da sociedade. Parem de cobrar das feministas ação contra o machismo que vocês mesmas ajudaram a levar ao poder. Nós sempre estaremos lá, do lado das vítimas, nunca dos algozes. Não é porque mulheres se alinharam a machistas para golpear outra mulher que iremos abandoná-las quando se tornarem vítimas deles. Mas não deixa de ser uma lição e tanto. Publicado no Facebook em 21/02/2020.

Demofobia

0
paulo guedes Demofobia é o ódio ao povo, ao pobre. Demofobia é o que o sinistro da economia, o investigado pelo TCU. Paulo Guedes por graves suspeitas de golpe no sistema financeiro, demonstra a cada dia em suas declarações estapafúrdias e inconsequentes. Num país minimamente decente, esse asqueroso e incompetente senhor estaria demitido e indiciado por vários crimes. Mas, no novo país governado por fascistas e milicianos, esse asqueroso e incompetente senhor representa o elã dessa gentalha. Triste é ver pelas redes sociais alguns espíritas afamados defendendo esses escroques, que hoje falam abertamente em seu projeto de aumento da desigualdade social e levantam a bandeira da demofobia sem quaisquer escrúpulos ou constrangimentos. Manter a empregada doméstica dependente das doações de cesta básica do centro espírita faz parte desse projeto demofóbico e arrogante. Para o movimento espírita progressista, a ideia central é levar a empregada doméstica e todos os demais desvalidos da nossa sociedade a serem completamente livres dessa barganha imoral, que busca manter o status quo social duma elite rapace, chamada “caridade”. Olha no que deu o espiritismo… Publicado no Facebook em 13/2/2020

A necropolítica em estado puro

0
necropolítica O (des)governo de milicianos e corruptos, que tem na morte seu foco primacial de política pública, a necropolítica bolsonarista, renuncia a impostos, na ordem de R$ 10 bilhões por ano, de empresas que produzem e vendem agrotóxicos. Isso mesmo que você leu: empresas que envenenam os alimentos que chegam à mesa do brasileiro e destroem sua saúde ganham isenções de impostos do governo federal. Um prêmio pela morte e pela doença do brasileiro. Para comparação, o orçamento do seu maior programa habitacional, o “Minha Casa, Minha Vida”, terá disponível para investimentos em 2020 o pífio valor de R$ 2,7 bilhões, o menor de sua história. O orçamento total previsto para o Ministério do Meio Ambiente tocar suas ações contra os ataques ao meio ambiente nacional também será de R$ 2,7 bilhões. Isso inclui as ações contra as queimadas na Amazônia, a destruição do Pantanal e da Mata Atlântica, dentre outras importantes ações desse órgão federal. O programa de construção de cisternas do governo federal, que leva água à população sertaneja, hoje sob responsabilidade do Ministério da Cidadania, prevê executar em 2020 o valor de R$ 129,3 milhões, sendo que, em 2019, esse valor foi de apenas R$ 67 milhões. Ainda para comparação, o valor que o SUS (Sistema Único de Saúde) gastou com tratamento de pacientes com câncer em 2017 foi de R$ 4,7 bilhões. Não é mais possível que a sociedade brasileira continue a suportar tamanha delinquência e necrofilia. E é inadmissível que espíritas apoiem essa catástrofe política nacional. #ForaBolsonaro

As notícias:

Renúncia de impostos de venenos e o orçamento previsto para o meio ambiente. Orçamento do “Minha Casa, Minha Vida”. Programa Cisternas Publicado no Facebook em 12/2/2020

Apenas uma carta

O camarada Elton Rodrigues escreveu na página do Coletivo Espírita Anísio Spínola Teixeira uma carta com reflexões acerca dos caminhos da esquerda e que é reproduzida a seguir. Vale a leitura. carta

Apenas uma carta

Elton Rodrigues – Coletivo Espírita Anísio Spínola Teixeira Camaradas, irmãs e irmãos, escrevo essa carta aos que almejam uma real transformação do movimento espírita. Hoje, talvez mais agudo do que qualquer outro momento da história pós-ditadura do espiritismo brasileiro, há uma divisão entre os que defendem o status quo e os que querem mudanças significativas na sociedade. Realizando um recorte e visualizando de mais perto o grupo dos insatisfeitos veremos, nitidamente, estratificações multivariadas. Reflexões sobre como alcançar tão sonhada união entre essas estratificações é antiga, e pouco conseguimos avançar nessa área. Muitas teorias, muitos textos e poucas ações reais. Não quero ser mais um falando sobre a importância da união dos progressistas, para o freio das ideias e práticas conservadoras, sem sugerir formas para que esse objetivo seja alcançado. Gostaria de indicar sugestões para que os espíritas progressistas, dos que se localizam ao centro até aos mais radicais – na melhor interpretação da palavra, possam trabalhar juntos. 1) É necessário que haja amadurecimento intelectual de todos sobre o termo radical. Ser radical, por exemplo, não significa que este grupo deseja a luta armada. Análises superficiais, sobre a história das lutas da esquerda mundial, não ajudam em uma possível aproximação. 2) Defender a importância das eleições não significa que há passividade ou ingenuidade. Como proposta de reflexão, imaginemos o Congresso Nacional atual sem as bancadas dos partidos mais à esquerda. O estrago seria bem maior. 3) O estudo é importante, mas não podemos ficar apenas nas reflexões históricas buscando contextualizações com o tempo presente. O mundo não mudará apenas com análises. É necessária e fundamental a aproximação com o povo, com os trabalhadores urbanos e rurais! E como fazer essa aproximação?
  1. a) Só conseguiremos abrindo espaços. O movimento deve ser nosso. Não adianta achar que depois de várias horas de trabalho, de engarrafamento, de alimentação fugaz, o povo, em grande número, terá forças para novos deslocamentos, buscando estudos aprofundados sobre a luta contra o capitalismo.
  2. b) Nós é que devemos buscar o povo! Favelas, mangues, ruas, onde o povo estiver, temos que estar. Apoiando, ouvindo, auxiliando no que for possível. E sem catequizar!
  3. c) A aproximação sempre será profícua se estiver atrelada ao afeto. Afeto verdadeiro. Acredito que esse seja o ponto mais importante.
4) É necessária a criação de grupos de estudos que estejam atrelados à prática no mundo. Não adianta ficarmos apenas mergulhados nos textos, é necessário praticar – testando – aquilo que parece lógico. Será que funciona na vida real? Se não funciona, tem como melhorar a tática? Como? Enfim, será na prática que veremos que os desejos, os acertos e os erros dos progressistas, em seus diversos estratos, estão mais próximos do que imaginamos. Nosso inimigo maior é o mesmo, mas não venceremos essa guerra colocando todas as nossas forças para enfrentá-lo diretamente sem o apoio popular. Nosso objetivo deve ser o povo! Sem o povo não conseguiremos modificar nada. E quais são os anseios do povo, vocês sabem? Temos que ouvir mais e falar menos. Temos que trabalhar mais e divagar menos. E quando o debate surgir, não há espaço para melindres infantis. A luta é coletiva e, nesse caso, o esforço por alcançarmos a tão sonhada equiparidade social deve ter maior destaque do que as birras e outras atitudes infantis. Vamos lutando, companheiros e companheiras, na construção das raízes que possibilitarão a real transformação do movimento espírita, e da própria sociedade, pelas gerações futuras. Publicado no Facebook em 11/2/2020.

Os vendilhões do templo

vendilhoes templa O movimento espírita conservador e interessado, bem representado por federações e grandes casas espíritas, tem-se especializado na promoção de eventos sempre pagos pelo público, desvirtuando sua finalidade primacial que é o atendimento aos que mais necessitam. E o pior, além de preços por vezes inalcançáveis para o público em geral nesses eventos de e para a elite espírita, muitos dos afamados médiuns, palestrantes e dirigentes têm-se tornado verdadeiros mercadores da fé, usando o espaço da casa espírita para arrebanhar clientes para o seu lucrativo negócio de atendimento psicológico, terapêutico e de outras bizarras formas de atendimento, além do absurdo nicho de mercado da orientação de autoajuda –o “coach” espiritual–, fazendo da casa espírita seu local privilegiado de propaganda. É preciso colocar o dedo nessa ferida, pois a casa espírita e suas estranhas federações são hoje local de comércio e de astúcia profissional. O coletivo “Espíritas à esquerda” coloca como uma de suas premissas para quaisquer dos seus eventos a inscrição gratuita. E recomenda a todos que o procuram a se afastarem dessa estranha gente que ganha dinheiro em cima da miséria alheia e falando em nome do espiritismo. Em crítico texto sobre isso, o camarada Franklin Félix faz uma reflexão sobre essa mancha que se espraia feito um carcinoma moral no âmago do movimento espírita. Não se conseguiu identificar a autoria da imagem que acompanha essa postagem. Quem souber, favor informar para que se possa dar o crédito merecido. A íntegra do texto de Felix está aqui. Publicado no Facebook em 5/2/2020.