Nosso sonho: as experiências socialistas no mundo

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Nesse vídeo dos anos 1980, o cientista político estadunidense Michael John Parenti fala sobre como percebe as experiências socialistas no mundo.
Michael John Parenti
Foto Wikipedia
O socialismo, como proposta de transformação da organização da sociedade, pretende apenas levar pão aos famélicos, letra aos ignaros, casa aos desabrigados e, por fim, dignidade aos homens. Esse é o nosso sonho, que foi também sonhado por um cara muito gente boa que viveu há pouco mais de dois mil anos, e que dizia: “Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos? Digo a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo” (Mateus 25,44-45). Vídeo legendado por Leandro de Souza Pereira.   Publicado no Facebook em 24/01/2020.

Resistência espírita: território do amor que pensa

 
Foto Gaudium Press
Quando aqueles que se julgam no topo da sapiência teológica se referem ao espiritismo como território de maldição, podem em nós instigar o exercício da benevolência, para seguirmos atuando amorosamente, sob a luz da compreensão de que existe uma diversidade de olhares e ângulos de visão, aumentando assim a imunidade às formas arcaicas de intolerâncias, em cunho religioso, principalmente. Porém, algumas reflexões nós precisamos fazer, pois além das coordenadas morais que nos movem, existem os contextos históricos e políticos que nos competem analisar, haja vista estarmos neles envolvidos. Até que ponto os espíritas eleitores e defensores do presidente percebem que somos todos alvos de intolerância religiosa por parte daqueles que empoderaram politicamente? Ao contribuírem com o percentual de votantes brasileiros que elegeu Bolsonaro, muitos jornadeiros do meio espírita omitiram o uso da lucidez, fortalecendo um projeto totalitarista de base antiga, que mergulhado na ignorância arrogante referenda a posse de Deus a uma vertente religiosa única, embora retalhada em representatividades: o evangelismo. Desde a nascente das intolerâncias, o espiritismo carrega a tarja de impuro ou maldito a ele imposta pelos segmentos arcaicos, que, com Bolsonaro na presidência, sentem-se não apenas representados, mas empoderados e sequiosos de aumentar a própria força, na luta por uma hegemonia evangélica no estado, que paulatinamente vai esquecendo a laicidade. Desde as vigílias pelo presidente e envolvimento maciço na divulgação de “fake news” para manipular os mais simples na construção de um mito que também é de mentira, hordas de pastores participaram do processo eleitoral como “principados e potestades” em um reino de fé cega, com objetivos visionários de enriquecimento e domínio cultural. Fascinados pela fanfarronice de ter “derrotado” um inimigo político fictício, os espíritas de direita continuam arrotando apoio ao algoz das liberdades. Quantas perseguições serão necessárias para que despertem? Um estado evangélico respaldará as bases da codificação espírita? Acaso acreditam que apenas os “espiritualistas” serão alvejados? Onde estará a razão dos representantes arcaicos deste segmento espírita conservador? Estará no mesmo lugar onde esqueceram a caridade e o senso humanitário? Por ora refletimos. Aos intolerantes, perdoamos. Mas amorosamente resistimos com Jesus e Kardec.

Por Ana Claudia Laurindo e  23/1/2020

A Banalidade do Mal: o que levou o cidadão comum a aderir ao Nazismo

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Quando se lê o texto de Hannah Arendt sobre a banalidade do mal, entende-se a razão pela qual sujeitos que se autodenominam “cidadãos de bem” são capazes dum horror sem par. Basta, para isso, que estejam imbuídos dum ideal qualquer e que por ele tenham uma consideração quase sagrada. Assim tem sido a nova experiência fascista, que já tangencia o nazismo, aqui no Brasil. Pessoas que antes estavam imersas na mediocridade de suas vidas veem seus preconceitos e dificuldades morais ecoados no poder e se entregam ao mal de forma inteira, e sem o considerarem como um “mal”. Aderem à violência explícita e pregam, sem pudor algum, o extermínio dos diferentes. Aquele tio simpático torna-se, de repente, uma estranha figura que propala o ódio e a violência contra o diferente. A cândida vozinha passa a ser, ao se ver no espelho do horror, o aríete do preconceito e da pregação da eugenia moral. Todos, afinal,  trazem em si a flama do mal, que se acende ao ser provocada pelo gás da raivosa intolerância. Daí a máxima de Jesus: manter-se em eterno estado de vigília contra seus monstros interiores, pois só assim se é capaz de lutar contra a banalidade do mal que ainda existe e resiste no âmago de todos os seres. Abaixo segue postagem da página “Iconografia da História” sobre a banalidade do mal. (LINK ORIGINAL AQUI) Publicado no Fabebook em 20/1/2020.

A Banalidade do Mal: o que levou o cidadão comum a aderir ao Nazismo

Por Joel Paviotti em Iconografia da História.

O que levou o cidadão de bem a aderir ao nazismo e fechar os olhos aos absurdos que ocorreram na Alemanha, durante o governo de Adolf Hitler?

Adolf Eichmann
Adolf Eichmann, o homem que enviou milhões de judeus para encontrar com a morte em Campos de Concentração.

Como o conceito de banalidade do mal alterou significativamente a forma de entender como a maldade ganha força nas sociedades contemporâneas, através de indivíduos comum.

Adolf Eichmann, o homem comum que enviou milhões de judeus para encontrar com a morte em campos de concentração, aguarda sua execução no corredor da morte.

Foi através da história desse burocrata alemão, que a filosofa Hannah Arendt criou o conceito de ‘banalidade do mal’, para explicar como um cidadão comum foi capaz de cometer maldades terríveis, a partir da perda da capacidade de reflexão.

O período do nazismo na Alemanha é considerado como produtor de uma das maiores tragédias da história da humanidade. Conhecido como holocausto, o evento consistia em separação, submissão ao trabalho forçado, e extermínio de judeus em massa. Os locais escolhidos para realizar essas barbáries foram os campos de concentração. Eichmann, filho de um bibliotecário e de uma empregada doméstica, foi um dos principais responsáveis por organizar a logística e viabilizar as viagens dos vagões da morte. Em um serviço que propiciou o start para o processo de extermínio dos judeus.

Após a queda do Reich, e ocupação das tropas aliadas em Berlim, Eichmann conseguiu fugir para a Argentina, onde mudou de nome, e arrumou um emprego na Mercedes Benz. Após 15 anos vivendo na surdina da falsa identidade, foi capturado, em 1960, por uma equipe do Serviço Secreto Israelense. Levado até o Tribunal Internacional, Eichmann era tratado como um homem monstruoso, até o inicio do julgamento.

A ideia da monstruosidade do burocrata só foi desconstruída quando a Judia Hannah Arendt, que foi obrigada a se exilar nos Estados Unidos após ascensão do nazismo, foi enviada por uma revista norte-americana, para escrever sobre o processo de julgamento do alemão.

A filósofa, após ler as quase 4 mil páginas de inquérito policial e as peças de acusação e defesa, acabou se deparando com um homem terrivelmente comum. Eichmann era um pai de família exemplar, daqueles que olhava os cadernos dos filhos, que tratava a esposa com respeito e carinho, cultivava crença religiosa protestante, frequentava igreja e cumpria ordens sem questionamentos. Sua principal preocupação era executar suas funções com a maior eficiência possível. Hannah percebeu que o alemão não se considerava parte do assassinato em massa, que em sua mente o errado seria não ter realizado os atos de sua função. Durante o interrogatório, o ex-burocrata se sentia mal quando confrontado, pelas partes, que suas ações foram responsáveis pela morte de milhões de Judeus, que seu respeito às ordens do governo alemão foi responsável por levar parte significativa de um povo para câmara de gás.

Arendt foi pressionada de todos os lados para descrever Eichmann como o satanás, mas em respeito à honestidade intelectual, viu ali a oportunidade de criar um novo conceito para entender a maldade do século XX. Foi nessa ocasião que nasce um dos pontos altos de sua obra: ‘A banalidade do mal’.

Foi a partir do acompanhamento do julgamento que a filósofa teorizou que o pior mal é realizado pelo cidadão comum, o homem médio, pessoas que estão inseridas em um sistema onde a maldade é difundida por todos os lados, principalmente quando esses perderam a capacidade de reflexão crítica e a habilidade de dizer não e se indignar perante a anti-ética do sistema. Os monstros estão mais próximos de nós do que pensamos e todo homem pode reproduzir o mal sem entender o que está fazendo como um absurdo.

Os textos de Arendt, que receberam duras críticas pela comunidade internacional, foram publicados no livro ‘Eichmann em Jerusalém’, e alterou significativamente a visão da comunidade internacional sobre como os crimes contra humanidade ocorrem. A autora chegou a conclusão que o mal é difuso na sociedade, e que quando ele se banaliza, as barbaridades mais terríveis passam a ocorrer.

O conceito de banalidade do mal contribuiu para que os estados e as universidades passassem a se preocupar com o ensino reflexivo crítico, pautado nos direitos humanos e priorizassem a formação dos alunos através do ensino da maior pluralidade de ideias possível, para que eles não percam a capacidade de se indignar nas situações em que a ética humana é colocada em xeque.

O mal, se descuidado, passa de exceção para a regra, e os seus malfeitores não percebem a gravidade da maldade que estão perpetrando.

Deixar de ensinar nas escolas a pluralidade de ideias é contribuir para reforçar a banalização do mal entre nós.

P.S.: Um pouco antes do enforcamento, Eichmman enviou uma carta à corte que o julgou pedindo clemência, ele alegou que era apenas uma peça no sistema, e que os verdadeiros responsáveis pelas mortes foram os líderes do governo alemão.”

Referências:

AGUIAR, O. A. Violência e banalidade do mal. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/…/violencia-e…/. Acesso em 10/03/2019.
ANDRADE, Marcelo. A banalidade do mal e as possibilidades da educação moral: contribuições arendtianas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v15n43/a08v15n43.pdf. Acesso em 11/03/2019. ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

Ovelhas e lobos

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As ovelhas, guiadas por seus pa$tore$ fundamentalistas e nada cristãos, seguem inertes ao abate físico, psíquico e social. E vão balindo seus brados ignaros e preconceituosos contra tudo e contra todos que ousarem retirar seus antolhos de fé e de dor.
Autor da charge não identificado, se alguém souber, avisa pra gente dar crédito.
Da mesma forma, bolsoespíritas seguem enaltecendo e seguindo seus “médiuns de direita”, que os conduzem ao abismo moral e cognitivo, sem perceber que numa teocracia fundamentalista cristã, que se vislumbra no sombrio horizonte, essa gente que fala com os mortos em reuniões fechadas estará no início da lista de hereges e inimigos a serem combatidos e exterminados, e tudo em nome do amor. Os espíritas, sendo progressistas ou não, estarão, todos, nessa tenebrosa e iminente teocracia, marcados, tal qual judeus sob o nazismo, como não cristãos e serão conduzidos à violência social da ignomínia e da desonra pessoal e familiar. Como disse Jesus a seus seguidores:

“Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas.” Mateus, 10, 16.

Publicado no Facebook em 19/1/2020.

Citação nazista

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nazismo bolsonaro
Arte de Jornalistas Livres.
Muitos bolsoespíritas ainda tentam tergiversar sobre o caráter desse (des)governo de milicianos e corruptos, mas não há mais outro nome a ser dado a isso: fascismo da pior espécie, que começa a brincar com o horror nazista. Essa estranha gente, que certamente estará para sempre no lixo mais fétido da história, poderá ainda causar muitos estragos na sociedade brasileira, conforme suas falas têm demonstrado. Nossa tarefa histórica é resistir e lutar contra essa podridão moral e cognitiva. Não há mais outra palavra de ordem a ser bradada por todos os cidadãos progressistas: Fora Bolsonaro! A notícia que chocou o mundo está na íntegra aqui. Publicado no Facebook no dia 17/01/2020.

Obra de Eric Hobsbawn está disponível para download

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O blogue “Biblioteca Base” disponibiliza para baixar a obra completa do historiador marxista britânico Eric Hobsbawm: “História do marxismo”. AQUI  segue o endereço para descarregar os arquivos dos 12 volumes. Abaixo, também, breve resenha da obra feita por Carlos Nelson Coutinho.

História do marxismo de Eric Hobsbawm (completa)

Vol. 1 – O marxismo no tempo de Marx Vol. 2 – O marxismo na época da Segunda Internacional, parte 1 Vol. 3 – O marxismo na época da Segunda Internacional, parte 2 Vol. 4 – O marxismo na época da Segunda Internacional, parte 3 Vol. 5 – O marxismo na época da Terceira Internacional – a Revolução de Outubro, o austromarxismo Vol. 6 – O marxismo na época da Terceira Internacional – da Internacional Comunista de 1919 às frentes populares Vol. 7 – O marxismo na época da Terceira Internacional – a URSS da construção do socialismo ao stalinismo Vol. 8 – O marxismo na época da Terceira Internacional – o novo capitalismo, o imperialismo, o terceiro mundo Vol. 9 – O marxismo na época da Terceira Internacional – problemas da cultura e da ideologia Vol. 10 – O marxismo na época da Terceira Internacional – de Gramsci à crise do stalinismo Vol. 11 – O marxismo hoje, parte 1 Vol. 12 – O marxismo hoje, parte 2 Publicado no pagina EàE em 15/1/2020

Resenha de Carlos Nelson Coutinho

Uma das maiores comprovações do valor científico do materialismo histórico, da teoria marxista da sociedade, é sua capacidade de aplicar-se a si mesmo: como todas as manifes­tações do pensamento humano, também o marxismo é fruto de constelações históricas concretas. E revela sua vitalidade porque evo­lui, se enriquece e se modifica na tentativa in­cessante de compreender e responder adequa­damente aos novos problemas colocados pela evolução histórico-social.

Ainda são poucas, ao que eu saiba, as tenta­tivas de elaborar uma história global do mar­xismo à luz do próprio marxismo. As amplas e importantes monografias sobre períodos e au­tores concretos, independentemente do seu eventual valor autônomo, são um material pre­paratório indispensável, mas não anulam a ne­cessidade dessa história global; uma história que, por ser marxista, não pode se limitar a re­produzir a evolução das ideais, mas deve também indicar as raízes sociais dessas ideias e sua influência concreta nos movimentos políticos e sociais que nelas se inspiram.

Tão-somente uma história desse tipo pode indicar a resposta para uma questão decisiva: o marxismo foi capaz, em suas inúmeras ramifi­cações e “escolas”, em suas várias etapas e cor­rentes, de se conservar ao mesmo tempo fiel aos princípios básicos do materialismo históri­co e à complexidade de uma realidade dinâmi­ca e em permanente evolução?

Para uma concepção dogmática do marxis­mo, uma história assim concebida seria im­possível. Marx e Engels (e Lênin) já teriam for­mulado um corpo doutrinário completo e aca­bado, que caberia aos novos marxistas apenas “aplicar” à realidade; tudo o que aparente­mente diverge desse pretenso corpo acabado – definido, ademais, de modo estreito e dogmático – não passaria de “revisionismo”, de aban­dono ou traição do verdadeiro “marxismo” (ou “marxismo-leninismo”); e, por conseguin­te, estaria fora de uma história do marxismo enquanto tal.

A posição que Eric J. Hobsbawm e seus co­laboradores assumiram na programação e rea­lização dessa “História do marxismo” (da qual é publicada agora o primeiro volume) diverge fundamentalmente dessa posição dogmática.

A presente “História” parte da existência de uma “pluralidade” de leituras do marxismo; mas, ao mesmo tempo, mostra como a teoria mar­xista conserva um núcleo unitário em meio às necessárias concretizações e variações. Por is­so, Hobsbawm tem a preocupação de não con­vocar para a redação dos diversos capítulos da obra (projetada para quatro volumes) apenas marxistas, digamos, de uma mesma orienta­ção. E já essa variedade de abordagens indica ao leitor a abertura dialética de um pensamen­to que, longe de se contentar com a mera repe­tição escolástica dos seus “clássicos”, revela-se tanto mais fiel aos ensinamentos dos mesmos quanto mais é capaz, ao mesmo tempo, de se manter fiel à realidade histórica em seu inces­sante devir.

Dando espaço em sua “História” ao que po­deríamos chamar de “pluralismo” marxista, Hobsbawm não pretende dizer que todas essas “escolas” e correntes têm o mesmo valor de cientificidade ou a mesma fidelidade ao mar­xismo. Ao admitir o fato real do pluralismo nas investigações marxistas, não se está admitindo um relativismo vulgar ou um ecletismo anticientífico. O que se está é constatando um outro fato real que, também no interior do marxismo, a busca da verdade não pode fugir à explicitação ampla e democrática de um deba­te aberto, de um livre confronto de ideias.

O especial de Natal do Porta dos Fundos é uma blasfêmia?

Por que as lutas enfrentadas por Jesus não são colocadas como prioritárias pelos autodenominados cristãos? E por que, afinal, esses mesmos autodenominados cristãos importam-se muito mais com a forma do que com o conteúdo dos ensinos do seu líder maior? Onde estão, nas lides cotidianas dessa gente, as práticas da fraternidade, do acolhimento e da justiça? Não, essa estranha gente está mais preocupada com a intimidade sexual alheia, e não com a prática da caridade. Essa estranha gente diz-se chocada com uma paródia cômica mas não se abala com a fome que grassa na sua cidade, no país e no mundo. Essa estranha gente escreve textões irados sobre o respeito à fé mas sequer entende o núcleo primacial da fé proposta por Jesus. Ver espíritas de escol defendendo o horror fascista da censura e a barbárie da perseguição às artes e à cultura é um lembrete a todos de que o orgulho e o egoísmo são as chagas que fazem um indivíduo falir em sua tarefa pessoal de transformação evolutiva. Nesse momento de terror social que a sociedade brasileira adentra, é preciso que todos, mulheres e homens, posicionem-se contrários a essa situação social de censura e perseguição construída pelo ódio e pelo projeto de poder fascista já posto. É preciso que a parte da sociedade ainda não cooptada pela mentira e pela farsa solte sua voz, apontando sem medo esses desvios que afastam todos dos sonhos de liberdade, fraternidade e justiça social. A leitura do texto abaixo de Dora Incontri é mais um grito que se precisa ecoar dentro do movimento espírita contrário àqueles que se posicionam favoráveis à política do horror que se instala na sociedade em nome dum cristianismo incoerente e insensato. Publicado no Facebook em 13/1/2020

especial natal

O especial de Natal do Porta dos Fundos é uma blasfêmia?

Dora Incontri – Jornal GGN

“A polêmica sobre o especial de Natal do Porta dos Fundos, a Primeira Tentação de Cristo, veiculado pela Netflix, segue firme. Eu mesma recebi de várias pessoas o convite para cancelar a assinatura do canal por conta da ‘blasfêmia’, cometida pelo grupo.

[…]

Apesar desses questionamentos, que o artista pode fazer a si mesmo, considero que a arte tem que ser livre sempre. Não podemos colocar limites, porque ela usa as armas que dispuser, que puder, para justamente desconstruir sacralidades, relativizar coisas absolutistas, usar reflexões provocativas, que nos levem a um estranhamento da realidade.

Assisti ao Especial de Natal e apesar de me considerar cristã e amar profundamente Jesus, não me senti em nada ofendida.

Primeiro, porque mesmo no campo teológico, histórico, houve e há inúmeras discussões sobre a figura de Jesus. Teria sido ele mais humano ou mais divino ou apenas humano? Teria conhecido as ‘tentações’ da carne? Estaria ele seguro de sua missão?

Outra coisa interessante que até muitos cristãos primitivos chegaram a considerar: o Deus do Velho Testamento era o mesmo Deus ensinado por Jesus? Um Deus guerreiro, punitivo, vingativo – que manda Abrahão matar seu filho, como prova de fidelidade – coisa aliás citada por Gregório no especial… Havia, por exemplo, os marcionitas, uma corrente de ‘heréticos’, – ou que foram assim considerados por divergirem do credo católico – que achavam que o Novo Testamento não deveria ser incorporado, ligado ou submetido ao Velho. Hoje vemos o acerto dessa proposição, quando evangélicos radicais citam mandamentos absurdos do Velho Testamento, que aliás, se opõem frontalmente à visão amorosa de Jesus.

Então, no reino da liberdade, que deve ser o horizonte que todos queremos para o mundo, não há nada que não possa ser discutido, questionado ou refutado.

[…]

Como anarquista, defendo a liberdade sempre. Se não gosto de algo, não vejo, desligo o canal e pronto.

Assim, não achei graça no Especial de Natal do Porta dos Fundos, mas lembrando Voltaire, defenderei até a morte, o direito de expressão da arte.”

A leitura do texto completo pode ser feita aqui.

O patrão quando manda embora

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joao grilo O inominável, em mais uma demonstração de completa incapacidade de compreensão da realidade que o cerca, afirmou, em novo vídeo ao vivo, que: “O patrão quando manda embora não é por maldade, é porque a pessoa não está trabalhando, está dando prejuízo, ou quer contratar alguém melhor.” Tal frase foi dita num contexto em que o líder da quadrilha miliciana ora instalada no governo federal tentava explicar que para aumentar o nível de emprego no país seria necessário reduzir direitos dos trabalhadores. Para o energúmeno presidente, emprego e direitos são coisas incompatíveis e, portanto, são justificáveis as “reformas” legais que buscam reduzir direitos trabalhistas. A farsa argumentativa dessa gente torpe é facilmente desmontada por meio dos números de desemprego alcançados pelo Brasil no final de 2014, quando chegou-se ao número de 4,8% de desemprego, menor índice da história brasileira, quando nenhuma das atuais reformas ainda existia. Se foi possível alcançar índices tão baixos de desemprego com todos os direitos trabalhistas ainda vigentes, logo não são esses direitos os culpados pelo desemprego. A dicotomia emprego x direitos, repetida pelo inominável miliciano, é falsa e atenta contra a razão, os fatos e a dignidade do trabalhador. No mais, como diria João Grilo, numa versão moderna do clássico de Suassuna, a fala do presidente eleito pela farsa e pelo ódio apenas corrobora a incompetência da elite empresarial nacional, que, além de explorar o trabalho de forma cruel, é incapaz de gerir seus negócios sem o apoio do estado capitalista. O Brasil talvez precisasse duma burguesia melhor, mais capaz. Mas o que o país precisa mesmo é de superar o sistema capitalista de produção e acabar com a sociedade de classes. A notícia original saiu no site 247. Publicado originalmente no Facebook em 10/1/2020.

2019 termina assim

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rosas Triste ver nossa sociedade passando por experiência tão horrenda e dramática. O que esse texto-lamento de Benedito Costa nos traz é a constatação que falhamos na nossa humanidade. O que estamos fazendo com as pessoas do nosso país? Cadê o “ninguém solta a mão de ninguém”? E nós, espíritas, tão ciosos em ensinar máximas evangélicas aos sábados, falar com mortos às quartas e distribuir cestas básicas ao fim dos meses, o que estamos fazendo afinal para a transformação da realidade do mundo? 2019 termina assim.   Campartilhamento de um relato de Benedito Costa em 2/1/2020 no Fecebook.

Meu vizinho decidiu não viver mais. Deixou mulher e filho. Tinha menos de 40 anos. Trabalhava com Uber após uma demissão que o deixou na lama.

Certamente, as pessoas dirão: “ah, mas não foi só por isso!”. Eu gostaria de frisar o “só por isso”. Em relação aos suicidas, o primeiro pensamento que vem é o da covardia e depois o do pecado. Continuamos enterrando os suicidas fora dos campos santos.

Fui com ele até meu trabalho, em novembro. Conversamos bastante, durante os 40 minutos da viagem. Ele, como eu, fora demitido sem receber nada de uma empresa. Assim como eu, teve ex-colegas de trabalho que foram defender os patrões, frente a um juiz claramente patronal. Assim como eu, não foi amparado pela justiça trabalhista e assim como eu teve de pagar as custas processuais. Há dois anos.

E as pessoas dirão: “ah, mas a justiça trabalhista tava cheia de gente vivendo às custas das causas; gente vagabunda”. Amigo leitor, nem eu nem meu vizinho somos vagabundos. Trabalhamos desde muito jovens.

Assim como eu, ele ficou depressivo. Assim como eu, foi parar no hospital muitas vezes (este, ano, no meu caso, umas dez vezes, sendo uma delas cinco dias de UTI). Assim como eu, muitos de seus amigos sumiram. Assim como eu, ele perdeu a dignidade que o mercado dá a quem tem um emprego regular, salário, os “direitos trabalhistas” que a justiça atual insiste em retirar. Assim como eu, ele ouvia “você precisa levantar da cama”. Assim como centenas de milhares de brasileiros vitimados pelo sistema nos últimos anos.

Somos 24 milhões de brasileiros na informalidade, fazendo Uber, entregando Ifood, catando latinhas, o que para o jornalismo da Globo é empreendedorismo. São milhões sem fundo de garantia, sem férias, décimo-terceiro — e o jornalismo, a despeito dos gritos dos pequenos lojistas, mostra que as vendas cresceram. Uma mera comparação com os números do ano passado mostram que não. Não crescemos, não vendemos, e alimentamos um mercado com “empreendedores sem patrão”.

A uberização deixa a sociedade instável. Sem poder de compra, sem fundo, sem nada, com os ganhos flutuantes, não há como planejar… E alguém dirá: “ah, mas basta trabalhar bastante, que o Uber dá, sim”. Meu! Trabalhe 15, 18 horas num dia! É voltar ao começo da industrialização!

Diferentemente de mim, que tenho amparo, meu vizinho não teve. Diferentemente de mim, ele não conseguiu trabalho. Foi um processo para o chão, para o buraco, para o escuro para ele.

Era um cara estudado. Em nossa conversa, vi que comungávamos de uma mesma visão de mundo: éramos e continuamos sendo contra um governo miliciano, assassino, que retira as poucas conquistas que tivemos nas últimas décadas.

Como eu, ele via que estamos perdendo tudo: a natureza, a saúde, a educação formal (e, eu diria, a informal), a paz. Os números de feminicídios e assassinatos da população LGBT aumentaram. As invasões de terras indígenas, quilombolas e de terreiros aumentaram.

E há quem diga que meu vizinho tirou a vida por ser fraco, por ser covarde, por não ter tido esperança, por não pensar no filho.

Era um cara sorridente, amável. Deixei minha casa aberta. Faço isso com pouquíssimas pessoas. Eu creio que poderia ter estendido a mão mais firme.

Num ano que começou com a frase “ninguém solta a mão de ninguém”, ele percebeu que isso era impossível porque ninguém segurava a mão de ninguém. Assistimos passivamente a todas as perdas, à iniquidade, à violência estatal, à violência urbana e fizemos muito pouco.

Meu vizinho não teve a ajuda da Justiça, da religião (preocupada com as coisas da “alma”, enquanto precisamos de feijão e pagar o colégio dos filhos), dos amigos, da família.

Bom, em memória dele, dessa vez não posso terminar o ano com frases bonitinhas e feitas. Estou bem triste.

Mas espero que 2020 seja um ano de luta, para que heróis como ele permaneçam vivos.

2019 foi foda! Mas 2020 tende a ser pior!

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liberdade 2019 2010 Adoramos brincar de Polliana e desejar feliz Ano Novo sem pensar no quanto é inócuo tal desejo. Na boa, não há nenhum dado objetivo que indique o tal “feliz 2020”. Questão de Fé? Pode ser. Mas a minha fé é RACIOCINADA. A fé cega nos trouxe ao CAOS EM 2019. Aliás, a fé cega tem permitido o afloramento do pior do espírito humano. E tem justificado, ao longo de toda a história, uma infinidade de barbaridades, cometidas em nome de Deus ou do capital ou da ideologia dominante, dependendo de qual fé cega se professe. Viramos o ano com um caos ambiental sem precedentes, sem solução à vista e sem tempo hábil para reverter seus efeitos; Crises humanitárias (fome crônica e guerras) e geopolíticas (golpes e intervenções nas soberanias nacionais) espalhadas por todo o globo ou todo o plano, para os terraplanistas; Uma nova guerra fria, agora TRI-polar, com três potências imperialistas (EUA, China e Rússia) com o dedo no gatilho; No meio do fogo cruzado, países pobres, pilhados pelos impérios em suas riquezas efetivas e potenciais e manobrados ao sabor dos humores do Deus Mercado e dos Senhores da guerra; A ascenção do neonazismo em diversos países, inclusive o nosso, promovida, estimulada ou, no mínimo, tolerada pelos próprios agentes que o combateram na segunda guerra mundial, dependendo dos interesses em jogo, caso a caso. Como falar em Feliz Ano Novo para uma humanidade envelhecida em seus valores e embrutecida nos seus métodos? Como acreditar num mundo de Malalas e Gretas, com figuras como Trumps e Bannons ocupando postos-chave nos centros de decisão do planeta? Como acreditar que sairemos bem dessa encruzilhada da história, quando vidas não importam mais que dinheiro e poder? Quando somos todos cobaias num laboratório onde se testa o limite da sobrevivência da própria espécie no planeta? O pior é ver que isso tudo não é ficção nem teoria da conspiração. O Brasil, de povo dócil e manipulável, ignorante e inerte, com oposição perdida como um cego em tiroteio, é um laboratório onde foi testado e aprovado o método. É a prova cabal da toxicidade dessa fórmula. Temos extrema-direita, fundamentalistas cristãos, milicianos, sistema judiciário e narcotraficantes “juntos e ao vivo”, comemorando, no poder, o Réveillon do Armageddon. E desejamos Feliz Ano Novo? Ano Novo, por si só, é uma construção do imaginário. Uma formalidade para marcar o tempo. Deveríamos nos preocupar em marcar épocas. E épocas novas não se definem pela marcha do tempo, mas por mudanças significativas no conjunto de conhecimentos acumulados, que têm implicações no desenvolvimento da tecnologia, tanto quanto na compreensão da natureza e na própria consciência da condição moral, ética e social humana, que se reflete nas atitudes, valores e relações entre os indivíduos, as culturas, os povos e as nações. Vivemos tempos difíceis, com tendências claras a piorar. Desejar Feliz Ano Novo não é suficiente. Ter “Fé em Deus” e achar que tudo vai se resolver num passe de mágica ou uma “intervenção divina” é uma auto-ilusão perigosa e preguiçosa. Fazer do mundo um lugar melhor é tarefa nossa! Esta FÉ CEGA é faca amolada e vai nos conduzir ao CAOS e à extinção, seja por omissão covarde ou por ações efetivas de autodestruição. Uma FÉ RACIOCINADA nos levaria a resultados melhores. É o tipo de fé que o próprio princípio inteligente perfeito, criador e organizador do universo, que podemos chamar de Deus, Tupã, Alá, Natureza ou o que for (fica ao gosto do freguês, isso também não é importante), depositou na espécie humana, quando a colocou como inquilina neste planeta. É isso mesmo que estou dizendo: O CRIADOR TEVE FÉ NA ESPÉCIE HUMANA! E a dotou de três ferramentas-chave: CONSCIÊNCIA DE SI MESMA, INTELIGÊNCIA E LIVRE ARBÍTRIO. A FÉ RACIOCINADA nos leva a deduzir, com o uso da lógica, que temos um problema comum a resolver: CONSTRUIR AS CONDIÇÕES MATERIAIS DE SUSTENTAÇÃO PERMANENTE E HARMONIOSA NO PLANETA, tanto entre os indivíduos da espécie quanto entre estes e as demais espécies e o próprio planeta. Em termos científicos, garantir a sustentabilidade; para os mais “fervorosos”, fazer da Terra uma das “muitas moradas da casa do Pai”. Mas esta construção tem um longo caminho e muitos requisitos a cumprir, que vão do respeito e observância às regras de “manutenção da casa” e convivência pacífica, harmoniosa e produtiva com os demais “inquilinos” do planeta, até a superação das mazelas morais e éticas, individuais ou coletivas, da própria espécie humana, superando os “defeitos básicos” do egoísmo, usura, avareza, inveja (veja a lista completa na Bíblia, no Alcorão, no Talmude, nos Vedas, no Bhagavad Gita e similares) e seus efeitos diretos: a exploração humana, a escravidão, a miséria, as doenças, a ignorância, a fome, os preconceitos de toda ordem, a concentração de riquezas etc. Nada disso se resolve rezando. A oração é apenas uma ferramenta para aproximar a pessoa do seu criador e recarregar as baterias para a AÇÃO A DESENVOLVER. AÇÃO é a palavra-chave. Não se constrói com inércia uma humanidade justa e unida na consciência de si mesma, o que também pode ser chamada de COMUNISMO OU REINO DE DEUS, ao gosto do freguês. No fim, Construir uma Sociedade sem Classes ou uma Sociedade baseada no amor ao próximo, superar o capitalismo ou evoluir espiritualmente pela supressão do egoísmo, são formas diferentes de dizer a mesma coisa, com jargões de grupos que ainda não entenderam que lutam lado a lado. É preciso lutar e trabalhar interna e externamente para construir uma consciência de que individualidades não sobrevivem permanentemente em detrimento das coletividades. Não se acaba com a miséria explorando o homem; não se superam a fome e as doenças investindo em armamentos e destruindo o planeta; não se vence as violências sem educação e cultura. São as ATITUDES que tomamos diante das mazelas, a indignação ativa diante do sistema vigente, que nos definem como indivíduos e como coletividades. Em última análise, definem se sobreviveremos como espécie ou se seremos uma APOSTA PERDIDA. Voltando ao Assunto, melhor será desejar FELIZ ATITUDE NOVA PARA TODOS.
Renato Savalli – 1/1/2020 – Publicado originalmente no Facebook.