Quando aqueles que se julgam no topo da sapiência teológica se referem ao espiritismo como território de maldição, podem em nós instigar o exercício da benevolência, para seguirmos atuando amorosamente, sob a luz da compreensão de que existe uma diversidade de olhares e ângulos de visão, aumentando assim a imunidade às formas arcaicas de intolerâncias, em cunho religioso, principalmente.
Porém, algumas reflexões nós precisamos fazer, pois além das coordenadas morais que nos movem, existem os contextos históricos e políticos que nos competem analisar, haja vista estarmos neles envolvidos. Até que ponto os espíritas eleitores e defensores do presidente percebem que somos todos alvos de intolerância religiosa por parte daqueles que empoderaram politicamente?
Ao contribuírem com o percentual de votantes brasileiros que elegeu Bolsonaro, muitos jornadeiros do meio espírita omitiram o uso da lucidez, fortalecendo um projeto totalitarista de base antiga, que mergulhado na ignorância arrogante referenda a posse de Deus a uma vertente religiosa única, embora retalhada em representatividades: o evangelismo.
Desde a nascente das intolerâncias, o espiritismo carrega a tarja de impuro ou maldito a ele imposta pelos segmentos arcaicos, que, com Bolsonaro na presidência, sentem-se não apenas representados, mas empoderados e sequiosos de aumentar a própria força, na luta por uma hegemonia evangélica no estado, que paulatinamente vai esquecendo a laicidade.
Desde as vigílias pelo presidente e envolvimento maciço na divulgação de “fake news” para manipular os mais simples na construção de um mito que também é de mentira, hordas de pastores participaram do processo eleitoral como “principados e potestades” em um reino de fé cega, com objetivos visionários de enriquecimento e domínio cultural.
Fascinados pela fanfarronice de ter “derrotado” um inimigo político fictício, os espíritas de direita continuam arrotando apoio ao algoz das liberdades.
Quantas perseguições serão necessárias para que despertem? Um estado evangélico respaldará as bases da codificação espírita? Acaso acreditam que apenas os “espiritualistas” serão alvejados? Onde estará a razão dos representantes arcaicos deste segmento espírita conservador? Estará no mesmo lugar onde esqueceram a caridade e o senso humanitário?
Por ora refletimos. Aos intolerantes, perdoamos. Mas amorosamente resistimos com Jesus e Kardec.