Em live sobre Prática da Educação Popular, EàE lança site e projeto de organização popular

1

Na noite do dia 26 de junho o Coletivo Espíritas à Esquerda lançou oficialmente seu site e seu projeto de educação e organização popular, os NEPs, Núcleos Espíritas Populares. O evento online contou com a participação da Deputada Federal Natália Bonavides (PT/RN), das vereadoras de Natal/RN Brisa Bracchi e Divaneide Basílio, ambas do PT, além de Kelli Mafort , membro da Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST.leve espiritas a esquerda

As convidadas abordaram o tema cotejando seu conhecimento das concepções de Paulo Freire com as suas experiências nos mandatos parlamentares e nos movimentos populares. Em todas as manifestações houve referências à importância do ato de ouvir como ponto de partida para uma ação construtora da autonomia, da solidariedade como valor central do processo, e da esperança como ingrediente humanizante e agregador.

A íntegra do debate está disponível aí abaixo e vale cada segundo. Além do debate, houve uma breve apresentação dos membros da coordenação do Coletivo Espíritas à Esquerda. E uma breve apresentação do projeto dos Núcleos Espíritas Populares -NEPs.

Agradecimento aos participantes da live

Agradecemos ao Mestre Paulo Freire por estar presente na transmissão do evento de inauguração deste portal, por meio das experiências, lutas e juventudes de Nátália Bonavides, Brisa Bracchi, Divaneide Basílio e Kelli Mafort.

Poderíamos remeter uma cartinha formal e individual, mas o movimento Espíritas à Esquerda é do informal e do coletivo.

Estamos felizes por iniciar o portal falando de educação popular e da imortalidade de Paulo Freire que vive, inclusive, em quem tenta combater o seu legado. Seria esse o sentido de amar aos inimigos?

O fato é que o pensador brasileiro mais citado no mundo, tem sido lembrado em nossas terras, por bons e por maus motivos. Mas o seu legado, a partilha amorosa do conhecimento, será honrado por todos e todas que almejam um mundo melhor.

Estamos esperançados. Seja pela juventude das palestrantes ou pelo compartilhamento de saberes dos que são jovens há mais tempo.

Seguimos juntos numa luta inspirada por justa raiva e jamais por ódio.

O ódio paralisa e traz estagnação. A justa raiva nos impulsiona a interferir no mundo, que está sempre sendo, como nos disse o Professor Freire.

Pois que seja justo e bom para todes, acolhendo as singularidades de cada ser.

Gratidão ao mestre Freire que nos falou por meio dessas bravas mulheres.

ASSISTA AO VÍDEO COMPLETO

O espiritismo é nada

Por Marcio Sales Saraiva Já ouvi alguns palestrantes, em casas espíritas, afirmarem que o espiritismo “explica todas as coisas”. E isso não é verdade, aliás, seria impossível. No universo em que vivemos existe uma dimensão de mistério que somos incapazes de explicar porque nem mesmo entendemos. Em “O livro dos espíritos”, por diversas vezes, Allan Kardec esbarrou no desconhecimento que os espíritos luminosos apresentavam sobre certas questões colocadas. E isso significa que os espíritos, somente por terem desencarnado, não se transformam em sabe-tudo. Eles são apenas o velho ser humano, sem a casca da carne, apodrecida no túmulo. A questão dezessete é um exemplo do que estou dizendo. Kardec pergunta se os seres humanos podem conhecer “o princípio das coisas”, isto é, a origem de si mesmo, o começo do universo material, a origem do mal etc. A resposta foi simples e direta: “Não”. E os espíritos colocaram na conta de Deus, uma concessão ao antropomorfismo, talvez para ficar mais fácil de entender. Disseram que isso não é possível porque “Deus não permite que tudo seja revelado” para os seres deste mundo em que estamos. Há um limite. Mesmo quando os espíritos dizem que “o véu se levanta” à medida que os seres vão evoluindo, ainda assim, há um problema de equipamento orgânico e cognitivo que sempre nos traz limitações e fronteiras impenetráveis. Para entendermos a origem de todas as coisas e desvendarmos todos os mistérios do mundo, teríamos que ter “faculdades” (veja a questão 18), i.e., capacidades que ainda não possuímos. Então, nossa compreensão sobre as raízes do ser e do mundo, sobre os mistérios do bem e do mal, sobre o problema do destino e da dor, é bem limitada. Ainda assim, podemos questionar e pesquisar muitas coisas, descobrir maravilhas, avançar tecnologias. A ciência está aí para isso e o espiritismo, na visão de Kardec, deve caminhar com a ciência e não com mitos e “fake news”. Sendo assim, poderemos avançar muito em conhecimento e amor através da investigação filosófica e científica. É verdade, dirão os espíritos luminosos, pois “a ciência lhe foi dada para o seu adiantamento em todas as coisas”, ou seja, a ciência é instrumento de evolução espiritual holística, em “todas as coisas”. Por outro lado, nem mesmo a ciência e todas as escolas filosóficas poderão ultrapassar os limites cognitivos que os seres humanos possuem, os “limites fixados por Deus” [ou pela lei cósmica], como dizem os espíritos na questão dezenove. Além disso, em casos especiais, através da mediunidade (ou “profecia”) —conhecida pelos estudos paranormais como clarividência ou precognição—, a divindade, usando os espíritos comunicantes, poderá revelar aos seres humanos aquilo que a ciência ignora, mas que em algum momento, ela, a ciência, poderá apreender. A reencarnação, por exemplo, é uma dessas revelações que ainda não encontra consenso na ciência, mesmo tendo um forte arsenal de casos sugestivos e evidências estudadas por alguns cientistas. Este ponto é esclarecido na questão vinte de “O livro dos espíritos”. Para terminar, saber que somos seres limitados em conhecimento é uma das formas de desenvolvermos a humildade contra todo tipo de arrogância, dogmatismo e fanatismo. E isso é muito bom, pois toda a sabedoria autêntica é fruto desta humildade do não-saber. Alguém já disse, no passado: “Só sei que nada sei”. E é deste “nada” que poderemos compartilhar algumas sementes, trocarmos pequenos saberes e experiências entre nós, mas nada de bancarmos os donos da verdade. Para lembrar Sartre, o espiritismo kardequiano é nada, por isso mesmo, é tudo o que precisamos nesse contexto, pois menos é mais.

Imagem da postagem: Garota com balões, originalmente pintada por Bansky em Shoreditch, no leste de Londres, e replicada pelo próprio autor em muro construído por Israel na Palestina invadida. Simboliza a superação dos limites humanos.

Necropolítica é demanda do capitalismo financista

Por Gastão Cassel

Necropolítica não é um termo aleatório que serve apenas para denominar o conjunto de maldades e desprezo à vida do governo brasileiro. Tão pouco é um fenômeno local, embora aqui se imponha de forma mais grotesca e cruel do que em outros lugares. A necropolítica é uma demanda do capitalismo de estágio presente de extremo predomínio do capital financeiro, do rentismo, em detrimento do capital industrial.

Vou tentar explicar de forma simples: no capitalismo “clássico” em que a riqueza (e sua acumulação) era produzida pelo trabalho nas fábricas havia sempre o “exército de reserva”, que era o contingente da população que não ocupava lugar nas linhas de produção, os desempregados que precisavam fazer à vida à margem do sistema. Este exército de reserva servia para manter os salários arrochados (“tem gente lá fora querendo teu emprego”) e para assumir o trabalho em momentos de aquecimento da economia.

O avanço da financeirização, do predomínio dos bancos, do dinheiro eletrônico, da riqueza sem lastro de valor efetivo, criou um cenário em que a riqueza se reproduz por si própria pela especulação financeira, prescindindo em larga escala do trabalho fabril. Não se trata de revogar conceitos clássicos como capital e trabalho e sua eterna contradição, mas de compreender um novo estágio do capitalismo.

Este novo estágio não precisa do exército de reserva, pelo menos em grande escala. Surgem então massas de cidadãos “desnecessários”: migrantes, refugiados, aposentados, deficientes, minorias étnicas, povos originários. Gente que, para o capitalismo financista, não tem utilidade, não serve nem para ser explorada. A necropolítica é o mecanismo de extermínio deste excedente incômodo para o sistema rentista. Uma política pública “necessária” para dar seguimento à marcha de acumulação de riqueza por muito poucos.

De alguma forma os movimentos de extrema direita, geralmente militarizados, que pipocam em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, chegam para implantar a necropolítica e abrir caminho para uma sociedade “livre” dos “estorvos sociais” que podem custar aos Estados e limitar a concentração de riquezas.

O que assistimos no Brasil na forma de sabotagem à vacinação, liberação da violência policial nas periferias, massacres de indígenas e sucateamento da proteção social não são arroubos de um governo desorientado ou meramente incompetente. São ações deliberadas a serviço de seus financiadores: os rentistas, o mercado financeiro, os bancos e todos os que criticam o governo na sua forma, mas se aproveitam da política econômica que lhes favorece.

Se compreendermos isso, entenderemos com facilidade a conivência de vários setores, especialmente da mídia que blinda o ministro da economia e sua política socialmente nefasta. A necropolítica tem mais adeptos e financiadores do que imagina.

Foto: Photo by Leonardo Yip on Unsplash

Mães, feminismos e espiritismo

0

Por Elizabeth Hernandes (EàE-DF)

Correndo aqui, antes que maio acabe e a gente não fale sobre as mães.
Mas por que correr?
Porque é maio, mês das noivas, das mães, das flores(?). Correr porque o capitalismo cria datas para gente comprar coisas para, em alguns casos, usar as pessoas. Então, dando continuidade à nossa navegação contra a correnteza, ao invés de consumir, vamos refletir. Sobre mães, feminismos e espiritismos, assim mesmo no plural.
Primeiro as mães, da forma como aborda Mariana Kotscho[1]:
“O feminismo materno também visa a lutar pelos direitos das mulheres que são mães: direito a um parto digno e sem risco de violência obstétrica, direito a ter condições de educar seus filhos, direito a tomar decisões sem julgamentos. Acho importante ressaltar aqui a crueldade dos julgamentos para todas as mulheres, sendo mães ou não. Porque as que decidem não ter filhos ou filhas também são julgadas, o que é um horror. Toda mulher tem o direito de decidir se quer ou não ter filhos. A maternidade não é obrigação de mulher alguma, nem garantia de mais ou menos felicidade. Entre outras coisas, entendo que é disso que trata o feminismo: igualdade, direitos, liberdade. Você já parou para pensar no poder de cada uma dessas palavras?”
Feminismo é tão abrangente e inclusivo que, quando uma feminista fala de maternidade, começa defendendo o direito à escolha de não ser mãe.
Outra boa reflexão vem de Patrícia Castro[2]:
“[…] o dia das mães não é bem uma data para vender perfume, lingerie e panela de pressão. É o dia destinado a vender uma ideia: a ideia, ou mito da Supermãe. O ideal da Supermulher (da qual a supermãe é subproduto) nos é vendido todos os dias, mas é especialmente celebrado no segundo domingo de maio.”
Existe maneira melhor de explorar uma pessoa do que decretar que ela é super, invencível, pode tudo e ainda de salto alto? Esse empoderamento capitalista, eu passo. Primeiro que sai caro, sob todos os aspectos, principalmente os intangíveis. E, também, é acessível apenas às mulheres brancas e com renda para consumir produtos (que vão do batom ao silicone) e serviços (que vão da academia à exploração de outra mulher, geralmente preta, para manter a casa impecável). Esse empoderamento aí é cilada, Bina!]
E tem a idealização religiosa, afinal, esse texto é para uma página espírita.
Toda religião que conheço é patriarcal, mas o espiritismo, bicho, quê que é aquilo? Joga uma tonelada de argumentos para deixar a mulherada quietinha no canto reservado às santas ou às pecadoras. Não interessa a categoria, o importante é que ela se mantenha no lugar que lhe foi destinado. E têm as heroínas dos livros espíritas, a responsabilização pelo destino de toda a família e o carma atribuído às que não aceitaram tudo, qualquer coisa e qualquer preço. Que cristianismo é esse que aprecia tanto o sofrimento feminino?
E chegamos à literatura de Chico Xavier, afinal não se fala de movimento espírita no Brasil sem levar em conta o fenômeno Chico (e também porque se não houver treta a gente nem se arruma para sair).
Destaco um dos muitos textos que exaltam a “figura santificada” da mulher, justamente pelo título: “Feminismo”. Consta do livro “Fotos da vida”[3], que abrange um conjunto de crônicas de conteúdo moral e nesta, em especial, narra-se uma suposta passagem em que Jesus e seus discípulos, perdidos no meio de uma viagem a Jericó, encontram um homem muito bruto, que se recusa a lhes orientar sobre o caminho. Depois de serem tratados com grosseria, encontram uma bela e jovem mulher que, mesmo carregando um cântaro sobre a cabeça, interrompe a caminhada e dá a informação com boa vontade e delicadeza.
Depois que a moça segue seu caminho (carregando o cântaro, claro):
“Simão aconchegou-se a Jesus e lhe falou com intimidade. – ‘Mestre, notou a diferença? O bruto que nos desconsiderou e essa menina generosa se parecem a um animal e a uma flor…’. Ante o Senhor, que se fizera pensativo, Pedro insistiu:
‘Senhor, qual será a recompensa que o Céu concederá a essa jovem que nos prestou um serviço tão grande?’. Jesus sorriu e falou ao apóstolo em voz alta: – ‘Sim, Pedro, essa jovem será recompensada; e o prêmio dela será casar-se com o homem brutalizado que passou por aqui, a fim de que consiga educá-lo para Deus e para a vida.’ Surpresa geral encerrou o assunto. É isso aí, meu caro. Se a mulher nos abandonar à própria sorte, negando-se a cumprir a missão que o Céu lhe atribui, com certeza, nós todos, os homens vinculados ainda à Terra, estaremos perdidos…”
O livro citado é de 1988, ou seja, é historicamente recente. De todo modo, a prática no movimento espírita, mudou alguma coisa, passados mais de trinta desta publicação? Até onde eu conheço, das casas espíritas tradicionais, é nesse lugar, mesmo, que os confrades esperam encontrar as confreiras. Que sejam doces educadoras, não apenas dos seus filhos, mas de qualquer marmanjo brutalizado ou macho desgovernado.
O problema é que as estatísticas[4] mostram que não há limite para os marmanjos brutalizados que, frequentemente, matam suas companheiras, sejam elas “belas, recatadas e do lar”, ou não. E esta prática vem-se acentuando ao longo do período, que ainda atravessamos, de pandemia pela covid-19.
Machos desgovernados abreviam o tempo de reencarnação de mulheres pelo fato de elas serem mulheres e é feminicídio que chama. Esse “Feminismo” descrito no livro “Fotos da vida” não é cristão e não é aceitável, é feminicida.
O título –“Feminismo”– dado para uma crônica em que o “prêmio” da mulher trabalhadora e gentil é casar-se com um homem violento, é um acinte à luta das mulheres. O autor afirma que a missão da mulher, atribuída pelo Céu (seja lá o que signifique esse Céu) é tolerar e educar homens brutalizados.
Esse Céu não interessa às mulheres. O papel da mulher, nessa psicografia, é um modelo no qual já não cabem as espíritas, em 2021. Também não interessa a programação do evento (em 2021!) cuja divulgação ilustra esse texto. A foto mostra cinco homens e uma mulher, para falar sobre as mães no Evangelho. É muito homem para essa mulher educar e… sozinha! Não é justo.
E, sim, as mulheres desempenham importante papel na educação e também na educação dos filhos. E vale a pena ler Chimamanda Ngozi Adichie[5], que admite as diferenças mostradas pela biologia, como o fato de que homens, de modo geral, têm mais força muscular que as mulheres. Mas nem isso é verdade universal pois uma mulher com treinamento pode superar um homem nesse quesito. Mas qual a importância disso, em 2021, fora da área do fisiculturismo e adjacências? A partir do momento em que se desenvolveu a tecnologia da alavanca, entre outras, força física não é ferramenta decisiva para a resolução das questões práticas da vida.
Adchie ressalta que “a questão de gênero é importante em todo canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e de mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. […] precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente. […] O modo como criamos nossos filhos homens é nocivo: nossa definição de masculinidade é muito estreita”.
Mas até a Adchie, para conclamar todos a serem feministas, tem de ressaltar as necessidades masculinas? Tudo bem. Aqui dá para aceitar porque ela não está afirmando que essa é uma responsabilidade exclusiva das mães.
Um mundo feminista é um mundo onde as mulheres não são obrigadas a carregar, sozinhas, os cântaros ou a responsabilidade pela reprodução e evolução da espécie. E esse mundo será mais suave para todos, homens e mulheres, com e sem filhos.
Nesse mundo, que ainda “não é deste mundo”, as mães não deixarão de comer para alimentar seus filhos e não serão obrigadas a fazer do próprio corpo um escudo para protegê-los da violência urbana. Esse mundo não terá mães que sequer tiveram a oportunidade de se fazerem de escudo porque seus filhos negros são sempre encontrados pelas balas perdidas, seus filhos homossexuais pela violência homofóbica e suas filhas são mortas por machos desgovernados. Nesse mundo mais feminista, não haverá milhares de filhos e de mães, mortos precocemente, por um vírus contra o qual existe vacina e protocolos sanitários baseados em evidências científicas divulgadas em escala mundial.
Então, vou ser sincera: presente no dia das mães? Gosto sim, pode trazer, eu nem sou tão comunista como dizem as boas línguas!
Mas feliz dia das mães, perfeitamente feliz, será quando for para todas as mães e todos os filhos e filhas.

1-  “Feminismo materno: a luta pelos direitos das mulheres que são mães”. Coluna “Papo de Mãe”. Disponível em https://cultura.uol.com.br/noticias/colunas/papodemae/22_feminismo-materno-a-luta-pelos-direitos-das-mulheres-que-sao-maes.html

2 – Quem fala sobre as mães? Disponível em : https://www.todasfridas.com.br/2018/05/22/pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-maes/

3 – Fotos da vida. De autoria do espírito Augusto Cézar, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Disponível em https://silo.tips/download/fotos-da-vida-chico-xavier-augusto-cezar-4

4 –  “Mulheres enfrentam em casa a violência doméstica e a pandemia da covid-19” – Monitoramento da série “Um vírus e duas guerras”, realizado a partir de dados de feminicídios e violência doméstica coletados nas secretarias de segurança pública das 27 Unidades da Federação. Disponível em https://projetocolabora.com.br/ods5/mulheres-enfrentam-em-casa-a-violencia-domestica-e-a-pandemia-da-covid-19/

5 – Adchie, Ngozi Shimamanda. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Não existe Deus no céu

Hoje estrearemos uma nova coluna nas redes sociais do Espíritas a esquerda: é a “Releituras kardecistas”, do teólogo e sociólogo Marcio Sales Saraiva. É uma honra para nós contar com a presença do Marcio entre nossos colunistas.

———————————-
Releituras kardecistas

Não existe Deus no céu

O povo —chamemos de senso comum— costuma dizer que “Deus está vendo” porque ele “sabe de todas as coisas”, “castiga” e “abençoa”. Nos momentos difíceis, recomendam-nos: “segura na mão de Deus e vai”.
Todas essas expressões populares de fé têm lá sua beleza e sabedoria prática, mas nada tem com o espiritismo fundado por Allan Kardec. Basta ler a resposta da questão 1 de “O livro dos espíritos” (tradução de Herculano Pires):
“O que é Deus? — Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
Os espíritos negam que Deus seja uma pessoa (teísmo), tal como creem os cristãos católicos e evangélicos. Para o espiritismo, seguindo a concepção que se tornou clássica na modernidade iluminista, Deus é um mecanismo cósmico, uma “inteligência suprema” posto que é incognoscível para nós, os humanos, sapiens que derrotaram os outros humanos “concorrentes”. Além disso, Deus ou Deusa (existe sexo?) é causa primária de todas as coisas existentes no mundo espiritual e físico. Deusa é a causa, o mecanismo, a inteligência.
Esta concepção kardecista dialoga com as concepções filosóficas mais avançadas da contemporaneidade, em que existe uma imensa resistência em relação às explicações metafísicas e totalitárias, supostamente detentoras da verdade absoluta.
Se para o kardecismo, Deus não é uma pessoa lá no céu sentado em trono de ouro, mas um mecanismo cósmico-causal e inteligente, então Deus é imanente, está “dentro” da vida e não fora (concepção transcendental) ou em algum lugar especial. É este Deus imanente, causal, cósmico e criativo que irá aparecer em falas importantes do profeta Jesus de Nazaré quando interrogado pelos ortodoxos fariseus. Estes últimos queriam saber onde (lugar) está o Reino de Deus.
“[não] dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17,21).
Jesus apresenta aqui uma concepção imanente de Reino de Deus. É uma realidade interior. De igual forma, a presença do Cristo. É o que diz em Marcos 13:21:
“Se, todavia, alguém lhes anunciar: ‘Eis aqui o Cristo!’ Ou ainda: ‘Ei-lo logo ali!’ Não deis qualquer crédito a isso!”
Assim como o Reino, Cristo, a Luz, a Palavra que vem de Deus, a Palavra criadora (veja no capítulo 1 de Gênesis) está dentro de cada um de nós. Somos descendentes da causa primária, da inteligência suprema.
Na questão 3 (“O livro dos espíritos”), os mentores invisíveis da vida nos alertam para a pobreza de nossa linguagem (“incompleta”) para nomear a divindade ou mesmo defini-la em seus supostos atributos.
“Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir coisas
que estão além da sua inteligência.”
De fato, como pode a inteligência humana e limitada pelo espaço-tempo da cultura, definir com clareza o que é a inteligência suprema, a causa de todas as coisas?
O kardecismo nos ensina a sermos humildes diante da grandiosidade cósmica do sagrado. A ideia de um “pensamento fraco”, abandonando os velhos e arrogantes sistemas filosóficos que tudo explicavam, é uma ideia presente na filosofia pós-moderna de Gianni Vattimo. Nela encontramos a ênfase na caridade-amor diante de um “deus morto” (o deus do teísmo, diga-se).
“Quando rejeitamos a religião, em especial o cristianismo, como verdade e o adotamos como caridade, aí se torna possível um diálogo inter-religioso honesto onde eu não sou o portador da verdade aceitando conversar com ignorantes. Eu passo a reconhecer no outro uma fé legítima, tão legítima como a minha. E isso tem a ver com a afirmação do pluralismo cultural que, também em consequência das relações políticas alteradas entre Ocidente e outros mundos culturais, que passaram do estado de colônia ao de nações independentes, fez emergir a parcialidade daquilo que por muitos séculos a filosofia europeia considerou a essência da humanitas; tem a ver ainda com a crítica da ideologia de fundo marxista; com a descoberta do inconsciente por parte de Freud, com a desmitização radical a que Nietzsche submeteu a moral e a metafísica tradicionais, inclusive o próprio ideal da verdade” (VATTIMO, p. 185).
Pensar o espiritismo como “pensamento fraco” centrado na caridade não numa “verdade objetiva”, temos aí uma das possibilidades de hermenêutica da vida humana e do sentido da existência. Fazer isso é repensar Allan Kardec para o século 21, retomando o espanto diante das coisas novas. É pegar o pensamento de Kardec e colocá-lo em novos barris de onde sairá um vinho novo para que possamos celebrar com alegria, sem aquela repetição nostálgica do anteontem. É recriar Kardec. E não era este o sonho dele, de manter o espiritismo atualizado?
Referências:
A Bíblia Sagrada. Tradução Almeida revista e atualizada. Barueri: SBB, 1993.
KARDEC, Allan (1804-1869). O livro dos espíritos: filosofia espiritualista; tradução de J. Herculano Pires. São Paulo: FEESP, 1995.
VATTIMO, Gianni. Adeus à verdade. Petrópolis: Vozes, 2016.

Chacina de Jacarezinho é mais um ato da necropolítica.

Chacina. Matança. Extermínio. Uma operação policial que resultou em 25 mortes é em tudo um fracasso técnico e moral. Se a função da polícia é preservar a paz, a integridade dos cidadãos e a ordem da sociedade, então a operação do dia seis de maio na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, foi um fracasso em todos os sentidos. A Polícia Civil fluminense fracassou, ou está escondendo suas intenções reais. O saldo de 25 mortos, sendo um policial, revela, na melhor das hipóteses despreparo, incapacidade, falta de inteligência e truculência. E a pior das hipóteses parece ser a mais plausível: uma ação violenta deliberada e seletiva. Com a conivência da grande imprensa, a Polícia diz que 24 mortos eram “bandidos”. A afirmação contrasta com os relatos de moradores: casas invadidas, pessoas sendo arrastadas, tiros atingindo estação de metrô, portas arrombadas, poças de sangue pelo chão, centenas de cartuchos de munição detonadas pelas ruas. Não é difícil deduzir que as vítimas são pessoas pobres e negras na sua maioria, jovens provavelmente. As versões oficiais desenham um confronto entre policiais e bandidos, como se fosse possível traçar uma linha de moralidade que justificasse a matança. Acontece que o cenário que “justifica” a operação é a suposta “guerra às drogas”, que mata mais gente do que as próprias drogas. Especialistas em segurança pública sugerem que a ação promove o enfraquecimento de determinadas quadrilhas para favorecer a ocupação de territórios por milícias, o que se traduziria numa ação de estado para favorecer um tipo de organização criminosa. Nenhuma morte se justifica. Especialmente porque dos dois lados as vítimas são sempre jovens negros e pobres, soldados de uma guerra que não é deles que beneficia elites de vários escalões. A operação do Jacarezinho, a chacina, é claramente mais uma manifestação da necropolítica, do extermínio seletivo, racista, eugenista e deplorável. Reflexo de uma sociedade que vive um evidente apartheid social que se aprofunda sob governos que tem a morte como programa de governo. E, como todo programa de governo, contempla ações pragmáticas. Não se pode ignorar a sequência de fatos, amplamente divulgada na Imprensa: 1. Menos de 12 horas antes da chacina, o Presidente da República reuniu-se com o governador do Rio, Cláudio Castro. Cláudio Castro é a pessoa que pode parar uma operação desse tipo. Ou ordenar. 2. A chacina, perdão, operação “Exceptis”, foi protagonizada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, sob o pretexto de que traficantes estavam aliciando crianças e adolescentes. Desde quando os traficantes NÃO aliciam crianças e adolescentes vulneráveis? Por que mais uma ação de “defesa das criancinhas do Brasil” resulta em mais mortes de pretos e pobres? 3. Quem ganha com a chacina? As milícias. Simples e sinistro assim. Numa unidade da Federação controlada pelo crime, quando o tráfico perde, a milícia ganha. E o cidadão? Esse já nasce derrotado, que o digam as crianças negras vítimas de “balas pedidas”. Esta chacina foi enorme, mas não foi a primeira. Soma-se às trágicas mortes de crianças por “balas perdidas”, desaparecimentos, fuzilamentos injustificáveis (lembram daquele músico que sofreu 80 tiros?). Estancar a necropolítica que se nutre de racismo, homofobia, sexismo e toda forma de discriminação é tarefa urgente. Essa é uma nota de luto que deve ser concluída com uma esperança de luta. Faça alguma coisa para parar esse rio de sangue.

Armada e perigosa no Natal

Imagem: foto do livro feita pela  autora do texto e imagens copiadas da web
Desde que o Brasil começou a perder a esperança fui, aos poucos, evitando me expressar por meio da roupa. Acho que menos por medo e mais por cansaço ou vice-versa, não sei. Mas ultimamente tenho começado a romper a barreira do silenciamento. Neste 24 de dezembro, depois de usar uma droga que causa euforia e sensação de poder chamada beta-endorfina, conseguida após cinco quilômetros de corrida, resolvi que iria cortar o cabelo com uma profissional – pela primeira vez este ano – e usaria a camiseta dos Espíritas à Esquerda. Não conhecia o salão mas não se pode esperar nada diferente do usual numa região de Brasília onde a maioria votou em ‘você sabe quem’ no sentido J. K. Rowling da coisa e que, no exato espaço de dois quilômetros entre uma área comercial e outra, conta com uma igreja católica, três neopentecostais e uns 50 cabeleireiros. Quem conhece Brasília não vai estranhar. Aqui é uma cidade planejada e até na parte que cresce desordenadamente, os grileiros buscam inspiração em Niemeyer. Neste contexto sociogeográfico, corre-se o risco de uma camiseta dessas ser lida como ‘comunista macumbeira’. Antes de sair, o diálogo: – Cê vai com essa camiseta? Tá procurando treta, hein… – Tô na minha. Quem quiser encarar… – E o natal, fraternidade e tal? – Saco cheio dessa hipocrisia. E já que vou pra briga, volto e me preparo. Ponho Gabriel Garcia Márquez debaixo do braço, como quem põe uma arma num coldre de ombro. Saio confiante e orgulhosa pelas trinta e duas revoluções armadas que o coronel Aureliano Buendia perdeu.” Data: 25.12.2020 Por Elizabeth Hernandes Membro do “Coletivo Nacional Espíritas à esquerda” em Brasília

O líder marxista que vacinou toda a população de seu país Coletivo Pensar a História

2
Nos anos 80, Thomas Sankara dava uma aula ao mundo e às organizações burguesas sobre como fazer uma campanha de vacinação eficaz e coerente. Em 4 de agosto de 1983, o revolucionário marxista Thomas Sankara assumiu a presidência de Burkina Faso (então chamada Alto Volta) e, rapidamente, implementou uma série de programas, medidas e reformas que operariam transformações sociais inéditas no continente africano. Uma das prioridades de Sankara era a reestruturação do sistema de saúde do país e a criação de programas visando erradicar as epidemias que castigavam a população burquinesa. A primeira grande ação do Conselho Nacional da Revolução, em matéria de saúde, foi uma grande campanha de imunização chamada ‘Comando de Vacinação’, conduzida pelo farmacologista Abdoul Salam Kaboré, ministro da Saúde de Burkina Faso. O ‘Comando de Vacinação’ foi um dos programas de imunização mais bem sucedidos do continente africano e se tornou um modelo replicado pela Organização Mundial da Saúde em países subdesenvolvidos. A campanha era ousada: previa a vacinação de todas as crianças burquinesas com idades entre 0 e 14 anos contra sarampo, meningite e febre amarela. Chamada pelo governo burquinês a colaborar, a OMS chegou a duvidar da viabilidade de tal operação. Burkina Faso era um dos países mais pobres da África e sofria já há 15 anos com uma seca prolongada que aumentou ainda mais o flagelo social entre os despossuídos do país. A taxa de mortalidade infantil burquinesa –150 mortes por mil nascimentos– era uma das maiores do mundo à época e o país quase não tinha centros médicos e infraestrutura que permitissem uma operação de imunização em larga escala. A taxa de imunização das crianças burquinesas era inferior a 5%, uma das menores do planeta. Em função disso, as epidemias castigavam o país. A taxa de letalidade da meningite chegava a 11% e o sarampo causava metade das mortes das crianças com menos de quatro anos. Malgrado o tamanho do desafio, o governo revolucionário seguiu com a ambiciosa operação. A campanha foi precedida por um abrangente estudo comportamental da população e pela criação de um comitê interministerial para implementar uma abordagem multidisciplinar e multissetorial. Também foram criados comitês de vacinação regionais e distritais, além de elaborar listas de crianças que deveriam ser imunizadas. Foram publicados guias para profissionais de saúde, professores e pais, enquanto os militares criaram uma estratégia logística para transporte dos insumos. Os Comitês de Defesa da Revolução convocaram civis para montar a infraestrutura necessária e mobilizar a população a aderir à vacinação. A campanha foi anunciada em outdoors e cartazes espalhados por escolas, bares e prédios públicos. Foram criados materiais informativos e encenadas peças de teatro sobre a importância da imunização. As redes de televisão e estações de rádio emitiam comunicados em todas as línguas locais conclamando a população a comparecer aos centros médicos para imunizar suas crianças. Países como Cuba, China e Coreia do Norte e organizações como OMS, UNICEF e Cruz Vermelha deram apoio logístico e financeiro para a campanha. Em 25 de novembro de 1984, quando os centros de saúde foram abertos para dar início a vacinação, já havia filas gigantescas de populares com seus filhos aguardando pacientemente. Muitas pessoas vieram dos vilarejos mais distantes e isolados –até mesmo de países vizinhos. O governo decidiu não apenas imunizar as crianças, mas também os adolescentes e jovens adultos que os acompanhavam. Quase todos os centros médicos precisaram requisitar mais vacinas, pois o comparecimento foi bem acima do esperado. A campanha de vacinação durou três semanas e foi um sucesso, elevando a taxa média de imunização de menos de 5% para mais de 80% –um dos maiores índices de imunização já registrados no continente africano até então. O sucesso da campanha surpreendeu os órgãos sanitários internacionais, que passaram a replicar a experiência burquinesa em outros países de baixa renda. O Comando de Vacinação continuou sendo realizado anualmente nos anos seguintes, adicionando novas vacinas, como o imunizante para poliomielite, expandindo cada vez mais seu alcance. Em 1986, o país vacinou quase 100% das crianças com menos de 5 anos. A ampla imunização permitiu ao governo controlar as epidemias de sarampo, febre amarela e meningite, liberando recursos para a compra de ambulâncias e reestruturação do sistema de saúde, que fora recentemente universalizado. Em 1987, setores reacionários das forças armadas burquinesas, em conluio com os serviços secretos dos Estados Unidos e da França, orquestraram um golpe de Estado e assassinaram Thomas Sankara, encerrando o governo revolucionário de Burkina Faso. O país, desde então, passou a registrar graves retrocessos nos esforços de imunização. Os Comandos de Vacinação foram praticamente esvaziados e menos de uma década depois, em 1998, a imunização despencou de quase 100% para 29,3%. Como consequência, o país voltou a ser assolado por epidemias que já estavam quase erradicadas ao fim dos anos oitenta.” Publicação original: https://opartisano.org/…/o-lider-marxista-que-vacinou…/ Publicado no Facebook em 23 de Dezembro de 2020. Ref/Link: no corpo do texto

À guisa de balanço

0
Imagem: logomarca do Coletivo EaE
Foi um ano terrível para todos. Isso é inegável. O país chega ao final desse ano com quase 200 mil mortos pelo vírus da pandemia e pelo verme genocida no poder. Muita dor, sofrimento, desespero e morte no caminho. Um caminho que já seria difícil sem o inominável no poder e que se tornou, por conta de sua imoralidade e inépcia, insuportável. Mas é preciso caminhar assim mesmo, e carregar cruzes e urnas eleitorais ensanguentadas pela indiferença e pela perversidade de muitos. Sim, perversidade, imoralidade, indiferença, inépcia e que tais são as qualificações que levaram a quadrilha miliciana ao poder. E, para assombro de muitos, apoiada por espíritas de largos costados, discursos melífluos e atitudes controversas. 2020 exigiu de todos paciência, resiliência e criatividade. Técnicos da área da saúde se destacaram em suas atividades de salvar vidas, dentro dos limites impostos pelos recursos disponíveis; professores se redobraram para atender às novas demandas trazidas pelo isolamento social; profissionais da limpeza urbana se expuseram ao risco para manter minimamente as condições das cidades brasileiras; e diversos outros profissionais também atuaram e se superaram para auxiliar o país em momento de tão grave crise de saúde pública e econômica e para conseguir levar ao lar o pão essencial. Apesar de ser uma proposta de balanço anual, não seria possível fazê-lo sem o contexto adequado. Por isso a introdução, ora superada. Diante desse cenário caótico, a esquerda espírita, representada aqui pelo Coletivo Nacional Espíritas à esquerda, buscou, dentro das possibilidades, ampliar seu alcance e divulgar suas propostas. Foram feitas diversas entrevistas com candidatos da esquerda às prefeituras municipais no programa “Girando a mesa”. Essas entrevistas foram transmitidas ao vivo pela página do coletivo no Facebook e se encontram todas disponíveis no canal do coletivo no YouTube. https://www.youtube.com/c/Esp%C3%ADritas%C3%A0esquerda Foram feitos também diversos debates ao vivo com temas variados de interesse da esquerda em geral e da esquerda espírita, em especial. Muitos nomes qualificados foram convidados para falar sobre os temas propostos, como racismo, autogestão dos trabalhadores, consequências sociais e psíquicas da pandemia, marxismo etc. Todos os debates também estão disponíveis no canal do coletivo no YouTube. Em relação às eleições municipais ocorridas nesse ano, o coletivo apoiou abertamente as candidaturas de esquerda e abriu espaço para divulgação de candidaturas legislativas em seus perfis sociais. E tal qual em 2019, quando se fez o I Encontro Nacional Espíritas à esquerda em Salvador, houve planejamento e organização daquele que seria o II Encontro Nacional Espíritas à esquerda, dessa vez no Rio de Janeiro, em abril. Infelizmente a pandemia obrigou o cancelamento do evento, que já estava pronto e pago. Mas talvez o maior passo dado nesse ano complicado tenha sido a estruturação dos grupos estaduais pelo Brasil. E em vários desses grupos, o lançamento de estudos, debates e planejamento daquele que é hoje o maior projeto do Coletivo Nacional Espíritas à esquerda: o anúncio do Reino. Esse projeto, discutido e construído de forma virtual e conjunta pelos membros estaduais em seus grupos específicos, foi apresentado em vários textos publicados nos perfis do coletivo nas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter. Abaixo seguem os textos que marcaram o início das discussões e seu desenvolvimento coletivo:
  1. Por um novo movimento espírita
https://www.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1058329021228088
  1. O que fazer? Ou uma proposta inicial para encaminhamentos dos “problemas candentes do nosso movimento”
https://www.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1073049716422685
  1. E o espiritismo se faz povo
https://www.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1107200249674298
  1. Os espíritas e o “Reino”
https://www.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1125002864560703
  1. Jesus libertador
https://web.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1139124926481830 Dois desses textos também foram publicados no blogue “Diálogos da Fé”, na Carta Capital, em parceria com o membro paulista do coletivo, Franklin Félix, e seguem abaixo:
  1. Por um novo movimento espírita
https://www.cartacapital.com.br/…/por-um-novo…/
  1. E o espiritismo se faz povo
https://www.cartacapital.com.br/…/e-o-espiritismo-se…/ E vem chegando 2021, repleto de desafios e cuidados. O Coletivo Nacional Espíritas à esquerda tem novos projetos, que estavam também engatilhados para acontecer ainda em 2020, mas que o contexto vivido por todos impediu seu prosseguimento. Há muito ainda por fazer, e se pretende ampliar ainda mais a luta e o espaço da esquerda espírita. Venha participar desse projeto nacional de transformação do movimento espírita. Engaje-se nos grupos regionais e participe das atividades, debates e propostas. Feliz 2021 a todos! Publicado no Facebook em 28 de Dezembro de 2020. Ref/Link: no corpo do texto        

Esse sangue em suas mãos

2
Com quase duas centenas de milhar de mortes causadas pela covid-19 e pela incompetência criminosa desse (des)governo miliciano e corrupto, com desemprego em níveis históricos, com a educação destroçada, com os biomas nacionais sendo destruídos, com as terras dos povos originários tomadas pela violência do agronegócio, com tanta desgraça junta, conclui-se que não há álcool em gel suficiente para desinfetar as mãos ensanguentadas daqueles que votaram “17” em 2018. E o que será que se passa na cabeça dos bolsoespíritas diante dessa horrenda realidade? Será que refletem sobre o mal que causaram à sociedade brasileira? Será que em suas preces pedem perdão pela grave falha moral cometida? Ou será que sua tão propalada “reforma íntima” é apenas discurso exterior e ainda pensam, com seu senso moral debilitado, em reeleger o inominável energúmeno? E como será que essa estranha gente estuda o evangelho libertador, amoroso e fraterno? Olha no que deu o espiritismo… Publicado no Facebook em 21 de Dezembro de 2020.