“Séculos de Brasil numa foto…”
A frase acima, dita pelo professor de filosofia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Romero Venâncio, sobre a foto [1] dessa postagem, resume bem a situação da extrema desigualdade social no Brasil.
Nessa republiqueta laranjeira, presidida por uma quadrilha de milicianos e corruptos, cujo único projeto é dizimar as populações mais vulneráveis, retirando-lhes direitos e dignidade, a situação da desigualdade social é caótica. Segundo dados oficiais da ONU, publicados no Relatório Social Mundial 2020[2], o Brasil, que reduzia lentamente seu abismo social nas duas últimas décadas, voltou a aumentar a desigualdade social nos últimos cinco anos[3],
Num país que já ocupa as piores colocações mundiais em índices que medem a desigualdade social, vê-la aumentando de novo é um crime social sem tamanho.
A pandemia do novo coronavírus veio expor as entranhas dessa chaga social aberta[4]. A grande massa populacional que infla os números da desgraça social nacional não tem como fazer isolamento social, não tem como “ficar em casa”, não tem apoio dos governos federal, estaduais e municipais para manter um nível mínimo de renda ou subsidiar suas despesas básicas e, pior, não tem acesso a um sistema de saúde que lhe atenda com dignidade e eficácia. Os mortos, incluindo a quantidade inacreditável de subnotificação[5], serão pobres e moradores de comunidades, favelas e invasões espalhadas pelo caos urbano das grandes cidades brasileiras.
O Brasil precisa de um projeto revolucionário de sociedade. Já são mais de 500 anos de exploração do seu povo e do seu meio ambiente, que continua de forma avassaladora e sem perspectivas de mudança a curto ou médio prazos. A tarefa que a sociedade nacional tem pela frente, principalmente da sua imensa parte progressista, é a de criar e manter espaços de conscientização política e classista, fornecendo ao povo alienado pelas condições opressoras do trabalho as ferramentas necessárias para sua emancipação e libertação.
Os espíritas, apesar de poucos, têm um papel importante nessa tarefa, pois ocupam, conforme dados do IBGE, a fatia mais privilegiada economicamente e educacionalmente da classe trabalhadora[6]. Portanto têm obrigação moral e social de atuar politicamente para a promoção dessa emancipação popular. E essa é a tarefa dessa geração de espíritas, colocada nesse país, um caldeirão de desigualdades e opressão, para auxiliar na sua transformação.
É preciso superar as bobagens místicas de “coração do mundo”, porque não há pátria ou povo escolhidos, e trabalhar incansavelmente para a mudança social utópica proposta nas páginas das obras kardecistas.