
Silvio de Almeida no Roda Viva e a representatividade negra de uma geração
O professor Silvio Luiz de Almeida foi o entrevistado do programa “Roda Viva”, da TV Cultura na última segunda-feira, dia 22 de junho. Sua entrevista sobre o racismo estrutural e os recentes movimentos pelo mundo de luta antirracista foi um dos temas mais comentados nas redes sociais na noite da entrevista, e também no dia seguinte, por conta de suas clareza e qualidade. Abaixo uma reflexão sobre a entrevista e sobre a contribuição teórica do professor.
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Texto por Martina Gomes Esquerda Diário Silvio de Almeida, que para muitas ativistas negras nesse país dispensa apresentações, é advogado, filósofo, doutor e pós-doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da USP. Atua como professor da Escola de administração da Fundação Getúlio Vargas, da Universidade Mackenzie e professor visitante da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, EUA. É presidente do Instituto Luiz Gama. Na noite desta segunda-feira (22) fomos brindados com sua excelente exposição no programa “Roda Viva” da TV Cultura, um programa com mais de três décadas de existência e que tradicionalmente realiza entrevistas com personalidades importantes de cada momento do país. Silvio de Almeida é de fato uma dessas personalidades. Ele é responsável por cunhar o conceito de RACISMO ESTRUTURAL, em livro com o mesmo título, lançado em 2018 na Coleção Feminismos Plurais, reeditado pela editora Pólen, em 2019. A primeira edição do livro esgotou rapidamente, e isto tem uma justificativa óbvia, a compreensão da atual situação de desigualdade racial/social e violência que vivemos no Brasil parte necessariamente da ideia de que o racismo não está apenas no campo moral, da cultura, das instituições, ele é algo estrutural na sociedade em que vivemos. Todos interessados em intervir nessa realidade tão complexa como a que vivemos deveriam ler o livro de Silvio de Almeida. Ele constrói uma síntese sobre a visão marxista da sociedade sob a ótica do peso da raça para a constituição do mundo tal como conhecemos. Suas referências partem das contribuições da “Crítica a economia política” de Marx com intelectuais como Abdias do Nascimento, Clóvis Moura, Lélia Gonzáles, Guerreiro Ramos entre outros para pensar a partir do pensamento negro brasileiro. Porém, Silvio também utiliza outros instrumentos de análise vinculados a Foucault, em especial quando dialoga com Achille Mbembe. E este último, para além do conceito de necropolítica, tão disseminado nos dias de hoje, Silvio realiza uma reflexão densa sobre o sair da grande noite e o peso da colonização para constituição dos atuais estados. Sem dúvida este livro é uma obra que já consta como imprescindível para entender a formação social brasileira e suas consequências até os dias atuais. Neste sentido, na entrevista dada ao “Roda Viva” (22), ele foi categórico na demonstração de como todas as mazelas dessa crise sem precedentes que a humanidade enfrenta reforçam ainda mais as desigualdade construídas a partir da ideia de raça. Exemplificação de como o capitalismo em seu processo de exploração não pode prescindir das ferramentas de dominação para sua organização social. Mas Silvio falou sobre uma totalidade, e isso inclusive pode ter causado espanto em uma parcela que acredita que o tema de enfrentamento ao racismo ainda é algo lateral, ou secundário.Intelectualidade negra
Em diálogo com o livro “A armadilha da Identidade” do paquistanês Asad Haider (2019, ed. Veneta), o qual Silvio escreveu o prefácio e mencionou ontem em um momento do debate, é possível problematizar o lugar da intelectualidade negra na produção de conhecimento.
Paulo, o FreirePaulo, o Freire

Leituras em tempo de quarentena
Nesse texto, Sinuê Miguel, membro do Coletivo Nacional Espíritas à esquerda e autor do livro “Movimento Universitário Espírita: religião e política no espiritismo brasileiro (1967-1974)”, publicado pela Alameda Editorial, fala sobre a experiência de autogestão dos trabalhadores na antiga Iugoslávia, tema bastante pertinente a todos que têm como objetivo a transformação das relações de trabalho na sociedade.
Thomas Sankara
“O escravo que não é capaz de assumir a sua rebelião não merece que tenhamos pena dele. Este escravo será o único responsável pela sua desgraça se ele se iludir sobre a condescendência de um mestre que afirma libertá-lo. Apenas a luta pode ser livre.”
“É justo sacrificar-se pelo futuro.”
A seguir, texto de Vascomunistas: “Capitão militar burquinense, revolucionário marxista & presidente de Burkina Faso de 1983 a 1987, esse foi Thomas Isidore Noël Sankara. O movimento negro brasileiro é em sua grande maioria abertamente liberal e anticomunista. Sankara compreendeu que não há capitalismo sem racismo e como bom marxista, fundamentou sua luta para além de antirracista, sistematicamente anticolonialista, anti-imperialista e acima de tudo, anticapitalista.
Uma fábula palestina – II
“Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos. Quando Jesus desembarcou, veio logo ao seu encontro dos túmulos um homem possesso de espírito imundo, o qual tinha ali a sua morada, e nem mesmo com cadeias podia já alguém segurá-lo; porque tendo sido muitas vezes seguro com grilhões e cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões, e ninguém tinha força para o subjugar; e sempre, de dia e de noite, gritava nos túmulos e nos montes, ferindo-se com pedras. Vendo de longe a Jesus, correu para ele e adorou-o, gritando em alta voz: ‘Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus te conjuro que não me atormentes’. Pois Jesus lhe dissera: ‘Espírito imundo, sai desse homem.’ Perguntou-lhe: ‘Qual é o teu nome?’ Respondeu ele: ‘Legião é o meu nome, porque somos muitos.’ E rogava a Jesus com instância que os não mandasse para fora do território. Pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos; e os espíritos imundos suplicaram-lhe, dizendo: ‘Envia-nos para os porcos, a fim de que entremos neles.’ Ele o permitiu. Eles, saindo, entraram nos porcos; a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se pelo declive no mar; e ali se afogaram. Os pastores fugiram e foram dar notícia disto na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que tinha acontecido. Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado que havia tido a legião, sentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo. Os que presenciaram o fato, contaram-lhes o que havia acontecido ao endemoninhado e aos porcos. Começaram a rogar-lhe que se retirasse daqueles termos. Ao entrar ele na barca, aquele que fora endemoninhado rogou-lhe que o deixasse estar com ele. Jesus não o permitiu, mas disse-lhe: ‘Vai para tua casa, para teus parentes e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.’ Retirando-se, começou a publicar em Decápolis tudo o que lhe havia feito Jesus; e todos ficaram maravilhados.”
Marcos, 5, 1-20.

Espiritismo e a práxis política
Mais um texto exclusivo de Elton Rodrigues para sua coluna na página “Espíritas à esquerda”. Nesse novo artigo, o autor nos convida a pensar passos para a transformação social para além da resistência.
Resistir é preciso, mas é apenas o primeiro passo
“Para a esquerda, a política deve ser a arte de tornar possível o impossível. E não se trata de uma declaração voluntarista. Trata-se de entender a política como a arte de construir força social e política capaz de mudar a correlação de forças em favor do movimento popular, de tal modo que possa tornar possível no futuro o que hoje aparece como impossível”.
Marta Harnecker, “Ideias para a luta”.
Em princípio, a doutrina espírita como corpo teórico é examinada e reconsiderada, por espíritas, para que a regeneração da sociedade seja empreendida. Enquanto o espiritismo fornece subsídios lógico-morais para a transformação dos indivíduos, o espírita que compreende que a lei de Deus é de justiça e de amor precisa, com todas as suas forças, passar da teoria à prática. Isso, porque só é possível alcançar a paz e a justiça se houver luta por esse objetivo não só no mundo íntimo, mas, também, na concretude da vida de encarnado.
Eusínio Lavigne: um breve resumo
Eusínio Lavigne, 1873-1973, esse baiano de Ilhéus foi espírita, político, jurista, jornalista, escritor e marxista.
Eusínio foi casado com ninguém menos que Maria Odília Teixeira, a baiana de São Félix do Paraguaçu, que superou as estatísticas e formou-se em medicina em 1909 e tornou-se a primeira médica negra do Brasil.


Ma fábula palestina
“Encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e cambistas assentados negociando; tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos cambistas e virou as mesas; e disse aos que vendiam as pombas: ‘Tirai essas coisas daqui; não façais da casa de meu Pai, casa de comércio’.”
João, 2, 14-16.
