“O escravo que não é capaz de assumir a sua rebelião não merece que tenhamos pena dele. Este escravo será o único responsável pela sua desgraça se ele se iludir sobre a condescendência de um mestre que afirma libertá-lo. Apenas a luta pode ser livre.”
“É justo sacrificar-se pelo futuro.”
A seguir, texto de Vascomunistas:“Capitão militar burquinense, revolucionário marxista & presidente de Burkina Faso de 1983 a 1987, esse foi Thomas Isidore Noël Sankara. O movimento negro brasileiro é em sua grande maioria abertamente liberal e anticomunista. Sankara compreendeu que não há capitalismo sem racismo e como bom marxista, fundamentou sua luta para além de antirracista, sistematicamente anticolonialista, anti-imperialista e acima de tudo, anticapitalista.Thomas Isidore Noël Sankara foi um militar, revolucionário marxista, pan-africanista e líder político de Burkina FasoMuitos acusam falsamente o marxismo de eurocêntrico, porém, viram o rosto pra figuras como Sankara, Carlos Marighella, Ho Chi Minh, Lumumba, sem contar da fundamental contribuição das nações socialistas na libertação da África. Ironicamente, idolatram os Panteras Negras, mas, parece que o apreço é apenas pelo logotipo bonito, tendo em vista que desprezam o fato de serem essencialmente marxistas-leninistas.Sankara, à frente de Burkina, promoveu inúmeros avanços, inclusive, possibilitando a autonomia e participação das mulheres no processo político.‘As origens da dívida remontam às origens do colonialismo. Aqueles que nos emprestaram dinheiro são os mesmos que nos colonizaram. São os mesmos que geriam as nossas economias. Os colonizadores endividaram África através dos seus irmãos e primos que eram os credores. Não temos nenhuma ligação com essa dívida. Portanto, não podemos pagar por isso’.”Para saber mais sobre Thomas Sankara, vale ouvir o ótimo episódio de “Camaradas” da página Revolushow: clique aqui.Publicado no Facebook em 06/06/2020
“Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos. Quando Jesus desembarcou, veio logo ao seu encontro dos túmulos um homem possesso de espírito imundo, o qual tinha ali a sua morada, e nem mesmo com cadeias podia já alguém segurá-lo; porque tendo sido muitas vezes seguro com grilhões e cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões, e ninguém tinha força para o subjugar; e sempre, de dia e de noite, gritava nos túmulos e nos montes, ferindo-se com pedras. Vendo de longe a Jesus, correu para ele e adorou-o, gritando em alta voz: ‘Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus te conjuro que não me atormentes’. Pois Jesus lhe dissera: ‘Espírito imundo, sai desse homem.’ Perguntou-lhe: ‘Qual é o teu nome?’ Respondeu ele: ‘Legião é o meu nome, porque somos muitos.’ E rogava a Jesus com instância que os não mandasse para fora do território. Pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos; e os espíritos imundos suplicaram-lhe, dizendo: ‘Envia-nos para os porcos, a fim de que entremos neles.’ Ele o permitiu. Eles, saindo, entraram nos porcos; a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se pelo declive no mar; e ali se afogaram. Os pastores fugiram e foram dar notícia disto na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que tinha acontecido. Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado que havia tido a legião, sentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo. Os que presenciaram o fato, contaram-lhes o que havia acontecido ao endemoninhado e aos porcos. Começaram a rogar-lhe que se retirasse daqueles termos. Ao entrar ele na barca, aquele que fora endemoninhado rogou-lhe que o deixasse estar com ele. Jesus não o permitiu, mas disse-lhe: ‘Vai para tua casa, para teus parentes e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.’ Retirando-se, começou a publicar em Decápolis tudo o que lhe havia feito Jesus; e todos ficaram maravilhados.”
Marcos, 5, 1-20.
A cura do endemoniado, pintado por Sébastien Bourdon entre 1653-1657 e exposto no Musée Fabre, Montpellier, FrançaDizia-se, pelos caminhos da urbe grega, que esse homem que vivia entre mortos e era subjugado por demônios autodenominados “Legião” gritava e urrava palavras sem sentido pelos túmulos daquela necrópole decapolitana: “É só uma gripezinha!”, “Alguns vão morrer, lamento, é a vida!”, “E daí?”. Algumas vezes o tom de voz mudava e as palavras vomitadas pela boca imunda do possesso geraseno soavam, quando compreendidas, mais ou menos assim: “AI-5!”, “Intervenção militar já!”, “Art. 142 neles!”, dentre outras expressões do aquém umbralino.Após a cura da grave obsessão do pobre endemoniado, que se livrou daquela infâmia verborrágica que o envergonhava moral e cognitivamente, os demônios aportaram na vara tupiniquim que, incauta, chafurdava na pocilga da inconsciência social e política. Dizia a patuleia de Gadara e Gérasa que o persigal, não tendo mais ouvidos para sua insensatez, jogou-se no abismo das mentiras, grunhindo seu ódio pelas redes sociais decapolitanas e culpando a luz por sua desgraça moral perante o resto do mundo civilizado.Diz-se, à moda de Foucault, que essa fábula sem serventia, posto prestar-se tão-somente à reflexão, foi ouvida nalguma esquina das veredas empoeiradas dalguma cidade helênica ao leste do Mar da Galileia. Mas dizem, após a libertação daquela grave obsessão demoníaca, que o homem sarado daquela doença fascista assinou algum manifesto para registrar sua cura da doença que afligia, à época, cerca de 30% da plebe ignara. E que o curandeiro saiu por todos os lugares a pregar a vitória contra aquele mal e a libertar os que ainda eram passíveis de cura. E, quanto aos incuráveis, por conta da adiantada metástase moral, restariam apenas os abismos suínos e os eventos federativos.Publicado no Facebook em 06/06/2020
Mais um texto exclusivo de Elton Rodrigues para sua coluna na página “Espíritas à esquerda”. Nesse novo artigo, o autor nos convida a pensar passos para a transformação social para além da resistência.
Resistir é preciso, mas é apenas o primeiro passo
“Para a esquerda, a política deve ser a arte de tornar possível o impossível. E não se trata de uma declaração voluntarista. Trata-se de entender a política como a arte de construir força social e política capaz de mudar a correlação de forças em favor do movimento popular, de tal modo que possa tornar possível no futuro o que hoje aparece como impossível”.
Marta Harnecker, “Ideias para a luta”.
Em princípio, a doutrina espírita como corpo teórico é examinada e reconsiderada, por espíritas, para que a regeneração da sociedade seja empreendida. Enquanto o espiritismo fornece subsídios lógico-morais para a transformação dos indivíduos, o espírita que compreende que a lei de Deus é de justiça e de amor precisa, com todas as suas forças, passar da teoria à prática. Isso, porque só é possível alcançar a paz e a justiça se houver luta por esse objetivo não só no mundo íntimo, mas, também, na concretude da vida de encarnado.De forma inusitada, muitas e muitos espíritas manifestam uma completa separação entre o que dizem acreditar, pela coerência, e aquilo que se esforçam para imprimir na sociedade. Não estou, aqui, falando das inúmeras dificuldades e imperfeições humanas que geram uma dissonância entre o que está e aquilo que deseja ser, pois que isso seria um desatino. Digo acerca das exposições e práticas homofóbicas, misóginas, racistas, antipobres, fascistas, enfim.Esse descompasso não é elucidado por uma possível ausência de leitura ou de uma incompreensão dos textos de Allan Kardec ou dos ensinamentos de Jesus de Nazaré. Há um esforço gigantesco por deturpar a concatenação das ideias desses, e de outros pensadores, para defender posicionamentos arcaicos. Ou seja, há hipocrisia e método para que essas teses sejam absorvidas pelo maior número possível de espíritas.Como, então, frear a proliferação dessas teses esdrúxulas?Inicialmente, é necessário ocupar os espaços, físicos e digitais, para que um espiritismo mais conectado com o mundo e com o povo seja apresentado. Em verdade, o objetivo não é apresentar algo novo, mas simplesmente mostrar o verdadeiro espiritismo. Há quem diga que o espiritismo é elitista. Discordamos. O movimento espírita pode ser elitista, mas a tese espírita é para todos, voltada, principalmente para a promoção dos despossuídos do mundo.Em um planeta regenerado, não há espaço para fome e preconceitos. Não há espaço para as explorações –do corpo e da alma– tão comuns no tempo presente. Será, então, que é factível um mundo regenerado coordenado pelo capitalismo e pelo capital? Acreditamos que não. Logo, são essas reflexões que precisam ser abordadas e aprofundadas.Esse é apenas um primeiro passo para que haja o fortalecimento da resistência contra o discurso fascista que adentrou o movimento espírita brasileiro. Porém, resistir é um e apenas o primeiro passo. Temos que avançar, ganhar terreno, criar as condições ideais para a ruptura completa com esta sociedade assentada nos padrões burgueses.Como tão bem disse Allan Kardec[1],“Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de ideias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram consequência do estado de formação da Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da humanidade.”Nota:[1] KARDEC, Allan. “A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”, Capítulo XVIII, “Sinais dos tempos”, item 7.Coluna anterior:https://www.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1002552926805698Publicado no Facebook em 05/6/2020
Eusínio Lavigne, 1873-1973, esse baiano de Ilhéus foi espírita, político, jurista, jornalista, escritor e marxista.
Eusínio foi casado com ninguém menos que Maria Odília Teixeira, a baiana de São Félix do Paraguaçu, que superou as estatísticas e formou-se em medicina em 1909 e tornou-se a primeira médica negra do Brasil.Capa do livro de Eusínio LavigneAutor de diversos livros, dentre eles, alguns com análises sobre as relações entre o espiritismo e o socialismo, sendo certamente um dos mais interessantes o livro “Os espiritualistas perante a paz e o marxismo: a perfectibilidade do espírito, pelo socialismo”, que traz na sua capa a seguinte proposta: “Interpretação progressista do Livro dos Espíritos”.Essa obra, uma das primeiras em português com tal proposta, pois de 1955, teve como prefaciador o célebre romancista e comunista Jorge Amado, amigo e admirador de Eusínio.Na explicação que introduz seu texto, encontra-se a seguinte passagem:“Ora, o socialismo, ou comunismo, fundamentado, com ‘lógica assombrosa’, pelos gênios de Marx e Engels, é o único sistema, precisamente por ser científico, capaz de preparar aquela ‘organização social, criteriosa e previdente’, a que se referiu Kardec. Isso, porque, acabando não só com a ‘exploração do homem pelo homem’, mas com a concorrência de classes entredevorantes, o socialismo, à Marx, liquida com o egoísmo e possibilita, inelutavelmente, o aprimoramento da inteligência e do coração humano (resp. 913-916, Livro dos espíritos). E, por isso mesmo, abrirá ilimitadas perspectivas à liberdade das investigações psíquicas.Prefácio de Jorge AmadoAssim, a doutrina materialista do marxismo, paradoxalmente, por seu amor à paz e à ciência, nos assegura, através do socialismo, que é o seu campo de luta proletária, o mais propício ambiente ao estudo do verdadeiro espiritualismo, com resultados definitivos para o secular problema da imortalidade do espírito.Eis a tese que procuramos sustentar nas cartas trocadas com o nosso prezado amigo Leopoldo Machado, e, aliás, em outros escritos nossos.”Um clássico espírita de leitura fundamental a todos os que se interessam pela proposta do movimento espírita progressista.Para saber mais sobre Eusínio Lavigne clique aqui.Para saber mais sobre Maria Odília Teixeira clique aqui.Maria Odília Teixeira e Eusínio LavignePublicado no Facebook em 02/6/2020
“Encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e cambistas assentados negociando; tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos cambistas e virou as mesas; e disse aos que vendiam as pombas: ‘Tirai essas coisas daqui; não façais da casa de meu Pai, casa de comércio’.”
João, 2, 14-16.
Cristo expulsando os mercadores do templo, pintado por volta do ano 1600, por Doménikos Theotokópoulos, conhecido como El Greco, e está exposto na National Gallery, Londres.E, depois de ter feito isso, sofreu represália de muitos. Um mais ortodoxo chegou a repreendê-lo, dizendo: “Por que não fez uma nota de repúdio e a entregou às autoridades competentes?”. Já outro, menos legalista, admoestou-o aos brados: “vai pra Cuba! Para agir assim, deve estar chapado!”. Um terceiro lembrou, ao autor daquela cena, que em vez de chicotear e derrubar e empurrar, ele deveria tentar um movimento pela paz mundial pautado na não violência, encerrando com uma frase emblemática: “Mas Ghandi…”. Ouviu-se ainda de outro indignado com o vandalismo a seguinte exaração: “Não foi esse que disse que não veio trazer a paz, mas a espada?”.Diz-se, à moda de Foucault, que essa fábula sem serventia, posto prestar-se tão-somente à reflexão, foi ensinada nalguma esquina das ruas empoeiradas duma cidade palestina qualquer. Mas dizem, após o estranho evento, que tudo isso foi feito porque o protagonista tinha autoridade moral para tanto. Diz-se também, outrossim, que só não se conseguiram convencer dessa evidente verdade abatidos e empurrados.Publicado no Facebook em 31/5/2020
Para quem ainda achava que um novo golpe civil e militar não mais caberia na nossa república, parece não haver mais surpresas desse mórbido projeto da quadrilha miliciana, haja vista as últimas declarações de seus maiores representantes.
Manifesto dos espíritas progressistas pela abertura do processo de cassação da chapa Bolsonaro-MourãoNum breve contexto mui recente, podem-se listar os seguintes anúncios feitos pelas redes sociais e reverberados pelos grandes meios de comunicação:
A rebeldia pueril do general:
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, na última sexta-feira, dia 22 de maio, rebelou-se com a possibilidade de apreensão do celular do presidente miliciano e genocida[1] após o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um pedido apresentado por parlamentares de oposição para apreensão do celular do inominável. Sua reação foi destemperada e despropositada, afirmando que isso seria uma “afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e interferência inadmissível de outro Poder” e que “poderá ter consequências imprevisíveis”. Disse ainda que “o pedido de apreensão do celular do presidente da República é inconcebível e, até certo ponto, inacreditável”, acrescentando um “alerta” às autoridades de outros poderes de que “tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.A pergunta que não se cala, apesar do silêncio conivente e covarde do STF e da grande imprensa, é: que consequências, general? Isso é uma ameaça ao estado nacional transformado nessa republiqueta laranjeira, miliciana e corrupta?
A ameaça explícita do 03:
A família miliciana participa, toda, até mesmo vereador, do governo federal. Isso já se sabe há muito. Mas um dos príncipes herdeiros do trono miliciano passou a assumir seu papel de ameaçador da república e de instigador da desordem institucional.Em transmissão ao vivo com o investigado e famoso difusor de mentiras e notícias falsas, o “blogueiro” Allan dos Santos, o 03 afirmou não ter dúvida de que será alvo de uma investigação em breve e disse que participa de reuniões em que se discute não “se”, mas “quando” acontecerá o “momento de ruptura” institucional no Brasil[2].
A desobediência ao judiciário do “capo di tutti capi”:
Hoje pela manhã, dia 28 de maio, o energúmeno presidente, o chefe da quadrilha eleita pela mentira e pelo ódio e sob a complacência criminosa da imprensa cooptada e do judiciário interessado, mostrou-se indignado com a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão contra seus cúmplices, no inquérito das “fake news” e, em frente ao Palácio da Alvorada, falando para seu cercadinho de apoiadores milicianos, disse em alto tom:“As coisas têm limite. Ontem foi o último dia e eu peço a Deus que ilumina as pessoas que ousam se julgar melhor e mais poderosas que os outros, que se coloquem no seu devido lugar. […] Acabou, porra!”[3].O que acabou? A única coisa que fica patente para todos é que o (des)governo fascista acabou. Não há projetos de saúde, de educação, de promoção do trabalho, de nada, enfim. Na verdade, esse (des)governo jamais começou.Portanto, o que se percebe nas últimas declarações do emparedado crime organizado instaurado no poder central é o aumento do tom golpista e das ameaças às frágeis instituições republicanas nacionais. E isso acima relatado foi apenas a partir das decisões judiciais tomadas pelo STF na última semana, pois essas ameaças às instituições já vêm acontecendo desde o último período eleitoral e durante todo o ano passado –lembram-se do jipe com um cabo e um soldado?[4] Ou a ameaça de um novo AI-5[5]?É preciso que o Congresso Nacional e os órgãos máximos do poder judiciário (STF e TSE) assumam seu papel nesse latifúndio de canalhices e afastem com urgência essa quadrilha com intenções autoritárias do poder executivo federal. E, caso não o façam, por desídia e covardia, devem assumir que se prestaram ao triste papel histórico de omissos e, portanto, apoiadores da ruptura institucional do estado brasileiro.Os espíritas progressistas já se manifestaram recentemente contra essa situação política vexatória e exigiram a queda desse (des)governo e da sua necropolítica[6].Aos que quiserem unir-se a esse manifesto, o endereço para assinatura está aqui.Notas:[1] https://extra.globo.com/…/general-heleno-diz-que…[2] https://www.terra.com.br/…/eduardo-bolsonaro-critica…[3] https://br.noticias.yahoo.com/bolsonaro-revolta-acao-fake…[4] https://agenciabrasil.ebc.com.br/…/eduardo-bolsonaro…[5] https://brasil.elpais.com/…/poli…/1574424459_017981.html[6] https://web.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1029865864074404Publicado no Facebook em 28/5/2020
Manifesto também assinado pelo coletivo “Espíritas à esquerda” e por muitos dos nossos membros espalhados pelo país.
Elton Rodrigues e Franklin Felix, com a colaboração de muitas mãos do movimento espírita progressistaBlogue “Diálogos da fé”CartaCapital“Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?– Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.”(“O livro dos espíritos”, questão 932)Espíritas, atravessamos um período conturbado, não apenas como consequência da pandemia ocasionada pela covid-19, mas, também, pela necropolítica de Bolsonaro e seus asseclas.Em “O livro dos espíritos”, “Lei de sociedade”, questão 768, os espíritos afirmam que a união social é essencial para assegurar o bem-estar e o progresso da sociedade. Já em “O evangelho segundo o espiritismo”, “Os trabalhadores da última hora”, Constantino afirma que “o obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade”. Por fim, Humberto Mariotti, em sua obra “Parapsicologia e materialismo histórico”, diz que “a filosofia espírita só estará definitivamente arraigada no mundo no dia em que se dedicar à consideração filosófica, social e religiosa da chamada lutas de classes”.O espiritismo não é doutrina apartada dos problemas sociais. É, em verdade, mais uma ferramenta que nos auxilia a construir os meios que permitirão alcançar, enfim, uma sociedade justa e fraterna. Assim, torna-se urgente a união dos espíritas que se opõem aos discursos e às propostas fascistas que invadem a sociedade e o próprio movimento espírita, pois essa atmosfera de ódio, preconceitos e morte está em completo desacordo com a proposta espírita de transformação do mundo.Para frear tal situação, é necessário somar forças para reconhecer a necessidade de superar a dependência, assim como a miséria e as contradições históricas, com políticas orientadas aos interesses da maioria do povo, e não das classes dominantes. E essa somatória não deve estar circunscrita aos militantes partidários.É indispensável que todo e toda militante, nos diversos espaços sociais, estejam lutando por um mundo melhor, não apenas para uma pequena fração de falsos predestinados, mas para todos. Além disso, torna-se urgente conter essa onda neofascista que arruína o país, em que as classes dominantes, em tempos de incertezas e de possíveis revoltas populares, utilizam-se de quaisquer meios para resguardar a apropriação privada da riqueza produzida socialmente e todos os seus privilégios daí decorrentes.Por essa razão, os espíritas progressistas, movimento amplo, plural, suprapartidário, entendendo a gravidade do momento em que o Brasil está atravessando, reúnem-se em torno de três objetivos principais:
Maior proteção da população contra o contágio pelo novo coronavírus, principalmente das pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social;
Amparo econômico e social da população afetada pelas medidas de isolamento; e
O afastamento imediato de Jair Bolsonaro e de toda sua equipe da presidência da República.Queremos a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão.
E, para atingirmos tal intento, nós, espíritas progressistas, manifestamos publicamente:— Solidariedade e preces às famílias dos milhares de mortos por covid-19 no Brasil;— Reconhecimento a cientistas, instituições nacionais de saúde e universidades públicas pelo esforço empregado para atingir maior compreensão da covid-19 e sua propagação. Sendo o espiritismo uma tradição que se apoia na ciência e dialoga com ela, não nos podemos alinhar ao negacionismo científico que tomou conta das instâncias do poder federal;— Agradecimento a profissionais da saúde, com destaque a profissionais do SUS que, empenhados e sem as condições mínimas de segurança, entregam-se, de corpo e alma, para atender à população;— Gratidão a profissionais de serviços essenciais que deixam suas famílias para garantir o funcionamento da cidade, mesmo não recebendo, muitas das vezes, o devido respeito e reconhecimento;— Necessidade de destacar que Jair Bolsonaro, que sempre demonstrou afeição a torturadores e inclinações autoritárias e ditatoriais já durante a campanha e em toda sua atuação como deputado, vem aprimorando sua agenda antirrepublicana, com diversas menções a perigosas alterações constitucionais que afrontam direitos e garantias fundamentais; sua intenção antidemocrática, recorrendo fartamente ao uso de ideias e práticas violentas e autoritárias; e sua marca anticivilizatória, incapaz de reconhecer importantes avanços obtidos ao longo dos séculos pela cultura e pela ciência, podendo trazer graves prejuízos ao presente e ao futuro da sociedade brasileira. Tudo isso é próprio de “espíritos inferiores que não se incomodam com os fatos absurdos que inventam, com as mentiras que proferem e com as grosserias de que dão mostras, falando com a mesma segurança do que sabem e do que ignoram, a tudo respondendo sem qualquer compromisso com a verdade” – Revista Espírita, janeiro e setembro de 1859.Posto isso, indicamos que:— É fundamental seguirmos as orientações das instituições de saúde e científicas;— Não se tomem como verdade vídeos, textos e áudios compartilhados nas diversas redes sociais digitais, sem a devida apuração em fontes diversas;— Os agrupamentos espíritas permaneçam fechados, sem reuniões públicas ou privativas;— Toda tarefa de cunho assistencial, ou de promoção social, seja realizada com as devidas precauções, evitando aglomerações de qualquer tipo e que todas as pessoas envolvidas estejam de luvas e máscara;— O poder público –em seus três poderes– promova assistência econômica e social justa, a partir dos mais pobres;— É importante defender os direitos humanos presentes na Constituição Brasileira e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e reivindicar junto ao estado brasileiro a sua garantia e proteção, compreendendo-os como uma rede de proteção social para prover dignidade a todos. O direito de ir e vir de alguns não pode colocar em risco o direito à vida e à saúde de todos. O governo deverá garantir, com eficiência e eficácia, a renda àqueles que não podem exercer a atividade profissional durante e em decorrência da pandemia;— Os grupos espíritas progressistas se organizem para enfrentar possível recrudescimento político do governo Bolsonaro, com vigilância e perseguição de suas atividades.Por fim, nós, espíritas conscientes do nosso compromisso social, reconhecendo a laicidade do estado e celebrando a vida, dom maior dado por Deus, não podemos mais admitir um governo que carrega a marca da morte, colocando em risco a vida do povo e que traz consigo o peso de sérios questionamentos sobre a sua eleição –a exemplo das seis ações de impugnação em andamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apontam a ocorrência de disparos em massa de mensagens falsas pró-Bolsonaro durante a campanha de 2018, além da prática de caixa 2, abuso de poder econômico e uso indevido da comunicação social. Lembramos que ações sobre outras candidaturas em 2018 que questionavam sua lisura já foram julgadas.Dessa forma, reivindicamos a imediata cassação da chapa Jair Bolsonaro e Antônio Mourão, com a consequente convocação de nova eleição presidencial, e pedimos para que todos os espíritas, coletivos e todos os que almejam um país mais equilibrado, fraterno e justo, juntem-se a nós.Para conferir a publicação original do manifesto clique aqui.Publicado no Facebook em 26/5/2020
Felipe Neto recebeu elogios no twitter por ter admitido o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.Os novos e fugazes aliadosOntem à noite, 18 de maio, um famoso “youtuber”, o jovem Felipe Neto, em entrevista dada no programa “Roda Viva” da TV Cultura de SP, fez algumas declarações que mostram seu deslocamento do campo político da direita em direção ao centro.Dentre as diversas falas, destacam-se o reconhecimento do processo de retirada do poder da presidenta Dilma Rousseff como um golpe político, apesar do apoio dado pelo jovem influenciador durante o processo golpista em 2016; a crítica ao conceito de meritocracia propalado por liberais e, também, por progressistas iludidos; e seu claro posicionamento contrário ao energúmeno miliciano que hoje preside, com sua quadrilha, essa infeliz nação.Interessa ao campo político progressista, representado pelos diversos partidos que hoje se posicionam entre a centro-esquerda e a esquerda, esses novos e instáveis parceiros na difícil luta contra o fascismo.Não, o inimigo do meu inimigo não é meu amigo. Definitivamente não. A #GloboGolpista, por exemplo, apesar de todo seu esforço recente em denunciar o fascista corrupto, jamais estará ao lado do campo progressista na luta pelas conquistas sociais dos trabalhadores, quiçá na luta pela transformação profunda da sociedade, superando a exploração e a miséria.Mas esse fogo-fátuo político, que é capaz de gerar um pouco de luz no pântano asqueroso em que chafurda esses atores sociais, é uma força que não pode ser desperdiçada nesse momento de crise profunda da situação social, política e econômica do país. Toda força contrária deve ser usada para derrubar a quadrilha genocida no poder.Mas… não se pode deixar iludir pelo discurso pseudoprogressista dessa gente. Felipe Neto, Globo et caterva, como já dito, jamais apoiarão projetos políticos que tragam benefícios e conquistas reais à sociedade brasileira. E ilustra bem esse fato a fala do jovem “youtuber” reacionário, agora travestido de progressista, quando perguntado sobre seu posicionamento político: “Tento viver entre o Ciro e o Amoedo […] tento viver, na medida da razoabilidade, entre os dois polos”.Não há razoabilidade “entre dois polos”. Capital e trabalho jamais se conciliaram na história das sociedades. Esse discurso é, na verdade, um posicionamento envergonhado, e astuto, em prol do capital e contra o trabalhador. Um típico posicionamento de quem não consegue sair de “cima do muro”, que se coloca como o “isentão”, mas apoia retirada de direitos trabalhistas, reduções de aposentadoria e de dignidade da velhice, corte de verbas do SUS e da educação em favor do financiamento da dívida pública, dentre outros diversos e graves problemas.Sim, interessa esse apoio nesse grave momento de luta contra um vírus mortal e um verme fascista. Cabe, entretanto, manter olhos e ouvidos abertos pois, na primeira oportunidade, esse grupo, hoje envergonhado, estará mais uma vez levantando bandeiras liberais e contrárias aos interesses do trabalhador, apoiando partidos e candidatos que defendem o capital contra o trabalhador.É necessário que o campo progressista saiba usar esse apoio, mas com o cuidado de não ser usado para projetos políticos reacionários e liberais, que buscam apenas ampliar a exploração do trabalhador e do povo brasileiro.Ou, como ensinou Jesus:“Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas.”Jesus, em Mateus 10, 16.Publicado no Facebook em 19/5/2020
Recriação colorida da famosa fotografia de Yevgeny Khaldei, tirada em 2 de maio de 1945 no topo do parlamento alemão, o Reichstag.
No último dia 8 de maio foi comemorado o Dia da Vitória na Europa, que marca a rendição da Alemanha nazista na II Guerra Mundial, ocorrido há 75 anos, no dia 8 de maio de 1945.
Esse dia, “muitas vezes, é retratado como se fossem apenas as forças lideradas pelos EUA e Reino Unido que derrotaram a Alemanha, mas o papel da União Soviética foi crucial para derrotar os nazistas. Afastar a invasão alemã e pressionar pela vitória na Frente Oriental exigiu um tremendo sacrifício, pois os soviéticos sofreram o maior número de baixas na Segunda Guerra Mundial, perdendo mais de 20 milhões de pessoas, militares e civis.”[1]
O nazifascismo, nesses estranhos tempos em que se vive, levanta mais uma vez sua horrenda face, intentando levar ao mundo seus valores de ódio, horror, discriminação, preconceito e morte.
Suas personagens extravagantes e criminosas ganharam, ultimamente e em vários lugares do mundo, espaço e holofotes duma sórdida imprensa, que agora luta contra sua própria criatura, pois o fascismo não tolera a imprensa livre, não tolera a ciência, não tolera o conhecimento, não tolera a liberdade, não tolera…
Cabe a citação de famoso provérbio espanhol: “cria cuervos que te sacarán los ojos”, traduzindo, “cria corvos e eles te arrancarão os olhos”. Ou seja, é da natureza do fascismo esse comportamento da interdição da interlocução e da imposição dos piores horrores aos indivíduos, ultrapassando todos os limites do respeito aos direitos humanos.
Mais uma vez a humanidade é chamada para superar o ressurgimento dessa ideologia de extrema-direita que intenta contra a vida e a dignidade humanas. O fascismo está sempre à espreita, infiltrando-se nas mentes pelas dificuldades sociais e materiais dos mais inconscientes, buscando encontrar inimigos a serem abatidos e forjando uma doutrina de adoração messiânica a líderes sem caráter e sem escrúpulos. Como disse Bertolt Brecht, “a cadela do fascismo está sempre no cio”.
Os tempos que se avizinham serão difíceis, e, infelizmente, “faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas”[2].
Essa geração está sendo chamada para, mais uma vez, derrotar esse inimigo da evolução humana, porque, como é dito pelos espíritos que auxiliaram Kardec, o homem não tem o poder de paralisar a marcha do progresso, mas pode “embaraçá-la”[3]. Então cabe a todos que não se fascinaram pelas mentiras e não beberam do cálice venenoso de ódio do fascismo impedir que essa estranha gente embarace de novo a trajetória em direção à liberdade, à fraternidade e à justiça social, que são pedras angulares das propostas espíritas.
Foto tirada no bairro Icaraí, Niterói, RJ, Brasil. Autor ainda desconhecido.
“Séculos de Brasil numa foto…”
A frase acima, dita pelo professor de filosofia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Romero Venâncio, sobre a foto [1] dessa postagem, resume bem a situação da extrema desigualdade social no Brasil.
Nessa republiqueta laranjeira, presidida por uma quadrilha de milicianos e corruptos, cujo único projeto é dizimar as populações mais vulneráveis, retirando-lhes direitos e dignidade, a situação da desigualdade social é caótica. Segundo dados oficiais da ONU, publicados no Relatório Social Mundial 2020[2], o Brasil, que reduzia lentamente seu abismo social nas duas últimas décadas, voltou a aumentar a desigualdade social nos últimos cinco anos[3],
Num país que já ocupa as piores colocações mundiais em índices que medem a desigualdade social, vê-la aumentando de novo é um crime social sem tamanho.
A pandemia do novo coronavírus veio expor as entranhas dessa chaga social aberta[4]. A grande massa populacional que infla os números da desgraça social nacional não tem como fazer isolamento social, não tem como “ficar em casa”, não tem apoio dos governos federal, estaduais e municipais para manter um nível mínimo de renda ou subsidiar suas despesas básicas e, pior, não tem acesso a um sistema de saúde que lhe atenda com dignidade e eficácia. Os mortos, incluindo a quantidade inacreditável de subnotificação[5], serão pobres e moradores de comunidades, favelas e invasões espalhadas pelo caos urbano das grandes cidades brasileiras.
O Brasil precisa de um projeto revolucionário de sociedade. Já são mais de 500 anos de exploração do seu povo e do seu meio ambiente, que continua de forma avassaladora e sem perspectivas de mudança a curto ou médio prazos. A tarefa que a sociedade nacional tem pela frente, principalmente da sua imensa parte progressista, é a de criar e manter espaços de conscientização política e classista, fornecendo ao povo alienado pelas condições opressoras do trabalho as ferramentas necessárias para sua emancipação e libertação.
Os espíritas, apesar de poucos, têm um papel importante nessa tarefa, pois ocupam, conforme dados do IBGE, a fatia mais privilegiada economicamente e educacionalmente da classe trabalhadora[6]. Portanto têm obrigação moral e social de atuar politicamente para a promoção dessa emancipação popular. E essa é a tarefa dessa geração de espíritas, colocada nesse país, um caldeirão de desigualdades e opressão, para auxiliar na sua transformação.
É preciso superar as bobagens místicas de “coração do mundo”, porque não há pátria ou povo escolhidos, e trabalhar incansavelmente para a mudança social utópica proposta nas páginas das obras kardecistas.
Notas:
[1] Foto tirada no bairro Icaraí, Niterói, RJ, Brasil. Autor ainda desconhecido.