Bolsonaro está fazendo as jornalistas de direita descobrirem que machismo não é mimimi

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Todos ficamos horrorizados com as declarações e insinuações dos elementos da familícia em relação à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo.

Muitas de suas colegas da grande imprensa, corretamente, manifestaram-se indignadas contra tal postura do clã miliciano.

Entretanto, esse posicionamento, por tão novo e específico, soa mais à hipocrisia corporativista do que exatamente à luta feminista.

Cynara Menezes, do blogue Socialista Morena, traz-nos algumas reflexões sobre essa “novidade feminista” entre as jornalistas da grande imprensa que, não podemos jamais esquecer, protagonizou os ataques misóginos à presidenta Dilma Rousseff e participou ativamente do golpe perpetrado contra seu governo.

Ou, como disse a própria Cynara em seu texto, o mundo dá voltas, mesmo que existam os que propaguem o terraplanismo…

Vale a leitura.

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Bolsonaro está fazendo as jornalistas de direita descobrirem que machismo não é mimimi.

Cynara Menezes – Socialista Morena

(Veja publicação original e completa aqui)

O mundo dá voltas, e não é porque agora existe gente que acredita ser a Terra plana que ele irá parar de girar.

Há um aspecto convenientemente pouco comentado no golpe jurídico-midiático que derrubou Dilma Rousseff em 2016: a misoginia. Dilma se tornara, em 2010, a primeira mulher presidenta do Brasil, após uma campanha suja em que chegou a ser chamada de ‘assassina de criancinhas’ pela mulher do rival, José Serra. Digo presidenta? Pois: o primeiro ato de machismo contra Dilma na imprensa comercial foi se recusarem a reconhecer o termo, perfeitamente dicionarizado tanto em língua portuguesa quanto em língua espanhola.

[…]

Na posse de Dilma para o segundo mandato, Miriam Leitão e Cora Rónai, do jornal O Globo, se divertiram zombando do vestido e até do ‘andar’ da presidenta.

[…]

Parece incrível, mas são as mesmas jornalistas que agora mostram indignação e surpresa com esta triste figura ocupando o lugar que já foi de Dilma. ‘Onde está a reação das instituições?’, bradava a colunista Vera Magalhães, do Estadão, sobre as insinuações de Bolsonaro em relação à repórter Patricia Campos Mello, da Folha, atacada pelo mitômano Hans River na CPMI das Fake News.

Nem parecia a mesma Vera que chamava de ‘mimimi’ as queixas de mulheres da esquerda sobre machismo e que participou ativamente do golpe que fragilizou as instituições democráticas do país –e agora cobra ‘reação delas’. Que instituições, querida?

Thais Herédia, da CNN Brasil, se espantava: ‘Como chegamos até aqui?’ É sério que jornalistas com anos de profissão nas costas foram tão ingênuas para não prever como seria um governo Bolsonaro, que já dava mil pistas de quem era durante os 28 anos em que foi parlamentar? Até a Madonna sabia e vocês não?

[…]

O presidente de extrema direita conseguiu curar do antifeminismo furioso até Rachel Sheherazade.

Quem te viu…

[…]

O mais absurdo dessa história é que, alvo do preconceito de gênero, as jornalistas de direita continuam a se insurgir contra… as feministas. ‘Cadê as feministas?’, provocam, cada vez que sua indignação seletiva é ativada por algum sinal de machismo, mas apenas no campo adversário, a esquerda. Como se o machismo, exatamente como defende a esquerda, não fosse estrutural da sociedade.

Parem de cobrar das feministas ação contra o machismo que vocês mesmas ajudaram a levar ao poder. Nós sempre estaremos lá, do lado das vítimas, nunca dos algozes. Não é porque mulheres se alinharam a machistas para golpear outra mulher que iremos abandoná-las quando se tornarem vítimas deles. Mas não deixa de ser uma lição e tanto.

Publicado no Facebook em 21/02/2020.

1 COMENTÁRIO

  1. n canso de ler e reler esse texto…pois é, quem diria, né donas jornalistas de direita que ajudaram a cevar essa catástrofe que se abate sobre o brasil!

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