
Thomas Sankara
“O escravo que não é capaz de assumir a sua rebelião não merece que tenhamos pena dele. Este escravo será o único responsável pela sua desgraça se ele se iludir sobre a condescendência de um mestre que afirma libertá-lo. Apenas a luta pode ser livre.”
“É justo sacrificar-se pelo futuro.”
A seguir, texto de Vascomunistas: “Capitão militar burquinense, revolucionário marxista & presidente de Burkina Faso de 1983 a 1987, esse foi Thomas Isidore Noël Sankara. O movimento negro brasileiro é em sua grande maioria abertamente liberal e anticomunista. Sankara compreendeu que não há capitalismo sem racismo e como bom marxista, fundamentou sua luta para além de antirracista, sistematicamente anticolonialista, anti-imperialista e acima de tudo, anticapitalista.
Uma fábula palestina – II
“Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos. Quando Jesus desembarcou, veio logo ao seu encontro dos túmulos um homem possesso de espírito imundo, o qual tinha ali a sua morada, e nem mesmo com cadeias podia já alguém segurá-lo; porque tendo sido muitas vezes seguro com grilhões e cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões, e ninguém tinha força para o subjugar; e sempre, de dia e de noite, gritava nos túmulos e nos montes, ferindo-se com pedras. Vendo de longe a Jesus, correu para ele e adorou-o, gritando em alta voz: ‘Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus te conjuro que não me atormentes’. Pois Jesus lhe dissera: ‘Espírito imundo, sai desse homem.’ Perguntou-lhe: ‘Qual é o teu nome?’ Respondeu ele: ‘Legião é o meu nome, porque somos muitos.’ E rogava a Jesus com instância que os não mandasse para fora do território. Pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos; e os espíritos imundos suplicaram-lhe, dizendo: ‘Envia-nos para os porcos, a fim de que entremos neles.’ Ele o permitiu. Eles, saindo, entraram nos porcos; a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se pelo declive no mar; e ali se afogaram. Os pastores fugiram e foram dar notícia disto na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que tinha acontecido. Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado que havia tido a legião, sentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo. Os que presenciaram o fato, contaram-lhes o que havia acontecido ao endemoninhado e aos porcos. Começaram a rogar-lhe que se retirasse daqueles termos. Ao entrar ele na barca, aquele que fora endemoninhado rogou-lhe que o deixasse estar com ele. Jesus não o permitiu, mas disse-lhe: ‘Vai para tua casa, para teus parentes e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.’ Retirando-se, começou a publicar em Decápolis tudo o que lhe havia feito Jesus; e todos ficaram maravilhados.”
Marcos, 5, 1-20.

Espiritismo e a práxis política
Mais um texto exclusivo de Elton Rodrigues para sua coluna na página “Espíritas à esquerda”. Nesse novo artigo, o autor nos convida a pensar passos para a transformação social para além da resistência.
Resistir é preciso, mas é apenas o primeiro passo
“Para a esquerda, a política deve ser a arte de tornar possível o impossível. E não se trata de uma declaração voluntarista. Trata-se de entender a política como a arte de construir força social e política capaz de mudar a correlação de forças em favor do movimento popular, de tal modo que possa tornar possível no futuro o que hoje aparece como impossível”.
Marta Harnecker, “Ideias para a luta”.
Em princípio, a doutrina espírita como corpo teórico é examinada e reconsiderada, por espíritas, para que a regeneração da sociedade seja empreendida. Enquanto o espiritismo fornece subsídios lógico-morais para a transformação dos indivíduos, o espírita que compreende que a lei de Deus é de justiça e de amor precisa, com todas as suas forças, passar da teoria à prática. Isso, porque só é possível alcançar a paz e a justiça se houver luta por esse objetivo não só no mundo íntimo, mas, também, na concretude da vida de encarnado.
De forma inusitada, muitas e muitos espíritas manifestam uma completa separação entre o que dizem acreditar, pela coerência, e aquilo que se esforçam para imprimir na sociedade. Não estou, aqui, falando das inúmeras dificuldades e imperfeições humanas que geram uma dissonância entre o que está e aquilo que deseja ser, pois que isso seria um desatino. Digo acerca das exposições e práticas homofóbicas, misóginas, racistas, antipobres, fascistas, enfim.
Esse descompasso não é elucidado por uma possível ausência de leitura ou de uma incompreensão dos textos de Allan Kardec ou dos ensinamentos de Jesus de Nazaré. Há um esforço gigantesco por deturpar a concatenação das ideias desses, e de outros pensadores, para defender posicionamentos arcaicos. Ou seja, há hipocrisia e método para que essas teses sejam absorvidas pelo maior número possível de espíritas.
Como, então, frear a proliferação dessas teses esdrúxulas?
Inicialmente, é necessário ocupar os espaços, físicos e digitais, para que um espiritismo mais conectado com o mundo e com o povo seja apresentado. Em verdade, o objetivo não é apresentar algo novo, mas simplesmente mostrar o verdadeiro espiritismo. Há quem diga que o espiritismo é elitista. Discordamos. O movimento espírita pode ser elitista, mas a tese espírita é para todos, voltada, principalmente para a promoção dos despossuídos do mundo.
Em um planeta regenerado, não há espaço para fome e preconceitos. Não há espaço para as explorações –do corpo e da alma– tão comuns no tempo presente. Será, então, que é factível um mundo regenerado coordenado pelo capitalismo e pelo capital? Acreditamos que não. Logo, são essas reflexões que precisam ser abordadas e aprofundadas.
Esse é apenas um primeiro passo para que haja o fortalecimento da resistência contra o discurso fascista que adentrou o movimento espírita brasileiro. Porém, resistir é um e apenas o primeiro passo. Temos que avançar, ganhar terreno, criar as condições ideais para a ruptura completa com esta sociedade assentada nos padrões burgueses.
Como tão bem disse Allan Kardec[1],
“Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de ideias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram consequência do estado de formação da Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da humanidade.”
Nota:
[1] KARDEC, Allan. “A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”, Capítulo XVIII, “Sinais dos tempos”, item 7.
Coluna anterior:
https://www.facebook.com/espiritasaesquerda/posts/1002552926805698
Publicado no Facebook em 05/6/2020
Eusínio Lavigne: um breve resumo
Eusínio Lavigne, 1873-1973, esse baiano de Ilhéus foi espírita, político, jurista, jornalista, escritor e marxista.
Eusínio foi casado com ninguém menos que Maria Odília Teixeira, a baiana de São Félix do Paraguaçu, que superou as estatísticas e formou-se em medicina em 1909 e tornou-se a primeira médica negra do Brasil.


Ma fábula palestina
“Encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e cambistas assentados negociando; tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos cambistas e virou as mesas; e disse aos que vendiam as pombas: ‘Tirai essas coisas daqui; não façais da casa de meu Pai, casa de comércio’.”
João, 2, 14-16.

Um golpe anunciado
Para quem ainda achava que um novo golpe civil e militar não mais caberia na nossa república, parece não haver mais surpresas desse mórbido projeto da quadrilha miliciana, haja vista as últimas declarações de seus maiores representantes.

- A rebeldia pueril do general:
- A ameaça explícita do 03:
- A desobediência ao judiciário do “capo di tutti capi”:
Manifesto de espíritas progressistas pela cassação da chapa Bolsonaro-Mourão
Manifesto também assinado pelo coletivo “Espíritas à esquerda” e por muitos dos nossos membros espalhados pelo país.
Elton Rodrigues e Franklin Felix, com a colaboração de muitas mãos do movimento espírita progressista Blogue “Diálogos da fé” CartaCapital “Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons? – Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.” (“O livro dos espíritos”, questão 932) Espíritas, atravessamos um período conturbado, não apenas como consequência da pandemia ocasionada pela covid-19, mas, também, pela necropolítica de Bolsonaro e seus asseclas. Em “O livro dos espíritos”, “Lei de sociedade”, questão 768, os espíritos afirmam que a união social é essencial para assegurar o bem-estar e o progresso da sociedade. Já em “O evangelho segundo o espiritismo”, “Os trabalhadores da última hora”, Constantino afirma que “o obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade”. Por fim, Humberto Mariotti, em sua obra “Parapsicologia e materialismo histórico”, diz que “a filosofia espírita só estará definitivamente arraigada no mundo no dia em que se dedicar à consideração filosófica, social e religiosa da chamada lutas de classes”. O espiritismo não é doutrina apartada dos problemas sociais. É, em verdade, mais uma ferramenta que nos auxilia a construir os meios que permitirão alcançar, enfim, uma sociedade justa e fraterna. Assim, torna-se urgente a união dos espíritas que se opõem aos discursos e às propostas fascistas que invadem a sociedade e o próprio movimento espírita, pois essa atmosfera de ódio, preconceitos e morte está em completo desacordo com a proposta espírita de transformação do mundo. Para frear tal situação, é necessário somar forças para reconhecer a necessidade de superar a dependência, assim como a miséria e as contradições históricas, com políticas orientadas aos interesses da maioria do povo, e não das classes dominantes. E essa somatória não deve estar circunscrita aos militantes partidários. É indispensável que todo e toda militante, nos diversos espaços sociais, estejam lutando por um mundo melhor, não apenas para uma pequena fração de falsos predestinados, mas para todos. Além disso, torna-se urgente conter essa onda neofascista que arruína o país, em que as classes dominantes, em tempos de incertezas e de possíveis revoltas populares, utilizam-se de quaisquer meios para resguardar a apropriação privada da riqueza produzida socialmente e todos os seus privilégios daí decorrentes. Por essa razão, os espíritas progressistas, movimento amplo, plural, suprapartidário, entendendo a gravidade do momento em que o Brasil está atravessando, reúnem-se em torno de três objetivos principais:- Maior proteção da população contra o contágio pelo novo coronavírus, principalmente das pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social;
- Amparo econômico e social da população afetada pelas medidas de isolamento; e
- O afastamento imediato de Jair Bolsonaro e de toda sua equipe da presidência da República.

Queremos a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão.
Os novos e fugazes aliados

O fim da 2ª Guerra e o papel soviético

No último dia 8 de maio foi comemorado o Dia da Vitória na Europa, que marca a rendição da Alemanha nazista na II Guerra Mundial, ocorrido há 75 anos, no dia 8 de maio de 1945.
Esse dia, “muitas vezes, é retratado como se fossem apenas as forças lideradas pelos EUA e Reino Unido que derrotaram a Alemanha, mas o papel da União Soviética foi crucial para derrotar os nazistas. Afastar a invasão alemã e pressionar pela vitória na Frente Oriental exigiu um tremendo sacrifício, pois os soviéticos sofreram o maior número de baixas na Segunda Guerra Mundial, perdendo mais de 20 milhões de pessoas, militares e civis.”[1]
O nazifascismo, nesses estranhos tempos em que se vive, levanta mais uma vez sua horrenda face, intentando levar ao mundo seus valores de ódio, horror, discriminação, preconceito e morte.
Suas personagens extravagantes e criminosas ganharam, ultimamente e em vários lugares do mundo, espaço e holofotes duma sórdida imprensa, que agora luta contra sua própria criatura, pois o fascismo não tolera a imprensa livre, não tolera a ciência, não tolera o conhecimento, não tolera a liberdade, não tolera…
Cabe a citação de famoso provérbio espanhol: “cria cuervos que te sacarán los ojos”, traduzindo, “cria corvos e eles te arrancarão os olhos”. Ou seja, é da natureza do fascismo esse comportamento da interdição da interlocução e da imposição dos piores horrores aos indivíduos, ultrapassando todos os limites do respeito aos direitos humanos.
Mais uma vez a humanidade é chamada para superar o ressurgimento dessa ideologia de extrema-direita que intenta contra a vida e a dignidade humanas. O fascismo está sempre à espreita, infiltrando-se nas mentes pelas dificuldades sociais e materiais dos mais inconscientes, buscando encontrar inimigos a serem abatidos e forjando uma doutrina de adoração messiânica a líderes sem caráter e sem escrúpulos. Como disse Bertolt Brecht, “a cadela do fascismo está sempre no cio”.
Os tempos que se avizinham serão difíceis, e, infelizmente, “faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas”[2].
Essa geração está sendo chamada para, mais uma vez, derrotar esse inimigo da evolução humana, porque, como é dito pelos espíritos que auxiliaram Kardec, o homem não tem o poder de paralisar a marcha do progresso, mas pode “embaraçá-la”[3]. Então cabe a todos que não se fascinaram pelas mentiras e não beberam do cálice venenoso de ódio do fascismo impedir que essa estranha gente embarace de novo a trajetória em direção à liberdade, à fraternidade e à justiça social, que são pedras angulares das propostas espíritas.
Notas:
[1] https://web.facebook.com/…/a.95607…/1158264141178772/…
[2] KARDEC, Allan. “O livro dos espíritos”, parte III, cap. VIII, questão 784.
[3] KARDEC, Allan. “O livro dos espíritos”, parte III, cap. VIII, questão 781.
