Arley Haley Faria – EàE Minas Gerais
Há algo desconcertante nas formas contemporâneas de demonstrar cuidado. Em um mundo marcado por ausências afetivas, vínculos frágeis e relações mediadas por telas, surgem alternativas que tentam suprir o afeto real com simulacros: bonecos que substituem bebês, títulos que substituem relações. A carência não desaparece, ela apenas muda de roupa. Multiplicam-se os gestos que imitam a intimidade, mas não a vivem. Cada vez mais, o afeto se transforma em performance, algo que se representa, se posta, se institucionaliza, mas raramente se sustenta na concretude do cotidiano. Não se trata apenas de encenações isoladas, mas de uma lógica social mais ampla, que lembra o que Jean Baudrillard chamava de simulacro: uma representação que substitui a realidade e passa a valer mais do que ela. Nesse cenário, dois fenômenos, à primeira vista díspares, chamam atenção: a adoção de bebês reborn por adultos e o legado de Divaldo Franco, líder espírita que fez sua passagem recentemente, que se apresentava como pai de mais de 650 filhos. Em ambos os casos, o que está em jogo não é apenas o gesto de cuidado, mas sua transformação em símbolo e os limites éticos e políticos dessa transformação. Os bebês reborn são, em sua essência, bonecos, mas não qualquer boneco. São minuciosamente esculpidos para parecerem recém-nascidos reais: pele manchada, peso idêntico, respiração simulada, até mesmo batimentos cardíacos falsos. Quem os adota, em geral mulheres adultas, não busca apenas uma lembrança estética da infância ou da maternidade, mas uma relação segura, previsível, muitas vezes como resposta a perdas, à solidão ou a um desejo de nutrição afetiva em um formato totalmente controlável. Alimenta-se neles uma fantasia afetiva que remete à função materna, mas sem os elementos imprevisíveis e exaustivos da maternidade real. O reborn não demanda, não chora, não frustra. É a maternidade esvaziada de seus conflitos, reduzida à superfície da ternura. Em vez da criança viva, o objeto. Em vez da presença dinâmica, o controle absoluto. Talvez esse fenômeno diga menos sobre uma excentricidade individual e mais sobre a forma como a sociedade contemporânea prefere substituir relações densas por simulações silenciosas, limpas, confortáveis, mas profundamente solitárias. No outro extremo da afetividade simulada está Divaldo Franco, cuja desencarne recente reacendeu debates sobre sua extensa obra filantrópica e seu carisma espiritual. Apresentado por muitos como um modelo de altruísmo, Divaldo afirmava ter adotado mais de 650 pessoas ao longo da vida, chamando-se pai de cada uma delas. A grandeza do número impressiona, mas também inquieta. O que significa ser pai de centenas? Em que medida a paternidade, quando multiplicada a esse ponto, ainda é paternidade? A palavra pai carrega consigo o peso da presença, da escuta, da partilha diária. Quando se estende demais, corre o risco de se esvaziar, tornando-se mais um gesto simbólico do que uma prática concreta. Não se trata de negar os benefícios materiais e emocionais gerados por sua atuação, mas de reconhecer o risco de transformar o cuidado em espetáculo, uma generosidade mais proclamada do que vivida, que talvez diga mais sobre o benfeitor do que sobre os supostos filhos. É preciso olhar com atenção para a caridade quando ela deixa de ser gesto íntimo e silencioso e se converte em estrutura, nome, patrimônio. A história de Divaldo, como a de tantos outros líderes religiosos e filantropos notórios, revela que a caridade também pode ser um caminho de acesso ao mundo: à política, aos salões, aos holofotes. Em nome do amor ao próximo, abre-se espaço para o trânsito entre esferas de poder que, em outros contextos, estariam vedadas a um funcionário público comum. O benfeitor se transforma em celebridade moral. Suas palavras passam a ser tomadas como verdade, sua figura como intocável, sua causa como incontestável. Desde as Santas Casas coloniais até as megaigrejas contemporâneas, a caridade já foi muitas vezes menos um gesto de compaixão e mais um instrumento de controle social, blindagem fiscal ou capital eleitoral. Quando isso acontece, o cuidado se converte em moeda, e o afeto, em imagem. A caridade, então, deixa de ser relação e torna-se instituição. E em vez de se manter como contracorrente crítica, acomoda-se no conforto da conivência. A filantropia, quando atrelada à sustentação de grandes estruturas, raramente é neutra. Ela precisa de aliados, favores, permissões. No caso de Divaldo, sua proximidade com o bolsonarismo não foi um desvio pontual, mas uma escolha reiterada e profundamente reveladora. Ao endossar, ainda que suavemente, um projeto político marcado por ataques aos direitos humanos, ao meio ambiente, à ciência e aos mais vulneráveis, ele cruzou uma linha tênue entre o humanismo espiritual e a conveniência institucional. Não se pode pregar amor universal e, ao mesmo tempo, silenciar diante de discursos de ódio ou se alinhar a quem despreza o outro. O amor que não denuncia a violência é apenas uma paz covarde, disfarçada de tolerância. Essa aliança não foi gratuita. O apoio de setores conservadores garantiu a continuidade de suas obras, a circulação de suas ideias, a blindagem moral de sua figura. Mas esse pacto cobra um preço alto: o da omissão diante da barbárie, o da paz aparente construída sobre o sofrimento ignorado. Há, nesse tipo de escolha, uma retórica de bondade que muitas vezes serve para evitar conflitos. Fala-se em amar a todos, em acolher indistintamente, mas esse tom de voz sereno, universalista, também pode ser o abrigo perfeito para quem deseja se esquivar de posicionamentos difíceis. Não é raro ver, por trás de discursos pacifistas, uma recusa em nomear a violência. Como se o amor, em vez de exigir coragem, bastasse como decoração moral. E assim, o gesto que aparenta grandeza revela, por vezes, sua natureza tática: proteger obras, preservar acesso, evitar atrito com quem manda. Uma mulher embala seu bebê de silicone em silêncio. Um homem se apresenta como pai de centenas em público. Ambos tocam, com mãos diferentes, a mesma ferida: a dificuldade de sustentar vínculos reais. Apesar das diferenças evidentes entre o bebê reborn e o pai de 650 filhos, ambos revelam a mesma operação simbólica: a troca da relação viva por uma representação emocional confortável. No primeiro, temos um objeto que simula uma criança, mas que jamais tensiona ou demanda. No segundo, um título que simula a paternidade, mas que não carrega as exigências íntimas da presença cotidiana. São formas distintas de encenação do cuidado, uma no plano individual, outra no coletivo, que respondem a um mesmo sintoma: o desejo de manter o afeto sob controle, sem se expor ao risco da convivência. Em vez do vínculo, o gesto. Em vez do encontro, a performance. Em vez do conflito que transforma, a zona de conforto simbólica. O que se oferece, em ambos os casos, é a aparência do cuidado, polida, previsível, protegida… enquanto o contato real, com suas dores, limites e potências, é deixado de lado. Cuidar de verdade é um gesto imperfeito. Exige presença quando se está cansado, escuta quando se tem pressa, conflito quando o silêncio seria mais confortável. Por isso, é compreensível que a sociedade busque refúgios: bonecos obedientes ou paternidades difusas que confortam sem incomodar. Mas é preciso reconhecer que o afeto que não transforma também não protege. Ele apenas adia o vazio. A maternidade encapsulada e a paternidade simbólica são, no fundo, estratégias para contornar o peso da intimidade real, essa que exige tempo, renúncia e envolvimento. Talvez por isso elas seduzam tanto. Mas o verdadeiro cuidado, como a verdadeira política, não cabe em gestos ensaiados, pois que ele se constrói na contramão do espetáculo, nos bastidores da convivência, onde o amor não se diz, se faz. O cuidado real talvez nunca brilhe… mas é nele que o mundo se sustenta.NÃO MEXAM NA LEI DA FICHA LIMPA!
A Lei Complementar nº 135, de 2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa, foi uma iniciativa popular que conseguiu reunir cerca de 1,6 milhão de assinaturas e posteriormente foi aprovada pelo Senado Federal em 19 de maio de 2010, por votação unânime. A lei proíbe pessoas condenadas em instâncias colegiadas a candidatarem-se a cargos eletivos no Brasil, além de tornarem inelegíveis por oito anos os políticos que tiveram seu mandato cassado pela justiça. Essa legislação teve como propósito impedir que condenados e cassados pela justiça pudessem participar da vida política nacional.
Agora, por questões políticas circunstanciais e contrárias ao interesse público, está em análise no Congresso Nacional a proposta de alteração dessa lei. É um retrocesso legislativo inaceitável e um escárnio contra a sociedade brasileira. O que se precisa não é a flexibilização do impedimento de condenados e cassados às eleições nacionais, mas seu recrudescimento, valorizando ainda mais os cargos ocupados pelos representantes eleitos.
Portanto, nós, espíritas abaixo assinados, colocamo-nos frontalmente contrários à tramitação dessa proposta e apoiamos todos os esforços políticos para que nenhuma flexibilização seja aprovada.
Assinam este documento:
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EàE – Espíritas à Esquerda
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Fronteiras do Pensamento Espírita
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Ágora Espírita
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Aephus – Assoc Espírita de Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais
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AbrePaz – Ass Brasileira Espírita de Direitos Humanos e Cultura de Paz
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Coletivo Girassóis
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CEHP – Centro Espírita Herculano Pires
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CELP – Cultura Espírita Livre Pensar
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Estudos de Cultura Espírita
Nem todos dizem amém
Elizabeth Hernandes, EàE-DF
Em uma semana em que se pensa que mais nada causará espanto, chamou a atenção do mundo a atitude da líder da cerimônia religiosa que fazia parte da programação da posse do presidente dos Estados Unidos. Num primeiro momento, pode-se imaginar que alguém, entre os responsáveis pelos festejos, cometeu uma grave falha. Por outro lado, é possível pensar que ninguém poderia prever que haveria uma pessoa ousada o suficiente para confrontar Trump daquela forma — serena e lúcida — e na frente de, literalmente, todo o mundo. A bispa episcopal de Washington, Mariann Edgar Budde, liderou a cerimônia por sua posição na hierarquia da igreja. Ela atua como líder espiritual de 86 congregações episcopais e dez escolas episcopais no Distrito de Columbia e em quatro condados de Maryland, sendo a primeira mulher eleita para esse cargo. Segundo sua biografia, divulgada pela Diocese, “Ela acredita que Jesus convida todos os que o seguem a lutar por justiça e paz e a respeitar a dignidade de cada ser humano. Para esse fim, a bispa Budde é uma defensora e organizadora em apoio a causas de justiça, incluindo equidade racial, prevenção da violência armada, reforma da imigração, inclusão total de pessoas LGBTQ+ e o cuidado da criação.” Ela também é autora dos livros Como Aprendemos a Ser Corajosos: Momentos Decisivos na Vida e na Fé, Recebendo Jesus: O Caminho do Amor e Reunindo os Fragmentos: A Pregação como Prática Espiritual. O mundo inteiro viu a bispa Mariann pedir misericórdia para homossexuais e imigrantes ao homem que se considera o mais poderoso do mundo. Em voz serena e firme, ela fez o que se espera de uma discípula do palestino Jesus de Nazaré: defendeu os mais fracos diante dos poderosos, sem medir consequências e sem se intimidar. Teve a coragem de pedir. A voz de Mariann ressoa: “Peço que tenha misericórdia, senhor presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora. E que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras a encontrar compaixão e boas-vindas aqui. Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra.” (…) “Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas.” Mais um episódio que demonstra não haver fronteiras entre religião e política, pois, afinal, não há fronteiras entre política e qualquer instituição humana. A religião, na maioria das vezes, é usada para oprimir, mas há um outro estadunidense que estabelece uma diferenciação importante. George Vaillant, psiquiatra e autor de Fé: Evidências Científicas, faz uma distinção simples entre religiosidade e espiritualidade. Em seu livro, ele afirma que a religião pode trazer consolo e libertação, mas também dor e opressão, enquanto a espiritualidade traz apenas consolo e libertação. A humanidade ganha quando encontra religiosos que cultivam a espiritualidade. Mariann Edgar Budde “é dessas”, uma pessoa “fora do padrão” em um mundo influenciado por um homem branco com ideias fascistas. Ela é mulher, idosa (65 anos) e não tem medo de pedir misericórdia. É claro que já está colhendo as consequências de sua ousadia. Foi pressionada publicamente a pedir desculpas por ter clamado por misericórdia em uma cerimônia que deveria apenas abençoar um governo implacável. Assessores da autoridade que deveria ter sido abençoada já divulgaram que uma pessoa como ela deveria ser deportada do “reino maravilhoso” dos Estados Unidos. O discurso da reverenda traz esperança, lembrando-nos de que, no mesmo dia em que começa o arbítrio, sempre começa a resistência. Nem todos dizem amém.MANIFESTO E PEDIDO DE PERDÃO AOS POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL E DO MUNDO
Espíritas à Esquerda
Fronteiras do Pensamento Espírita
AEPHUS – Associação Espírita de Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais.
Fraternidade Espírita – Goiânia/GO
Abrepaz – Assoc. Brasileira Espírita de Dir. Humanos e Cultura de Paz
Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA)
Ágora Espírita
| Seu nome | Seu estado (UF) | Sua cidade |
| Alayr R. Pessôa Filha | RJ – Rio de Janeiro | Maricá (Mary’ká) |
| Alexandre Júnior | PE – Pernambuco | Recife |
| Ana Carolina da Silva | RJ – Rio de Janeiro | Rio de Janeiro |
| Ana Paula Muzitano Santos | RJ – Rio de Janeiro | Rio de Janeiro |
| Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) | RJ – Rio de Janeiro | Niterói |
| Brena Silva Ferreira | BA – Bahia | Salvador |
| Carla Guerra | SP – São Paulo | Santos |
| Carolina Abreu | DF – Distrito Federal | Brasília |
| Claudete Ribeiro de Araujo | PA – Pará | Parauapebas |
| Clovis A. Portes | MG – Minas Gerais | Ipatinga |
| Delma Crotti | SP – São Paulo | Santos |
| Deolinda Emilia Ferreira Santana | PA – Pará | Belém |
| Elias Marques da Costa | MG – Minas Gerais | Juíz de Fora |
| Elizabeth Barros | PE – Pernambuco | Recife |
| Eva Gonçalves de Almeida | SP – São Paulo | Sumaré |
| Fábio Santos | GO – Goiás | Goiânia |
| Felipe de Menezes Tavares | PE – Pernambuco | Arcoverde |
| Felipe Pedro Leite de Aragão | PE – Pernambuco | Tuparetama |
| Flavio Carneiro Bello | RS – Rio Grande do Sul | Porto Alegre |
| Gastão Cassel | SC – Santa Catarina | Florianópolis |
| Genedilson Gomes de Souza | ES – Espírito Santo | Vila Velha |
| Gislaine Costa Pereira | SC – Santa Catarina | São José |
| Guilherme | RJ – Rio de Janeiro | Vassouras |
| Helcio dos Santos Rodrigues | RJ – Rio de Janeiro | Niterói |
| Herta Franco | SP – São Paulo | São Paulo |
| Ivã Silva Alakija | BA – Bahia | Salvador |
| Ivon Ferreira Martins | SP – São Paulo | Embu das Artes |
| Jacira do Espírito Santo silva | SP – São Paulo | Barueri |
| Jane Eyre Goncalves Vieira | GO – Goiás | Goiânia |
| Jordelene de Oliveira Nascimento | GO – Goiás | Itapirapuã |
| Jumara dos Santos Lourenço | RS – Rio Grande do Sul | Bage |
| Jussara Lourenço | RS – Rio Grande do Sul | Bagé |
| Leidiene | BA – Bahia | Salvador |
| Lucas Primani | SP – São Paulo | Araraquara |
| Lúcia Barbosa Ximenes | MG – Minas Gerais | Três Corações |
| Luciana Pires Pansani | SP – São Paulo | Campinas |
| Luciana Ribeiro da Silva | ES – Espírito Santo | Vila Velha |
| Marcelo José de Sousa | SP – São Paulo | São Paulo |
| Marcelo Teixeira | RJ – Rio de Janeiro | Petrópolis |
| Marcio Sales Saraiva | RJ – Rio de Janeiro | Rio de Janeiro |
| Maria Angela paraíso rocha | ES – Espírito Santo | Serra |
| Maria Cristina Camin | MG – Minas Gerais | Uberlândia-MG |
| Maria Cristina Vianna de Giácomo | RJ – Rio de Janeiro | Mendes |
| Maria Eunice Rocha Vale | DF – Distrito Federal | Brasília |
| Mariela Bier Teixeira | RS – Rio Grande do Sul | Canoas |
| Mario Fontes | BA – Bahia | Salvador |
| Mônica Mendes | BA – Bahia | Salvador |
| MOVE – Movimento Pela Ética Animal Espírita | RJ – Rio de Janeiro | Niterói, RJ |
| Paula de Mesquita Spinola | SP – São Paulo | São Paulo |
| Paula Hubner | SP – São Paulo | São Paulo |
| Paulo Casasanta Filho | MG – Minas Gerais | Ibirité |
| Rafael van Erven Ludolf | RJ – Rio de Janeiro | Niterói |
| Ricardo Andrade Terini | SP – São Paulo | São Paulo |
| Ricksom Igor Dantas da Silva Marques | RN – Rio Grande do Norte | Parnamirim |
| Roberto Caldas | RS – Rio Grande do Sul | Porto Alegre |
| Rosana Esteves | RJ – Rio de Janeiro | Rio De Janeiro |
| Rosângela de Souza Vilaça | MG – Minas Gerais | Belo Horizonte |
| Rosangela Fideles Coelho Avelino | GO – Goiás | Goiânia |
| Roseana Mendes Marques | RJ – Rio de Janeiro | Rio de Janeiro |
| Samuel Vieira Nunes | CE – Ceará | Orós |
| Sandra Cardoso | BA – Bahia | Salvador |
| Sergio Mauricio Pinto | BA – Bahia | Salvador |
| Silvia | TO – Tocantins | Palmas |
| Silvia Schiedeck | SC – Santa Catarina | Balneário Gaivota |
| Solange Marreiro de Souza | SP – São Paulo | Serra Negra |
| Susete Assis Campos | DF – Distrito Federal | Brasília |
| Suzana Leão | RS – Rio Grande do Sul | Novo Hamburgo |
| Tatiana Pires Maia | MG – Minas Gerais | Belo Horizonte |
| Telma | ES – Espírito Santo | Vitória |
| Thiago Lima de Moura | SP – São Paulo | São Paulo |
| Valdir Bibiano de Souza | SP – São Paulo | Serra Negra |
| Valnei Francisco de França | PR – Paraná | Curitiba |
| Vanessa Abreu | DF – Distrito Federal | Brasilia |
| Vera Lucia | MG – Minas Gerais | Juiz de Fora |
| Wandy Branquinho Borges Xavier | GO – Goiás | Goiânia |
| Willian Higa | RJ – Rio de Janeiro | Maricá |
| Zenaide Neves Arantes | GO – Goiás | Goiânia |
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“Nunca senti uma dor tão grande”, conta professora sobre exclusão de centro espírita após transição de gênero

Inclusão e justiça social no espiritismo
Atena Roveda, professora, ativista social, escritora, pensadora espírita e suplente de vereadora em Porto Alegre pelo PSOL, abriu sua palestra destacando a importância da inclusão e da justiça social dentro das práticas espíritas. Ela citou Allan Kardec para reforçar seu ponto de vista, afirmando que “a verdadeira caridade é aquela que se estende a todos, sem distinção de raça, credo ou condição social”. Roveda enfatizou que o espiritismo, por sua natureza humanitária e progressista, deve ser um catalisador de mudanças sociais que promovam a igualdade e a justiça. Ao longo de sua fala, Atena argumentou que a caridade, embora fundamental, precisa ser complementada por ações que visem a transformar as estruturas sociais injustas. Citando Léon Denis, ela declarou: “Não basta aliviar o sofrimento; é necessário também atacar as causas que o produzem”. Para Roveda, os espíritas têm a responsabilidade moral de se engajar em lutas sociais e políticas que visem à construção duma sociedade mais justa e fraterna.Depoimento pessoal de exclusão
Um dos momentos mais emocionantes da palestra foi o depoimento pessoal de Atena Roveda sobre sua própria experiência de exclusão numa casa espírita. Ela relatou como, devido à sua condição de mulher transexual, suas opiniões políticas e seu engajamento em causas sociais, foi afastada duma instituição espírita que frequentava. “Foi um período doloroso”, confessou Atena, “mas também foi um momento de grande aprendizado. Percebi que, infelizmente, há ainda muitos preconceitos e resistências dentro do próprio movimento espírita.” Esse relato pessoal tocou profundamente os presentes, evidenciando a necessidade urgente de maior abertura e inclusão dentro das instituições espíritas. Atena destacou que o espiritismo, sendo uma doutrina de amor e caridade, deve acolher e respeitar a diversidade de pensamentos e ações que visam ao bem comum.Espiritualidade e ativismo
Roveda concluiu sua palestra enfatizando a conexão intrínseca entre espiritualidade e ativismo. Para ela, a prática espírita deve necessariamente envolver-se com as questões sociais e políticas de seu tempo, buscando sempre promover o bem-estar e a dignidade de todos. “O Reino de Deus, como nos ensinou Jesus, é construído aqui e agora, através de nossas ações em prol da justiça e da fraternidade”, afirmou Atena, citando o evangelho. A palestra de Atena Roveda no III Encontro Nacional da Esquerda Espírita foi um chamado poderoso para que os espíritas se engajem mais profundamente nas lutas por justiça social e inclusão. Sua combinação de argumentos teóricos e experiência pessoal trouxe à tona a necessidade de uma prática espírita mais aberta, acolhedora e comprometida com a transformação social.Assista a íntegra da palestra de Atena Roveda:
“A espiritualidade não pode ser dissociada da luta por justiça social”, diz representante do MDHC no III ENEE

Espiritualidade e Ação Social
Fábio Mariano iniciou sua apresentação ressaltando que a espiritualidade não pode ser dissociada da luta por justiça social. Segundo ele, “os ensinamentos de Allan Kardec nos convocam a atuar em prol dos mais vulneráveis, a combater as injustiças e a promover a igualdade”. Mariano enfatizou que a verdadeira prática espírita deve ir além da caridade individual, engajando-se em ações coletivas que promovam mudanças estruturais na sociedade.O Papel dos Espíritas na Luta por Direitos Humanos
Mariano argumentou que os espíritas têm um papel fundamental na defesa dos direitos humanos e na promoção de políticas públicas inclusivas. “Nossa espiritualidade deve nos mover a agir, a lutar pelos direitos dos mais oprimidos e a construir uma sociedade mais justa”, afirmou. Ele destacou a importância de os espíritas se envolverem em movimentos sociais, sindicatos e outras formas de organização que lutem pela justiça social.Educação e Conscientização Política
Um ponto central da palestra foi a defesa da educação e da conscientização política como ferramentas essenciais para a transformação social. Fábio Mariano citou Paulo Freire, enfatizando que “a educação popular é um caminho para a emancipação, permitindo que as pessoas compreendam suas capacidades e direitos”. Ele incentivou os espíritas a promoverem espaços de discussão e aprendizagem que despertem a consciência crítica e política nas comunidades.Políticas Públicas e Inclusão
Representando o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Fábio Mariano destacou as iniciativas do governo em promover políticas públicas que defendam os direitos das minorias e promovam a inclusão. “É nosso dever, enquanto espíritas e cidadãos, apoiar e colaborar com essas políticas, atuando de forma incisiva na defesa dos direitos humanos”, afirmou Mariano. Ele mencionou que a atuação conjunta entre sociedade civil e governo é crucial para alcançar mudanças significativas e duradouras. A palestra de Fábio Mariano da Silva no III Encontro Nacional da Esquerda Espírita foi um chamado à ação para que os espíritas progressistas se engajem mais profundamente nas questões sociais e políticas. Mariano concluiu sua apresentação reforçando que a prática espírita deve ser um reflexo dos princípios de igualdade e fraternidade, atuando ativamente na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. “A transformação social começa com cada um de nós, unidos em prol de um mundo melhor”, finalizou.Asssita a íntegra da palestra de Fábio Mariano da Silva:
Educação popular é instrumento para a emancipação social e política, diz Elias Moraes no III ENEE
Educação Popular como Ferramenta de Transformação

Conscientização Política e Participação Ativa
Moraes argumentou que os espíritas devem se engajar ativamente em movimentos sociais e políticos para combater as desigualdades. Ele enfatizou que a simples caridade não é suficiente e que é necessário um esforço coletivo para promover mudanças estruturais. A participação em conselhos comunitários, sindicatos e outras formas de organização social é vista como crucial para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.Espiritismo Progressista e Justiça Social
A palestra também focou na necessidade de um espiritismo progressista, alinhado com os princípios de igualdade e fraternidade. Moraes defendeu que os espíritas devem se posicionar contra todas as formas de discriminação e opressão, incluindo racismo e sexismo. Ele mencionou as iniciativas do Coletivo Espíritas à Esquerda, como as edições antirracistas das obras de Allan Kardec, que promovem debates críticos e progressivos sobre essas questões.Superação das Injustiças Sociais
Moraes enfatizou que a luta contra as injustiças sociais requer um esforço contínuo e coletivo. Ele argumentou que para alcançar uma sociedade mais justa, é necessário buscar uma transformação estrutural, além das reformas pontuais. Esse processo envolve a atuação direta em políticas públicas e a conscientização das pessoas sobre seus direitos e deveres como cidadãos. Elias Moraes concluiu sua palestra incentivando os espíritas a assumirem um papel mais ativo na política e na sociedade. Ele reforçou que a prática espírita deve ir além da caridade individual e incluir a luta por justiça social e pelos direitos humanos. Moraes destacou a importância da educação popular e da participação ativa como ferramentas essenciais para a transformação social, alinhadas com os princípios do espiritismo.Assista a íntegra da palestra de Elias Moraes:
Keka Bagno destaca importância da ação política dos espíritas no III ENEE
Espiritismo e Ação Social
Keka Bagno iniciou sua apresentação discutindo como o espiritismo, enquanto doutrina de amor e caridade, deve engajar-se ativamente nas questões sociais e políticas. Ela enfatizou que os ensinamentos de Jesus, conforme interpretados pelo espiritismo, são fundamentalmente alinhados com a luta pela justiça social e pelos direitos humanos. Para Bagno, a prática espírita deve ir além das ações individuais de caridade, buscando mudanças estruturais que beneficiem toda a sociedade.
Participação Política e Educação Popular
Bagno destacou a necessidade de os espíritas se envolverem diretamente em espaços de decisão política, como movimentos sociais, sindicatos e conselhos comunitários. Ela argumentou que a participação ativa é crucial para promover políticas públicas que combatam a desigualdade e promovam a justiça social. A vereadora também ressaltou a importância da educação popular, inspirada nas ideias de Paulo Freire, como um meio de empoderar as comunidades e fomentar a conscientização política.Feminismo e Direitos Humanos
Durante a palestra, Keka Bagno abordou temas como o feminismo e a descriminalização do aborto, afirmando que esses assuntos estão alinhados com os princípios espíritas de respeito e valorização da vida. Ela enfatizou que a luta pelos direitos das mulheres e por uma sociedade mais igualitária é uma extensão natural da prática espírita. Bagno argumentou que os espíritas devem ser defensores ativos dos direitos humanos, utilizando sua influência para promover mudanças positivas na sociedade. Keka Bagno concluiu sua palestra incentivando os espíritas a assumirem um papel mais ativo na política e na sociedade. Ela reforçou que a verdadeira prática espírita envolve não apenas a caridade, mas também a luta contínua por justiça social e pelos direitos humanos. Bagno destacou a importância de uma atuação coletiva e organizada para alcançar um mundo mais justo e fraterno.Veja a íntegra da palestra de Keka Bagno:
Espíritas, o que nos cabe?
No dia 13 de julho de 2024 aconteceu em Brasília o III Encontro Nacional da Esquerda Espírita, promovido pelo coletivo Espíritas à Esquerda. Na abertura o membro da coordenação nacional da organização, Sergio Mauricio Pinto, leu o manifesto que discorre sobre o tema do evento: O Reino: um outro mundo é possível – O que cabe aos espíritas?

Veja abaixo a íntegra do texto referência do Encontro.
