Imagina então para os espíritas, de forma geral, que viveram para ver que aquela figura que parecia tão simpática na casa espírita, que dava passes de olhinhos fechados e conversava com os “irmãozinhos infelizes” na mediúnica enaltece a tortura, faz “arminha” com as mãos, difunde mentiras e preconceitos na internet e apoia o crime organizado. Um horror, um horror.
Por isso que esse movimento espírita fascista e reacionário já deu o que tinha para dar. Essas instituições faliram em suas propostas originais e tornaram-se apenas um arremedo daquilo que ensina o espiritismo.
E um novo movimento surge, vigoroso e pujante, para buscar propagar valores de fraternidade e justiça social propostos pelos ensinos de Jesus e dos espíritos que auxiliaram Kardec.
É o processo dialético da vida e das relações humanas: a velha estrutura precisa ruir com seus problemas e incoerências e dela, então, surgir uma nova realidade.
Publicado no Facebook em 11 de agosto de 2020
Da necessidade de um novo movimento espírita
Imagina então para os espíritas, de forma geral, que viveram para ver que aquela figura que parecia tão simpática na casa espírita, que dava passes de olhinhos fechados e conversava com os “irmãozinhos infelizes” na mediúnica enaltece a tortura, faz “arminha” com as mãos, difunde mentiras e preconceitos na internet e apoia o crime organizado. Um horror, um horror.
Por isso que esse movimento espírita fascista e reacionário já deu o que tinha para dar. Essas instituições faliram em suas propostas originais e tornaram-se apenas um arremedo daquilo que ensina o espiritismo.
E um novo movimento surge, vigoroso e pujante, para buscar propagar valores de fraternidade e justiça social propostos pelos ensinos de Jesus e dos espíritos que auxiliaram Kardec.
É o processo dialético da vida e das relações humanas: a velha estrutura precisa ruir com seus problemas e incoerências e dela, então, surgir uma nova realidade.
Publicado no Facebook em 11 de agosto de 2020
Permitido usar shortinho
Coluna Feminismos, por Elizabeth Hernandes
Espíritas à Esquerda é um dos muitos coletivos que ora estão propondo uma renovação no movimento espírita. Dentre os pontos a serem revistos, está o modo como o movimento tradicional trata a condição dos espíritos encarnados como mulheres.

No espiritismo tradicional, a mulher é sempre CIS, no sentido “senso comum” citado por Joana Burigo[1]: “confortable in skin”, traduzido livremente como “confortável na própria pele”. Mas a história é longa e apenas esse termo já rende muita discussão. Segundo Burigo, o “cis” dos estudos de gênero não vem do acrônimo de uma expressão coloquial e sim do prefixo latino que significa “do mesmo lado”, sendo usado em outras esferas da linguagem e não apenas no contexto dos estudos de gênero.
Segundo se percebe nos textos e ações do espiritismo tradicional, uma mulher, além de ter pele de mulher e, supostamente, estar confortável nesta, também deve atender a certos pré-requisitos. A ela é solicitado, por gentileza, que seja esteio –moral, emocional, econômico e quantos esteios se façam necessários– do lar, do ambiente de trabalho, do centro espírita, do condomínio, da comunidade etc. Melhor ainda que seja a imagem da renúncia e do trabalho incansável, preferencialmente não remunerado. Que seja uma personagem abnegada, caridosa, modesta, recatada e silenciosa. A recompensa virá no futuro.
Ocorre que os espíritos encarnam e reencarnam na condição de mulher e parece que essas recompensas nunca chegam ou que o mérito nunca é suficiente. Seria a promessa do Reino válida apenas para quem reencarna no gênero masculino?
Esta coluna vai tratar de assuntos relacionados ao feminismo e ao feminino, na acepção construída por Márcia Tiburi[2]: “O que eu chamo de feminino? A construção dos ideais da masculinidade que pesam sobre as mulheres: maternidade, sensualidade, formas corporais, gênero, gestos, papéis. Eu penso a teoria feminista como um gesto feminista de desconstrução que tem que passar pela desconstrução do feminino. A liberdade real das mulheres –travestis, transhomens e todo mundo– surge desse processo. Por que as pessoas precisam ser femininas? Não precisam. Mas ‘quem’ precisa que outra pessoa seja feminina??? Esta é uma pergunta melhor… Já o feminismo, eu o defendo sempre. E assumo o meu como um desejo de dialogar com o mundo em defesa da singularidade de cada pessoa, no qual estejam inclusas mulheres em sua pluralidade radical.”
É isso. Essa coluna terá como objetivo apresentar artigos, crônicas, poesias, reflexões, questionamentos, entrevistas e o que mais for possível sobre “defesa da singularidade de cada pessoa, no qual estejam inclusas mulheres em sua pluralidade radical.”[2]
Será editada por uma especialista em ser mulher, que se esforça em permanecer do próprio lado.
A ideia surgiu de uma discussão no Coletivo Nacional Espíritas à Esquerda (e como se discute, em coletivo, né?). Entretanto, a pessoa convidada para editar a coluna (esta que ora vos escreve) não tem tempo para abraçar mais uma tarefa. Alguma mulher se identifica com isso?
Ocorre que as questões femininas são tão urgentes e diárias que… a coluna surge assim mesmo, sem tempo. E a urgência do momento foi ditada pela notícia acerca de um “Conselho de Mulheres” de um condomínio de bairro de classe média, em Brasília. Esse “Conselho” enviou correspondência a uma moradora, com uma “solicitação de vestuário apropriado”. O texto pede que a moça não use “vestes que não sejam bermudas ou roupas mais adequadas”. A justificativa é que a vizinha estava fazendo os casais se sentirem constrangidos.[3]
Esta notícia é um berro sobre a necessidade de estudarmos, discutirmos e praticarmos o feminismo.
Talvez alguém proponha uma passeata em frente ao prédio, com muitas mulheres usando shortinho. Talvez haja reações agressivas ou de apoio. O modo de agir dos Espíritas à Esquerda é sempre na linha do mestre Paulo Freire[4] e pode ser passeata quando for possível e decidido coletivamente. As mulheres desse tal “Conselho”, que se arrogam o direito de determinar como uma “outra” mulher deve-se vestir, precisam ser defendidas delas mesmas, em primeiro lugar e a melhor defesa é… estudo, reflexão, diálogo (dialética também, mas isso fica pra outro dia, quem sabe). Então nasce essa coluna: Permitido Usar Shortinho.
É necessário defender as mulheres que usam shortinhos e também as que não usam, pelo menos de dois em dois minutos, tempo médio de registro de agressões que se enquadram na Lei Maria da Penha[5].
Notas.
[1] https://www.cartacapital.com.br/…/mulher-cis-e-a…/
[2] https://revistacult.uol.com.br/…/diferenca-entre…/
[3] https://g1.globo.com/…/vizinhas-mandam-mensagem-para…
[4] https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/…/art…/view/10398
[5] https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia…/
Teocracia Fundamentalista Evangélica do Brasil

Em torno de um “Espiritismo da Libertação”
Poder-se-ia dizer que ambos –a Teologia da Libertação e o Espiritismo Progressista– apostam numa construção societária inspirada na ética comunista do cristianismo primitivo, tal como descrito, por exemplo, nos Atos (2:44-45): “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.”
Por outro lado, é inspirador para os espíritas progressistas acusar nos escritos dos teólogos da libertação e na prática das comunidades eclesiais de base, uma compreensão da vivência da espiritualidade como necessariamente relacionada à transformação do “pecado estrutural” do capitalismo, produtor de injustiças sociais (lembrando que disso derivaram, por exemplo, o MST e o PT).
Eis o horizonte inspirador de um espiritismo que se quer progressista e, nisso, assume como tarefa buscar um modo de relacionamento mutuamente emancipador com as camadas populares de trabalhadores e trabalhadoras, superando o já tão criticado “assistencialismo” do movimento espírita tradicional e mesmo seu elitismo cultural.
Enfim, por aí vai-se longe.
Mas por último gostaria de frisar outro ponto importante: é que o espírito ecumênico que vigora no Cristianismo de Libertação deve contar com a participação cada vez mais decidida do contingente espírita, pois parece que, assim como aposta Leonardo Boff, Kardec e outros, a via da religião do futuro será o ecumenismo e, nisso, a presença do espiritismo prestaria um contributo fundamental ao mesmo passo que, dialogicamente, se enriqueceria com a experiência das outras denominações cristãs, todas ativamente engajadas na produção de uma sociedade de justiça, pós-capitalista.
Assim sendo, sem querer apostar muito ou lutar por conceitos, mas gostando de fazê-lo em nome mesmo da festa criadora da escrita, pode-se despontar um “Espiritismo da Libertação”, fruto dessa lufada de ares novos hoje possível graças à des-graça da situação sociopolítica brasileira (e mundial!) em que caímos nos últimos anos.
Por Tovar Júnior
Publicado no Facebook em 05 de agosto de 2020 Os espíritas não têm – e nem precisam ter – respostas sobre tudo

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